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abril 2019

Terapia gênica, tratamento para doenças genéticas ainda experimental, que visa utilizando um vetor (vírus), a mudança de um gene mutado por um gene saudável

Terapia gênica e o tratamento para doenças genéticas

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Infelizmente, muitas condições geneticamente determinadas não possuem um tratamento específico. Algumas condições requerem mudança de dieta, como a doença da urina da xarope do bordo ou terapia de reposição enzimática nos erros inatos do metabolismo.

A terapia gênica é uma técnica ainda experimental. A ideia deste tipo de terapia seria utilizar os genes para tratar ou prevenir doenças. Num futuro próximo, a terapia gênica pode permitir o tratamento de doenças geneticamente determinadas inserindo o gene normal nas células do paciente.

Existem várias abordagens para proporcionar terapia genética, incluindo:

  • Substituição um gene alterado que causa doença, por uma cópia saudável do gene;
  • Inativação do gene mutado que está funcionando incorretamente;
  • Introdução um novo gene no corpo para ajudar a combater uma doença.

Do ponto de vista teórico, a terapia genética é projetada para introduzir material genético nas células para compensar genes anormais ou para produzir uma proteína benéfica, diferentemente da técnica da Crisper Cas9.

A terapia gênica, a partir da introdução da cópia normal do gene, faz com que se restaure a função da proteína. Utilizando-se um transportador, chamado vetor geneticamente modificado, para entregar o gene normal.

Este vetor são certos vírus modificados, para que não cause doenças quando usados ​​em pessoas. O vetor pode ser injetado ou administrado por via intravenosa (IV) diretamente em um tecido específico do corpo, onde é absorvido por células individuais.

Se o tratamento for bem sucedido, o novo gene entregue pelo vetor fará uma proteína funcional. As pesquisas estão avançando e avaliando a segurança da terapia genética. Existem estudos que mostraram que essa abordagem pode ter riscos de saúde muito graves, como toxicidade, inflamação e câncer.

A terapia gênica é relativamente nova. Por isso, alguns dos riscos podem ser imprevisíveis; pesquisas tentam garantir que a utilização da terapia gênica seja o mais segura possível.

Apesar de promissora, a terapia gênica permanece arriscada e ainda está em fase de estudo para garantir que ela seja segura e eficaz. Como sempre falo, todo tratamento deve-se pesar risco e benefício, se o risco for maior que o benefício não deve ser realizado.

Antes de iniciar qualquer tratamento experimental, por mais promissor que seja, procure um médico geneticista para verificar se este tratamento é indicado para o seu caso, além de avaliação de risco-benefício.

síndrome de phelan-mcdermid del22q13.3 cromossomo 22 em anel deleção 22 distal deleção 22q13.3

Síndrome de Phelan-McDermid: deleção 22q13.3 distal

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A síndrome da deleção do braço longo do cromossomo 22 (22q) é um complexo de condições, incluindo a síndrome de DiGeorge e a síndrome de Phelan-McDermid. A perda de um pedaço distal do braço longo do cromossomo 22 pode ocorrer a síndrome de deleção 22q13.3, também conhecida como síndrome de Phelan-McDermid.

A síndrome de Phelan-McDermid é uma condição geneticamente determinada, pela causado pela perda de um pequeno pedaço do cromossomo 22. A perda da região distal denominada 22q13.3 leva a uma síndrome de deleção de genes contíguos nesta região. Também está descrito a presença de cromossomo 22 em anel em alguns casos.

A síndrome de Phelan-McDermid apresentam características envolvendo diversas regiões do corpo. A principal característica é o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, diminuição do tônus muscular (hipotonia) e a deficiência intelectual, sendo uma das causas relativamente mais comuns.

Além do comprometimento cognitivo, algumas pessoas com síndrome de Phelan-McDermid podem apresentar sintomas do transtorno do espectro autista (TEA). Com isto pode ocorrer diminuição do contato visual, estereotipias, comportamentos agressivo e sensibilidade a toque e ao barulho. Também podem apresentar convulsões.

Já foi relatado na síndrome de Phelan-McDermid diminuição da sensibilidade a dor. Alguns podem apresentar diminuição da sudorese, sendo necessário cuidado com superaquecimento e desidratação. Já foi relatado doença do refluxo gastroesofágico e alguns apresentam episódios de vômitos e náuseas (vômitos cíclicos).

Do ponto de vista de características, a síndrome de Phelan-McDermid apresenta dismorfismos característicos. Inclui-se fácies típica: face alongada e estreita, ptose (pálpebras caídas) com olhos profundos, orelhas proeminentes e queixo pontudo.

Também foram observadas outras características físicas incluindo mãos e pés grandes, uma fusão do segundo e terceiro dedos (sindactilia) e unhas dos pés pequenas ou anormais. Alguns indivíduos afetados podem apresentam crescimento rápido (acelerado).

O ideal para a solicitação dos exames corretos, a definição diagnóstica, bem como a realização do aconselhamento genético é a avaliação genético-clínica com um médico geneticista.

O câncer de ovário e câncer hereditário câncer de mama e ovário hereditário gene BRCA1 BRCA2

O câncer de ovário e câncer hereditário

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Quando se ouve falar em câncer hereditário, sempre se fala nas síndromes de predisposição ao câncer, em especial a síndrome de Li-Fraumenni, o câncer gástrico difuso hereditário e o câncer de mama e ovário hereditário.

No complexo do câncer de mama e ovário hereditário, muito se fala sobre o câncer de mama, inclusive há um mês (outubro-rosa) de conscientização para este câncer, entretanto pouco se fala sobre câncer de ovário.

O câncer de ovário é uma doença que afeta as mulheres. Neste, certas células do ovário se tornam anormais e se multiplicam incontrolavelmente para formar um tumor. Os ovários são os órgãos reprodutivos femininos em que as células do óvulo são produzidas. Em cerca de 90% dos casos, ocorre após os 40 anos, em especial após os 60 anos.

Nos critérios de pesquisa de câncer hereditário, um dele seria aparecimento de câncer raro, sendo o câncer de ovário uma de suas indicações. Enquanto o câncer de mama é o mais comum nas mulheres, menos de 1% das mulheres irão desenvolver este tipo de tumor.

Alguns tipos de câncer de ovário podem se manifestar em grupamentos dentro de uma mesma família. O câncer hereditário hereditários está associados a mutações genéticas, em especial aos genes BRCA1 e BRCA2. A idade de aparecimento do câncer de ovário na sua forma hereditária é em torno da terceira e quarta década de vida.

Em seus estágios iniciais, o câncer de ovário geralmente não causa sintomas perceptíveis. Infelizmente não há rastreamento eficaz para este tipo de câncer, a ultrassonografia transvaginal, quanto se suspeita da condição, já está em estado avançado.

À medida que o câncer avança, podem aparecer sinais e sintomas. Porem estes são inespecíficos, e muitas confundem-se com outras doenças mais comuns. Apresentar esses sintomas não significa que uma mulher tenha câncer de ovário.

Exemplos de sintomas associados: dor ou sensação de peso na parte inferior do abdômen, inchaço, sensação de saciedade ao comer, dor nas costas, sangramento vaginal entre períodos menstruais ou após a menopausa ou mudanças nos hábitos urinários ou intestinais.

O câncer de ovário pode ser difícil de tratar, visto que, muitas vezes, é diagnosticado tardiamente. O ideal é sempre realizar acompanhamento periódico com ginecologista, e em caso de muitos familiares com câncer, buscar um médico geneticista para realização do aconselhamento genético.

Epigenética o que é? Como funciona a epigenética?

O que é a epigenética? Como funciona a epigenética?

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Com a evolução da genética, ocorreu a ascendência de áreas da genética que estudam temas específicos. A atividade gênica pode ser afetada por modificações da estrutura do DNA que, entretanto, não alteram a sequência de DNA podem afetar a atividade gênica.

Estas alterações da estrutura do DNA podem ser compostos químicos que são adicionados a genes únicos podem regular sua atividade. O estudo dessas modificações da estrutura do DNA é conhecida como a epigenética, e estas alterações são denominadas alterações epigenéticas.

O epigenoma é o conjunto de todos os compostos químicos que foram adicionados à totalidade do DNA (genoma) como forma de regular a atividade (expressão) de todos os genes dentro do genoma. Compostos químicos do epigenoma estão ligados ao DNA e não fazem parte da sua sequência.

O meio externo ao indivíduo apresenta influências ambientais, como a dieta de uma pessoa e a exposição a agrotóxicos, poluentes. Estes fatores também podem afetar o epigenoma. Modificações epigenéticas permanecem enquanto as células se dividem e, em alguns casos, podem ser herdadas através das gerações.

As alterações epigenéticas podem ajudar a determinar se os genes são ativados ou desativados e podem influenciar a produção de proteínas em certas células.  Garantem, dessa forma, que apenas as proteínas necessárias sejam produzidas.

Padrões de modificação epigenética variam entre indivíduos, diferentes tecidos dentro de um mesmo indivíduo e até em células diferentes.

A metilação é a forma mais comum de modificação epigenética. A metilação envolve a ligação de pequenas moléculas chamadas grupos metil, cada qual consistindo de um átomo de carbono e três átomos de hidrogênio, para segmentos do DNA. Quando grupos metil são adicionados a um gene particular, esse gene é desligado ou silenciado, e nenhuma proteína é produzida a partir desse gene.

O principal exemplo de metilação é o que ocorre na síndrome de Prader-Willi e na síndrome de Angelman. Em que o gene é silenciado, SNRP1 e UBE3A respectivamente, a partir dos grupamentos metil.

Outras condições, incluindo cânceres, distúrbios metabólicos e distúrbios degenerativos já foram todas relacionadas a alterações epigenéticas desde a célula quanto ao individuo.

Apesar de citado, a epigenética não age com mudança de características físicas do indivíduo. Por exemplo, mães em que receberam doação de óvulo não passam suas variantes genéticas e consequentemente suas características físicas para seus filhos. Entretanto fazer parte de uma família ou de um grupo social molda a personalidade do indivíduo.

Vale ressaltar que os fenômenos epigenéticos é um desafio, e nem sempre é possível obter uma resposta clara quanto a sua ocorrência. Sempre falo a importância do aconselhamento genético para compreensão dos fenômenos de epigenética.

síndrome de asperger autismo de alto funcionamento transtorno do espectro autista TEA

Síndrome de Asperger: conheça o autismo de alto funcionamento

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Dentro do transtorno do espectro autista (TEA), existe o autismo clássico e o autismo de alto funcionamento. Este compreende a síndrome de Asperger. A síndrome de Asperger faz parte do complexo que é denominado transtorno global do desenvolvimento.

A síndrome de Asperger é uma condição que afeta principalmente o desenvolvimento. Apresenta-se por alterações neurológicas caracterizadas por um maior ou menor grau de comprometimento nas habilidades sociais, de linguagem e comunicação. Podem apresentar padrões repetitivos ou restritivos de pensamento e comportamento.

Difere-se do autismo clássico, pois, indivíduos com síndrome de Asperger mantêm suas habilidades iniciais de linguagem, no autismo clássico manifesta-se inicialmente, antes dos três anos de idade, com ausência total de linguagem.

O sintoma mais característico da síndrome de Asperger é o interesse muito grande, quase obsessivo, em um único objeto ou temática, com a exclusão de qualquer outro. Por exemplo, pessoas com síndrome de Asperger querem saber tudo sobre um assunto de interesse. Muitas vezes as suas conversas são restritas a estes assuntos.

Considera-se a síndrome de Asperger como autismo de alto funcionamento. Dessa forma, o indivíduo apresenta-se perito em determinado assunto e o alto nível de vocabulário (termos utilizados) e padrões formais de fala fazem com que pareçam pequenos professores.

Apresentam-se também, como características da síndrome de Asperger: rotinas ou rituais repetitivos; peculiaridades na fala e linguagem; comportamento social e emocionalmente inadequado e a incapacidade de interagir com sucesso com os pares; problemas com comunicação não verbal; e movimentos motores desajeitados e descoordenados.

As pessoas com síndrome de Asperger são isoladas devido à sua inabilidade social e interesses limitados. Existem indivíduos que conseguem se aproximar de outras pessoas, mas não conseguem desenvolver conversação normal por meio de comportamento inadequado ou excêntrico, ou por querer apenas falar sobre seu interesse singular.

Quanto a abstração, tanto o autismo clássico quanto o autismo de alto funcionamento na síndrome de Asperger apresentam-se com sua ausência. Ou seja, as palavras são utilizadas ao pé da letra, por exemplo: pé da cadeira, chuva de canivete. Estas pessoas não conseguem verificar o sentido figurado da frase.

As pessoas com síndrome de Asperger podem apresentar atraso no desenvolvimento de habilidades motoras: pegar uma bola, escalar um equipamento de brincar ao ar livre ou pedalar uma bicicleta. Muitas vezes apresentam-se como pessoas desajeitadas e mal coordenadas.

Gosto sempre de colocar exemplos, para conhecer mais sobre a síndrome de Asperger: indico o filme ADAM (2009). Para o autismo clássico, indico o filme argentino: Farol das Orcas (2016). Em ambos os filmes é possível observar todo o comportamento do protagonista, bem caracterizado pelos atores. Apesar de noticiado, o jogador Messi nunca apresentou nenhum quadro que remeta a síndrome de Asperger ou transtorno do espectro autista (ver link)

O ideal, antes de qualquer suspeição desta condição, necessita-se de avaliação com equipe multiprofissional, incluindo o psiquiatra, neurologista, neuropsicólogo e médico geneticista. Vale ressaltar a importância do diagnóstico correto para que possa ser realizado o posterior aconselhamento genético.

Galactosemia aumento galactose teste do pezinho triagem neonatal

Galactosemia e o aumento da galactose no bebê

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Dentre os erros inatos do metabolismo tratáveis, que estão na triagem neonatal inclui-se a galactosemia. A galactosemia é uma condição que afeta como o corpo processa um açúcar simples chamado galactose, presente em pequena quantidade em muitos alimentos.

A lactose quando quebrada é dividida em glicose e galactose. É encontrada em leite e derivados e em muitas fórmulas infantis. A galactose, dentro da célula, é metabolizada, a partir de enzimas, em especial a galactose-1-fosfato-uridiltransferase. Difere da intolerância à lactose, pois nesta o corpo não consegue digerir no sistema digestivo a lactose da leite.

Quando há aumento da galactose, ou seja, os valores de galactose estão muito acima dos valores de referencia, pode ser sinal da galactosemia. Pessoas com galactosemia são incapazes de usar a galactose para produzir energia.

A galactosemia possui um padrão de herança autossômico recessivo. Ou seja, significa que ambas as cópias do gene (alelos) de um indivíduo têm mutações. Os pais são obrigatoriamente portadores de uma cópia do gene mutado, mas eles normalmente assintomáticos.

Existem vários subtipos de galactosemia. Esta é causada por mutações em um determinado gene, sendo o mais comum o gene GALT. Afetando diferentes enzimas envolvidas na quebra da galactose.

A galactosemia clássica (tipo I) é a forma mais comum e mais grave da doença. Se o indivíduo não iniciar o tratamento com uma dieta de baixa galactose, complicações com risco de vida aparecem dentro de alguns dias após o nascimento.

Os bebês com galactosemia apresentam dificuldades de alimentação, falta de energia (letargia), baixo ganho ponderoestatural, com dificuldade de ganho de peso. Pode aparecer amarelecimento da pele e da esclera dos olhos (icterícia), danos ao fígado e sangramento anormal.

Existem outras complicações ainda graves desta condição, que podem incluir infecções bacterianas (sepse). As crianças afetadas podem apresentar de atraso no desenvolvimento, dificuldades de fala e deficiência intelectual e turvação da lente do olho ou catarata.

As mulheres com galactosemia clássica podem desenvolver problemas reprodutivos causados ​​por uma perda precoce da função dos ovários (falência ovariana prematura).

Existe a galactosemia tipo II e o tipo III. Estas estão relacionadas com deficiência de outras duas enzimas a galactoquinase e a galactose epimerase, respectivamente.  Diferem entre si quanto a sinais e sintomas.

A galactosemia tipo II causa menos problemas médicos do que o tipo clássico. Os bebês afetados desenvolvem catarata, mas, por outro lado, apresentam poucas complicações além disso.

Já na galactosemia tipo III, pode-se manifestar desde leve a grave e podem incluir catarata, atraso no crescimento e desenvolvimento, deficiência intelectual, doença hepática e problemas renais.

Portanto, a qualquer sinal de suspeita de galactosemia no teste do pezinho, deve-se encaminhar ao médico geneticista. Este irá realizar o diagnóstico correto, bem como iniciar a terapêutica e o aconselhamento genético.

Neuromielite ótica doença autoimune

Neuromielite ótica: conheça esta doença rara autoimune

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A neuromielite ótica é uma condição rara, autoimune, que afeta os nervos dos olhos e o sistema nervoso central, que inclui o cérebro e a medula espinhal. Entende-se como condição autoimune, aquela em que o sistema imunológico apresenta funcionamento inadequado; e ataca os tecidos e órgãos do próprio corpo.

A neuromielite ótica ocorre o ataque do sistema imunológico ao sistema nervoso do próprio indivíduo. Com isto, ocorre a inflamação dos nervos, e o dano resultante leva aos sinais e sintomas da doença.

A neuromielite ótica caracteriza-se por neurite ótica. A neurite ótica é a inflamação do nervo ótico. Este é responsável por transportar informações do olho para o cérebro. A neurite óptica pode levar a dor ocular e perda de visão, que pode ocorrer em um ou ambos os olhos.

Na neuromielite ótica também pode apresentar mielite transversa. A mielite é a inflamação da medula espinhal. A inflamação decorrente ao ataque imunológico contra a medula espinhal causa uma lesão que frequentemente se estende ao comprimento de três ou mais vertebras da coluna.

Além disso, ocorre o dano a bainha de mielina. Esta reveste e protege os neurônios, promovendo a transmissão eficiente dos impulsos nervosos. A mielite transversa apresenta-se com sintomas relacionados a fraqueza, dormência e paralisia dos braços e pernas, levando o indivíduo a utilização de cadeira de rodas.

O dano da medula espinhal pode levar a alteração nas sensações (parestesias), perda do controle da bexiga e do intestino, soluços incontroláveis ​​e náusea. Além disso, com a presença de fraqueza muscular, pode tornar a respiração difícil (dispneia) e pode causar insuficiência respiratória.

Existem duas formas de neuromielite ótica: a forma recidivante ou recorrente; e a forma monofásica. A forma recorrente é mais comum.

A forma recidivante é intermitente, ou seja, apresenta-se por episódios recorrentes de neurite ótica e mielite transversa. Estes podem apresentar meses ou anos assintomático, e geralmente há recuperação parcial entre os episódios.

Na forma redicivante, os indivíduos mais afetados, eventualmente, apresentam fraqueza muscular permanente e comprometimento da visão que persistem mesmo no período assintomático. Esta forma acomete, aproximadamente, nove vezes mais mulheres do que homens.

A forma incomum é a monofásica. Apresenta-se com um único episódio de neuromielite ótica, em que apresenta-se por vários meses. Pessoas com esta forma da condição também podem ter fraqueza muscular ou paralisia de membros e perda de visão. Esta forma afeta homens e mulheres igualmente.

O aparecimento de qualquer forma de neuromielite ótica ocorre mais frequentemente por volta dos 40 anos de uma pessoa. Entretanto pode ocorrer a qualquer momento desde a infância até a idade adulta.

Em cerca de um quarto dos indivíduos com neuromielite ótica apresentam outros sinais ou sintomas de distúrbio autoimune. Isto inclui especialmente lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren e miastenia gravis.

Quanto a sua frequência, a neuromielite ótica afeta aproximadamente 1/100.000 pessoas em todo o mundo. As mulheres são afetadas por essa condição com mais frequência do que os homens, principalmente a forma recidivante.

A neuromielite ótica não é uma doença geneticamente determinada, e portanto não é herdada. Essa condição pode ser transmitida através de gerações em famílias, mas o padrão de herança é desconhecido. Nenhum gene associado à neuromielite ótica foi identificado, o que dificulta o seu diagnóstico, sendo basicamente clínico.

Entretanto, uma pequena porcentagem de pessoas com essa condição tem um ou mais membros da família que também é afetado. Tudo indica que pode haver uma ou mais alterações genéticas que aumentam a suscetibilidade. Ou seja, enquadra-se nas doenças complexas em que há muitos fatores ambientais e genéticos estejam envolvidos no desenvolvimento da doença.

O ideal é sempre ser avaliado em uma equipe multidisciplinar, em que há um neurologista e um médico geneticista para realização do diagnóstico correto. Vale ressaltar que a neuromielite ótica não tem um tratamento específico, e requer reabilitação multiprofissional, incluindo fisioterapia motora.

Deficiência da proteína C trombose venosa profunda TVP

Deficiência da proteína C e a trombose venosa profunda.

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Dentre as trombofilias hereditárias, existem a mutação do fator V de Leiden e a Protrombina. Estas são diagnosticadas a partir de teste genético específico. Entretanto há outras trombofilias hereditárias que são diagnosticada por dosagem sanguínea, é o caso da proteína C.

A deficiência da proteína C é uma condição geneticamente determinada, de padrão autossômica dominante, em que há um aumento do risco de desenvolver coágulos sanguíneos anormais, ou seja, trombose. Esta condição pode ser leve ou grave, vale ressaltar que a dosagem estar um pouco abaixo dos valores de referência não fecha o diagnóstico desta condição.

Os indivíduos com deficiência leve de proteína C apresentam risco aumentado de um tipo de coágulo sanguíneo: a trombose venosa profunda (TVP). Estes coágulos ocorrem nas veias profundas dos braços ou pernas, longe da superfície da pele. O trombo pode viajar pela corrente sanguínea e se alojar nos pulmões, causando uma interrupção do fluxo sanguíneo que ameaça a vida, conhecido como tromboembolismo pulmonar (TEP).

Assim como nas outras trombofilias hereditárias, a maioria das pessoas com deficiência de proteína C nunca venha a desenvolva coágulos sanguíneos anormais. Esta condição somado a hábitos de vida, como uso de anticoncepcional oral e viagens de longa duração, se somam e podem aumentar o risco do desenvolvimento da trombose.

Além destes, há outros fatores que influenciam no aparecimento de coágulos de sangue: aumento da idade, cirurgia, inatividade ou gravidez. Esta última, pode ocorrer a chamada trombose placentária, o que pode ocasionar perda gestacional a partir de 10 semanas, e merecem cuidados especiais durante a pré-natal.

Ter concomitantemente outro distúrbio hereditário da coagulação sanguínea, além da deficiência de proteína C, também pode influenciar o risco de coagulação sanguínea anormal.

Vale ressaltar que o exame dosagem sérica da proteína C é diferente da proteína C reativa. Sendo este ultimo exame muito solicitado na clínica médica, e serve para medir reação inflamatória, diferentemente da dosagem sérica da proteína C.

Dessa forma, o diagnóstico da deficiência da proteína C é realizado durante a avaliação multiprofissional, em equipe envolvendo o médico hematologista, o cirurgião vascular e o médico geneticista. Este último realiza o aconselhamento genético, bem como a solicitação dos exames complementares corretos.

Polineuropatia amiloidótica familiar: a amiloidose ou doença de Corino gene TTR

Polineuropatia amiloidótica familiar: a amiloidose ou doença de Corino

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A Amiloidose é uma condição geneticamente determinada, do grupo das doenças neurológicas de acometimento tardio. Este grupo engloba a área de atuação denominada neurogenética. Inclui-se também: as ataxias hereditárias, as paraparesias espásticas e a doença de Huntington.

A amiloidose é uma condição que afeta múltiplos sistemas. Ocorre progressivo e lento acúmulo de depósitos anormais de uma proteína chamada amiloide nos órgãos e tecidos do corpo, por isso o termo amiloidose.

O depósito da proteína amiloide ocorre mais frequentemente no sistema nervoso periférico. O sistema este formado por nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal a músculos e células sensoriais que detectam sensações como toque, dor, calor e som.

O acumulo de amiloide nesses nervos resultam em perda de sensibilidade nas extremidades, por isto a neuropatia periférica. A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) faz com que ocorra um descontrole do sistema nervoso autônomo. Este controla as funções involuntárias do corpo: pressão arterial, frequência cardíaca e digestão.

Em alguns casos, o próprio sistema nervoso central pode estar afetado. Como condição envolvendo diversos sistemas, a amiloidose pode afetar: coração, rins, olhos e trato gastrointestinal.

A amiloidose é causada por mutação do gene da transtirretina (TTR). A principal mutação é a Val30Met, em que na posição 30 da proteína da transtirretina ocorre uma mudança do aminoácido valina por uma metionina. Esta é uma das poucas doenças genéticas que possuem tratamento específico.

A amiloidose é uma doença de padrão de herança autossômica dominante, e pode ser passada de pai para filho. Também é conhecida como doença de Corino, o médico português que primeiro descreveu a amiloidose.

A amiloidose pode ser dividida em três formas. Estas apesarem de ser parte de uma mesma condição, são distintas pelos sinais e sintomas que apresentam, assim como os órgãos que afetam.

A neuropatia amiloidótica familiar (PAF) é caracterizada por afetar o sistema nervoso periférico e autônomo. Pelas alterações de sistema nervoso autônomo, pode ocorrer desde disfunção erétil, diarreia, constipação, incontinência urinária e hipotensão ortostática (queda de pressão ao levantar).

Na polineuropatia amiloidótica familiar, algumas pessoas também podem apresentar alteração no coração e nos rins. Os olhos também podem ser afetados, com opacidade vítrea, olhos secos, glaucoma (aumento da pressão ocular). Como polineuropatia, pode inclusive apresentar síndrome do túnel do carpo: dormência, formigamento e fraqueza nas mãos e dedos.

Existe também a forma que ocorre acumulo de amiloide nas meninges: a forma meningea. A meninge é o tecido que reveste o cérebro e a medula espinhal. O acumulo de amiloide pode ocasionar derrame e sangramento no cérebro, acúmulo de fluido no cérebro (hidrocefalia).

Já foi descrito nesta forma da amiloidose: dificuldade de coordenação dos movimentos (ataxia), rigidez e fraqueza muscular (paraparesia espástica), convulsões e perda da função intelectual (demência).

Assim como na forma da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), também podem ocorrer problemas oculares semelhantes aos da forma neuropática.

A forma cardíaca da amiloidose afeta o coração. As pessoas com amiloidose com alteração da função cardíaca podem apresentar desde arritmia (batimento cardíaco anormal), um coração aumentado (cardiomegalia) ou hipertensão ortostática.

O acúmulo progressivo de amiloide no coração pode levar à insuficiência cardíaca progressiva e à morte. Em alguns indivíduos que apresentam a forma cardíaca da amiloidose podem apresentar neuropatia periférica leve.

O ideal é sempre que suspeitar da amiloidose, este passar pela equipe multidisciplinar, incluindo neurologista, cardiologista, oftalmologista, além do médico geneticista.

O papel do médico geneticista no cuidado da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) é solicitar o teste genético específico, bem como a sua interpretação. Também tem como objetivo realizar o aconselhamento genético do indivíduo afetado e de todos os seus familiares.

 

Febre familiar do mediterrâneo febre hereditária genética

Febre familiar do mediterrâneo: a febre de origem genética

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Dentre as condições geneticamente determinadas, uma das mais frequentes é a febre familiar do mediterrâneo. A febre familiar do mediterrâneo é uma condição geneticamente determinada, de padrão autossômico recessivo, relacionada ao gene MEFV.

A febre familiar do mediterrâneo é caracterizada por: febre e episódios recorrentes de inflamação dolorosa no abdômen, tórax ou articulações. Estes episódios são frequentemente acompanhados por febre e por vezes erupção cutânea ou dor de cabeça.

Em alguns casos, a febre familiar do mediterrâneo pode ocasionar inflamação em outras partes do corpo. Já foi descrita inflamação no coração, nas meninges (membrana que envolve o cérebro) e na medula espinhal, em homens pode causar orquiepididimite (inflamação dos testículos).

Em mais da metade dos indivíduos afetados, os episódios dolorosos são precedidos por sinais e sintomas leves. Incluindo sensações levemente desconfortáveis ​​na área que mais tarde se tornarão inflamadas, ou mal estar geral.

Os primeiros sintomas da febre familiar do mediterrâneo ocorre na primeira e segunda década de vida. Esta condição manifesta-se inicialmente na infância e na adolescência. Poucos casos inicia-se na fase adulta.

Normalmente, os episódios duram de 12 a 72 horas e podem variar em gravidade. O intervalo entre os episódios também é variável e pode variar de dias a anos. Durante esses períodos, os indivíduos mantem-se assintomáticos.

A ausência de manejo clínico para auxiliar e para prevenir ataques podem levar a complicações, muitas vezes irreversíveis, como é o caso de perda da função  nos rins, levando à insuficiência renal.

O ideal é buscar um médico geneticista para realização do diagnóstico correto, bem como solicitação e interpretação de quaisquer teste genético confirmatório da febre familiar do mediterrâneo.

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