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janeiro 2020

Doença de Niemann-Pick tipo C: apraxia do olhar e ataxia recessiva.

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A doença de Niemann-Pick é um grupo de condições genéticas que afetam múltiplos órgãos de um indivíduo. Considera-se como um erro inato do metabolismo. Neste grupo, dependendo dos sinais e sintomas, além da base genética, divide-se em doença de Niemann-Pick tipo A, tipo B e tipo C. A doença de Niemann-Pick tipo A e B será abordada em um segundo texto.

A doença de Niemann-Pick tipo C apresentam-se com uma gama de sinais e sintomas,  diminuem a qualidade de vida do indivíduo. Subdivide-se em tipo C1 e C2, pois são causados, respectivamente, por mutações nos genes NPC1 e NPC2.

As crianças com doença de Niemann-Pick tipo C, podem manifestar seus sinais e sintomas na infância, a qualquer momento.

O quadro neurológico é bem complexo. O quadro pode iniciar com dificuldade de coordenação do movimento, a ataxia. Também pertence ao grupo denominado de ataxias recessivas. A pessoa com doença de Niemann-Pick tipo C apresenta-se com a incapacidade de movimentar os olhos verticalmente, pois apresenta paralisia do olhar supranuclear vertical ou mais simplemente chamado de apraxia do olhar vertical.

Além disso, muitas pessoas com doença de Niemann-Pick tipo C apresentam-se com problemas na fala e deglutição, com piora progressiva com o tempo, interferindo eventualmente na alimentação.

O quadro hepático é ainda mais grave, com aumento no tamanho do fígado e do baço, também conhecida como hepatoesplenomegalia. Também observa-se doença hepática grave. Neste ponto, muitos médicos podem confundir com doenças infecciosas, como a esquistossomose.

Quanto ao desenvolvimento, crianças com a doença de Niemann-Pick tipo C, apresentam-se com desenvolvimento normal, até o aparecimento dos sintomas. A partir daí, inicia-se um quadro de involução neuropsicomotora e declínio progressivo da função intelectual, ou seja, perda progressiva das habilidades deixa de andar, deixa de falar, perde o sustento do corpo ao sentar.

A doença de Niemann-Pick tipo C é uma das poucas doenças genéticas em que apresenta um tratamento específico, com a terapia de redução de substrato para tratamento de erros inatos do metabolismo.

O ideal, sempre frente a um caso com suspeita de doença de Niemann-Pick tipo C, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

Terapia de redução de substratos: uma nova abordagem para as doenças lisossômicas

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Quando se fala em tratamento de doenças raras, apenas uma minoria apresenta tratamento específico. Estou falando, especificamente dos erros inatos do metabolismo. Dentro deste grupo, há as doenças de depósito lisossômico.

No grupo das doenças de depósito lisossômico há a doença de Gaucher, uma das doenças que possuem um leque de possibilidades terapêuticas. A primeira foi à terapia de reposição enzimática, em que com uma substancia sintética, mimetiza a enzima do indivíduo, e substitui.

Entretanto, o tratamento é dispendioso, caso, e requer sala de infusão, visto que são drogas altamente específicas e injetáveis. Com os estudos, observou-se que em vez de repor a enzima que falta, e sim tentar diminuir o substrato, foi com isto que surgiu a terapia de redução de substratos, com medicamento oral em vez de injetável.

No caso da terapia de redução de substrato, há inibidores de pequenas moléculas da biossíntese de glicolipídeos são usados para diminuir a taxa de acúmulo do substrato. Tentando, dessa forma, restaurar o equilíbrio metabólico. Doença de Niemann-Pick tipo C e a doença de Fabry foram outras doenças beneficiadas com a tecnologia da redução de substrato. Na doença de Niemann-Pick tipo C, os inibidores da biossíntese de glicolípideos diminuem a quantidade substrato que se acumulam no cérebro. Como terapia que visa retardar a progressão da doença.

Como todo tipo de medicação, a terapia de redução de substrato podem apresentar efeitos colaterais e não devem ser administrados sem consultar um médico.

O acompanhamento com médico geneticista durante o tratamento de doenças raras é imprescindível. Este, além de indicar a medicação correta, irá avaliar a eficácia, bem como se há ou não observação de efeitos colaterais do medicamento.

Doença de Gaucher:
uma doença rara tratável

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A doença de Gaucher é uma condição geneticamente determinada que acomete o indivíduo como um todo. Dois indivíduos diagnosticados com a doença de Gaucher podem apresentam os sinais e sintomas diversos. 

A doença de Gaucher é classificada em três tipos, de acordo com suas características e sintomatologia.

A forma mais comum é a doença de Gaucher tipo 1 ou não neuropática. A principal característica é que o sistema nervoso central não é afetado, podendo os sinais e sintomas se manifestarem a qualquer idade e em qualquer gravidade.

A principal característica é o tamanho do fígado e do baço aumentado, também conhecido como hepatoesplenomegalia e manifestações hematológicas. Inclui-se anemia (um baixo número de glóbulos vermelhos), trombocitopenia (diminuição das plaquetas sanguíneas) manifestada por contusões fáceis (“roxos pelo corpo”)

Na doença de Gaucher tipo 1, a presença de doença pulmonar e anormalidades ósseas, como dor óssea, fraturas e artrite.

A doença de Gaucher tipo 2 e a tipo 3 apresenta-se com manifestações de sistema nervoso central. Também são conhecidas como formas neuropáticas. Podem manifestar-se com movimentação ocular anormal, convulsão e danos cerebrais. O tipo 2 apresenta-se com progressão mais rápida que a tipo 3.

Existe ainda a doença de Gaucher forma letal perinatal, esta se manifesta desde antes do nascimento aos primeiros dias de vida, com alta letalidade. Manifesta-se com hidropisia fetal não imune (inchaço ou edema generalizado), pele seca e escamosa (ictiose). Além de hepatoesplenomegalia, características faiais e alteração neurológica.

Há uma forma que afeta principalmente o coração, chamada doença de Gaucher cardiovascular, em que ocorre endurecimento das válvulas cardíacas afetando diretamente a função de bombeamento de sangue do coração. Podem apresentar ainda baço aumentado, alteração ocular e doença óssea.

A doença de Gaucher é uma das poucas doenças raras com tratamento específico: terapia de reposição enzimática e terapia de redução de substrato.

O ideal, sempre frente a um caso com suspeita de doença de Gaucher, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

Doença de Niemann-Pick tipo B: sinais e sintomas mais brandos.

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A doença de Niemann-Pick é um grupo de condições genéticas que afetam múltiplos órgãos de um indivíduo. Considera-se como um erro inato do metabolismo. Neste grupo, dependendo dos sinais e sintomas, além da base genética, divide-se em doença de Niemann-Pick tipo A, tipo B e tipo C. A doença de Niemann-Pick tipo A e C será abordada em um segundo texto.

A doença de Niemann-Pick tipo B apresentam-se com uma gama de sinais e sintomas,  diminuem a qualidade de vida do indivíduo.

Diferentemente do que ocorro com a doença de Niemann-Pick tipo A, que logo nos primeiros meses de vida manifestam-se os sinais e sintomas. Na doença de Niemann-Pick tipo B, estes se manifestam após o primeiro ano de vida.

Crianças com doença de Niemann-Pick tipo B manifestam-se com sinais e sintomas não tão graves, se comparado ao tipo A. Apresentam-se, também, com aumento no tamanho do fígado e do baço, também conhecida como hepatoesplenomegalia. Neste ponto, muitos médicos podem confundir com doenças infecciosas, como a esquistossomose.

Alterações pulmonares são comuns na doença de Niemann-Pick tipo B. As crianças podem apresentar alteração pulmonar generalizada, com doença pulmonar intersticial. Estas alterações podem se manifestar, desde infecções pulmonares recorrentes e até mesmo insuficiência respiratória. Também é frequente a presença de trombocitopenia, ou seja, plaquetas baixas.

Em alguns indivíduos com doença de Niemann-Pick tipo B podem apresentar com baixa estatura, e atraso de idade óssea. Entende-se atraso de idade óssea a mineralização lenta do osso, e é observada na radiografia de punho esquerdo. Em um terço dos casos está descrito regressão neurológica.

Uma característica presente em um terço das crianças com doença de Niemann-Pick tipo B é a presença de mancha vermelho-cereja no fundo de olho. Quando é feita a avaliação oftalmológica, observa-se o achado da mancha vermelho-cereja, este sinal não é patognomônico, visto que outros erros inatos do metabolismo apresentam este sinal.

A doença de Niemann-Pick tipo B é muito mais branda que o tipo A, e geralmente os casos sobrevivem à idade adulta.

O ideal, sempre frente a um caso com suspeita de doença de Niemann-Pick tipo B, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

Doença de Fabry: depósito lisossômico e insuficiência renal

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A doença de Fabry é uma condição geneticamente determinada, pertencente aos erros inatos do metabolismo. Possui como principal mecanismo: o deposito lisossômico da globotriaosilceramida. Este se acumula nos lisossomos devido a problemas na produção da enzima α-galactosidase A.

O acumulo desta substancia tóxica nas células faz com que a doença se manifeste. Com o acúmulo do deposito lisossômico, faz com que, a partir da infância, iniciem-se os sintomas e sinais da doença de Fabry.

Os principais sintomas da doença de Fabry é o episódio de dor que vem e vai, principalmente nos pés e nas mãos, também conhecido como acroparestesias. Além disso, meninos com doença de Fabry podem apresentar manchas vermelhas escuras na pele, também conhecido como angioqueratomas.

Já foi descrito alterações no sistema gastrointestinal, além de zumbido e perda auditiva. Alguns homens com doença de Fabry podem apresentar hipohidrose, ou seja, diminuição na capacidade de suar, e consequentemente, necessitam de cuidados com o calor.

A principal preocupação com a doença de Fabry é o dano aos rins progressivo. Existem pessoas com doença de Fabry que evoluem para insuficiência renal e necessitam de transplante renal. Já foi descrito risco aumentado para infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico.

Mulheres portadoras da doença de Fabry podem manifestar desde sintomas muito leves, a apenas a córnea verticilata, ou seja, um tipo específico de opacidade na córnea. Vale ressaltar que a doença de Fabry apresenta padrão de herança ligada ao X recessivo, e em geral, apenas meninos apresentam o quadro clínico.

A doença de Fabry é uma das poucas doenças raras com tratamento específico: terapia de reposição enzimática.

O ideal, sempre frente a um caso com suspeita de doença de Fabry, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

A síndrome de Rett: alteração do desenvolvimento em meninas

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A síndrome de Rett é uma condição geneticamente determinada que afeta o cérebro, que ocorre quase que exclusivamente em meninas. Possui uma variabilidade genética ampla, mas normalmente está associada ao gene MECP2.

Dentro do espectro da síndrome de Rett, a forma mais comum e mais conhecida da condição é a síndrome de Rett clássica. A evolução é muito típica, após o nascimento, as meninas com síndrome de Rett clássica apresentam desenvolvimento normal nos dois primeiros anos de vida, antes do aparecimento dos sintomas.

Após este período inicial, referido como “normal”, as meninas com síndrome de Rett apresentam-se com problemas graves de linguagem e comunicação. Assim como, apresentam-se com problemas de aprendizado, coordenação e outras funções cerebrais.

Na primeira infância, as meninas com síndrome de Rett apresentam a perda intencional de suas mãos e iniciam com movimentos involuntários e repetitivos. Estes movimentos das mãos manifestam-se como torcer, lavar e bater palmas, normalmente seguindo a linha mediana do corpo.

Quanto ao crescimento, as meninas com síndrome de Rett apresentam-se com baixa velocidade de crescimento, além de mais da metade apresentam-se com microcefalia. Também é descrito sialorreia (cuspir ou babar em excesso), irritabilidade, convulsão, escoliose. Está descrito alteração em movimentação ocular, com olhar intenso ou piscar excessivo.

Existem formas da síndrome de Rett atípicas, incluindo-se as formas leves ou mais graves que a forma clássica. No espectro da síndrome de Rett, há outros genes que causariam o que se chama síndrome Rett-like (semelhante à Rett), inclusive podendo acometer meninos.

O ideal, sempre frente a um caso com suspeita de síndrome de Rett, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

Doença de Niemann-Pick tipo A: mancha vermelho-cereja e regressão neurológica

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A doença de Niemann-Pick é um grupo de condições genéticas que afetam múltiplos órgãos de um indivíduo. Considera-se como um erro inato do metabolismo. Neste grupo, dependendo dos sinais e sintomas, além da base genética, divide-se em doença de Niemann-Pick tipo A, tipo B e tipo C. A doença de Niemann-Pick tipo B e C será abordada em um segundo texto.

A doença de Niemann-Pick tipo A apresentam-se com uma gama de sinais e sintomas,  diminuem a qualidade de vida do indivíduo. Manifestam-se normalmente logo no primeiro ano de vida.

As crianças aos três meses de idade com doença de Niemann-Pick tipo A, não consegue ganhar peso e estatura. Apresentam-se, ainda,com aumento no tamanho do fígado e do baço, também conhecida como hepatoesplenomegalia. Neste ponto, muitos médicos podem confundir com doenças infecciosas, como a esquistossomose.

Quanto ao desenvolvimento, crianças com a doença de Niemann-Pick tipo A, apresentam-se com desenvolvimento normal, até cerca de 1 ano de idade. A partir daí, inicia-se um quadro de involução neuropsicomotora, ou seja, perda progressiva das habilidades deixa de andar, deixa de falar, perde o sustento do corpo ao sentar.

Alterações pulmonares são comuns na doença de Niemann-Pick tipo A. As crianças podem apresentar alteração pulmonar generalizada, com doença pulmonar intersticial. Estas alterações podem se manifestar, desde infecções pulmonares recorrentes e até mesmo insuficiência respiratória.

Uma característica presente nas crianças com doença de Niemann-Pick tipo A é a presença de mancha vermelho-cereja no fundo de olho. Quando é feita a avaliação oftalmológica, observa-se o achado da mancha vermelho-cereja, este sinal não é patognomônico, visto que outros erros inatos do metabolismo apresentam este sinal.

Pela gravidade da doença de Niemann-Pick tipo A, e pela demora no diagnóstico, muitas vezes, as crianças com quadro clínico sugestivo não sobrevive até a primeira infância.

O ideal, sempre frente a um caso com suspeita de doença de Niemann-Pick tipo A, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

Esclerose lateral amiotrófica e suas bases genéticas

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A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurológica progressiva que afeta o neurônio motor. Este tipo de célula está relacionada ao movimento do corpo, em especial ao músculo e são encontradas no cérebro e na medula espinhal.

Pessoas com a ELA apresentam-se com a morte prematura dos neurônios motores. Leva ao longo do tempo a fraqueza muscular, perda de massa muscular e perda do controle do movimento do corpo.

Existem muitos tipos diferentes de ELA. A maioria dos casos é uma doença esporádica, ou seja, não tem uma base genética definida. A ELA esporádica apresenta-se com características típicas, com a doença iniciando-se entre cinquenta e sessenta anos de idade. Apresenta-se com velocidade das comorbidades é rápida.

A ELA familiar ou genética é a forma mais rara da ELA. Menos de 10% de todos os pacientes com ELA apresenta-se com esta forma. Possui como característica a presença de histórico familiar com muitas pessoas com ELA.

A ELA familiar, os sintomas apresentam-se com dez anos antes da ELA esporádica, mas pode apresentar-se na infância ou na adolescência, a ELA juvenil.  Possui uma evolução mais lenta, e pode perdurar anos para a perda da movimentação dos membros.

Muitos dos pacientes com ELA apresentam os primeiros sinais e sintomas, mas por serem muito sutis, são passados desapercebidos. Apresentam-se com espasmos musculares, caibras, rigidez muscular ou fraqueza. Algumas pessoas podem apresentar disartria (dificuldade de articulação da fala) e até mesmo dificuldade de mastigar ou engolir (disfagia).

A perda do neurônio motores apresentam-se com o passar da progressão da ELA, e os braços e as pernas começam a parecer mais finos à medida que o tecido muscular se atrofia. Perdendo-se assim a força muscular e capacidade de caminhar.

Infelizmente, muitas pessoas com ELA tornam-se dependentes de cadeira de rodas e cada vez mais precisam de ajuda com cuidados pessoais e outras atividades da vida diária. Respirar torna-se difícil porque os músculos do sistema respiratório enfraquecem. Mas em ocasião nenhuma pode ser administrado oxigênio puro para estes pacientes.

Nos Estados Unidos e na Europa, o gene C9ORF72 representa 30-40% dos casos. O gene SOD1 apresentam 15-20% da ELA familiar, e os genes TARDBP e FUS a minoria dos casos. No Brasil, o principal gene relacionados a ELA familiar é o VAPB, em que causa uma forma tipicamente brasileira de ELA.

O ideal, sempre frente a um caso de ELA, em especial com histórico familiar, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

PGT-SR: conheça o teste genético pré-implantacional para alterações cromossômicas estruturais

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Antes de tudo, existem diversas alterações estruturais do cariótipo, a mais comum na avaliação de casais são as translocações equilibradas. Entende-se como translocação, a troca de um pedaço do cromossomo com outro, que para a pessoas portadora não ocorre absolutamente nada.

Entretanto, casais em que um ou os dois parceiros apresentam-se com uma translocação mas pode ocorrer nos filhos de ter um filho desbalanceado ou perda gestacional precoce.  Durante muito tempo, quando o geneticista avaliava estes casais apresentavam os riscos, mas não havia muito o que ser feito.

Para estes casais, está indicado a realização de exames invasivos (amniocentese e cordocentese) durante a gravidez, em caso de gestação natural. Em caso de perda gestacional, a realização do cariótipo dos restos ovulares. Por muito tempo estas foram as únicas possibilidades. Hoje, já é possível a realização de tecnologias de reprodução assistida para auxiliar estes casais.

Com a evolução dos testes genéticos e da reprodução humana assistida, é possível analisar todos os embriões do casal obtidos a partir de fertilização in vitro. A análise embrionária é resultado de um teste genético pré-implatacional para aneuploidias (PGT-SR), como se fosse o “cariótipo” do embrião. Embriões com cariótipo normal seriam transferidos para a futura mamãe.

Concomitantemente, pode-se garantir para este casal que não irá ocorrer a alteração desbalanceada bem como aneuploidias, de gestações provenientes de embriões cromossomicamente normais.

De qualquer forma, converse com o seu médico antes de fazer quaisquer testes genéticos no embrião, bem como quais os benefícios da técnica utilizada, para que a escolha do teste correto seja feita baseada em evidências científicas.

Limites éticos da análise embrionária e do teste genético em embriões

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Antes de tudo, este artigo é baseado em documentos oficiais das sociedades científicas internacionais relativas a reprodução assistida. Não irei levar em consideração diferentes religiões, histórias de vida e questões morais inerentes a sociedade brasileira.

A análise embrionária com os testes genéticos pré-implantacionais fazem parte do cotidiano de reprodução humana e genética médica. De certa forma, quando se fala em questões bioéticas, considera-se alguns fatores, e principalmente os quatro princípios da bioética.

A sociedade americana de medicina reprodutiva (ASRM) preconiza que deve ser oferecido o teste genético pré-implantacional para aneuploidias (PGT-A) a todos os casais em que a idade materna é superior a 35 anos. A partir do teste, nunca deve-se implantar o embrião alterado.

Para as doenças monogênicas, esta mesma sociedade preconiza que doenças monogênicas, como a anemia falciforme e a fibrose cística, pode ser oferecido ao casal o teste genético pré-implantacional para doenças monogênicas (PGT-M). Doenças com penetrância incompleta, como a síndrome de câncer de mama e ovário hereditário e angioedema hereditário, pode ser oferecido esta mesma tecnologia.

Em casais que um dos parceiros apresenta uma translocação equilibrada, também pode ser oferecido o teste genético pré-implantacional para alterações cromossômicas estruturais (PGT-SR). Semelhante ao PGT-A, observa-se as aneuploidias e além disso as alterações no embrião proveniente da translocação.

Obedecendo ao princípio da autonomia do sujeito e o fundamento principal do aconselhamento genético, observa-se que o casal tem o direito de poder escolher se irá ou não realizar o teste genético. A beneficência está bem claro, pois a partir daquela geração, não mais ocorrerá a doença genética previamente descrita na família bem como reduziria o risco de ocorrência de doenças genéticas no futuro bebê.

A equidade e a justiça estão intimamente ligados, visto que as técnicas de análise embrionária não são para todos os casais que desejam ter filhos. Há indicações formais para se fazer ou não. A não maleficência, por si só, avaliando-se o casal, a técnica não traz prejuízos para o casal, bem como ao embrião.

De qualquer forma, converse com o seu médico e realize o aconselhamento genético antes de fazer quaisquer teste genético no embrião, bem como quais os benefícios da técnica, para que a escolha do teste correto seja feita baseada em evidências científicas.

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