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Síndrome Kabuki, deficiência intelectual, olhos alongados e afilados, alteração genética, síndrome da maquiagem do teatro japonês, doença genética rara.

A síndrome Kabuki: a maquiagem do teatro japonês

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A síndrome Kabuki é uma condição geneticamente determinada que afeta diversas partes do corpo. A síndrome Kabuki foi chamada dessa forma por conta da semelhança facial com a maquiagem usada no teatro Kabuki japonês tradicional.

A principal característica da síndrome Kabuki é as características faciais típicas da condição. Incluí: sobrancelhas arqueadas; cílios longos; fissuras longas das pálpebras; nariz com a ponta plana e alargada.

Muitas pessoas com o diagnóstico de síndrome Kabuki apresentam-se com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, além de deficiência intelectual leve a moderada. Podem apresentar ainda microcefalia, hipotonia (tônus muscular fraco).

Pode ocorrer alterações oculares em pessoas com síndrome Kabuki, incluindo-se o nistagmo (movimentação ocular rápida involuntária) e estrabismo. Além disso, já foram descritas baixa estatura, alterações esqueléticas, escoliose e problemas de articulação. Os fingerpads, ou melhor, impressões digitais carnudas são típicas na síndrome Kabuki.

Além destes sinais, pessoas com síndrome Kabuki pode apresentar também fenda lábio palatina, cardiopatia congênita, otite de repetição (infecções frequentes do ouvido), perda auditiva e puberdade precoce.

O ideal é buscar sempre um médico geneticista, que irá manejar o caso, bem como avaliar os melhores testes genéticos a serem realizados para diagnosticar e realizar o aconselhamento genético.

Crédito editorial: Bikeworldtravel / Shutterstock.com

Síndrome de Edwards: trissomia do cromossomo 18, translucência nucal aumentada, NIPT alterado, restrição de crescimento, cardiopatia, sobreposição de dedos.

Síndrome de Edwards: trissomia do cromossomo 18

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A síndrome de Edwards ou trissomia do cromossomo 18, é uma condição cromossômica associada a anormalidades em muitas partes do corpo. É uma das trissomias mais comuns, como a síndrome de Down (cromossomo 21) e a síndrome de Patau (cromossomo 13)

As crianças com síndrome de Edwards apresentam muitas características típicas, sendo que algumas podem ser observadas ainda no período pré-natal. No período pré-natal, é possível se suspeitar desta condição se o teste genético pré-natal não-invasivo (NIPT) e a translucência nucal estiverem alteradas. Também observa-se restrição de crescimento intrauterino (RCIU) e presença de malformação cardíaca e de sistema nervoso central, como a hidrocefalia.

Quantos características ao nascimento, observa-se baixo peso ao nascimento, além de microcefalia. Quanto as características faciais (dismorfismo), normalmente pessoas com síndrome de Edwards apresentam-se com face triangular, bem delicada e pequena, além de pequena mandíbula e boca. Apresentam uma característica de mãos com punhos cerrados e dedos sobrepostos, ou sobreposição dos segundo e quinto dedos sobre os terceiro e quarto dedos (ver foto destacada)10.

Podem ainda apresentar cardiopatia complexa e hidrocefalia. É causa frequente de perda gestacional, além de óbito fetal e natimortos. Poucos casos sobrevivem, cerca de 5-10% dos casos, e estes apresentam atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual grave, dependentes de aparelhos e muitos com restrição ao leito.

O ideal é buscar sempre um médico geneticista, ainda no período pré-natal, que irá realizar o diagnóstico correto, bem como manejar o caso, solicitar os testes genéticos a serem realizados e, por fim, realizar o aconselhamento genético.

Síndrome Cornelia de Lange atraso do desenvolvimento baixa estatura sinofre monocelhas deficiência intelectual alteração de membros microcefalia

Síndrome Cornelia de Lange: conheça esta síndrome

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A síndrome de Cornelia de Lange é uma condição geneticamente determinada que afeta diversas partes do corpo. Assim como muitas síndromes, apresenta uma alta variabilidade, sendo que pessoas com o mesmo diagnóstico apresentam-se com diferentes características.

Espera-se que pessoas com síndrome Cornelia de Lange apresentam-se com crescimento lento, e podem apresentar baixa estatura. Além disso, apresentam-se com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e posteriormente deficiência intelectual. Existem crianças com síndrome Cornelia de Lange que apresentam com alteração de comportamento e até mesmo transtorno do espectro autista.

As características faciais de pessoas com síndrome de Cornelia de Lange são muito típicas, com sobrancelhas arqueadas, juntas (monocelhas ou sinofre), cílios longos, orelhas baixas, dentes pequenos e espaçados, nariz pequeno. Existem pessoas que apresentam ainda alterações esqueléticas, com anormalidade nos ossos do braço, antebraço, mãos e dedos.

As pessoas com síndrome de Cornelia de Lange poder apresentar sinais e sintomas adicionais: pelos corporais excessivos (hipertricose), microcefalia, perda auditiva e alterações de trato gastrointestinal. Menos frequentemente, podem apresentar fenda lábiopalatina, convulsões, defeito cardíaco e alterações oftalmológicas.

Créditos da foto: Health Prep

Síndrome de Patau: trissomia do cromossomo 13, translucência nucal aumentada, NIPT alterado, holoprosencefalia, cardiopatia, lábio leporino e fenda palatina

Síndrome de Patau: a trissomia do cromossomo 13

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A síndrome de Patau ou trissomia do cromossomo 13 é uma condição cromossômica associada a anormalidades em muitas partes do corpo. É uma das trissomias mais comuns, como a síndrome de Down (cromossomo 21) e a síndrome de Edwards (cromossomo 18).

As crianças com síndrome de Patau apresentam muitas características típicas, sendo que algumas podem ser observadas ainda no período pré-natal. No período pré-natal, é possível se suspeitar desta condição se o teste genético pré-natal não-invasivo (NIPT) e a translucência nucal estiverem alteradas. Também se observa alterações de sistema nervoso central, como holoprosencefalia.

A holoprosencefalia leva a outras características que podem ser observadas ao nascimento: incluindo olhos muito pequenos ou pouco desenvolvidos (microftalmia), e narina única (proboscide). Podem apresentar alteração em membros, incluindo a polidactilia ou presença de muitos dedos nas mãos e pés. Além disso, é frequente a presença de fenda labial (lábio leporino), com ou sem fenda palatina. Também é presença de tônus muscular diminuído, ou hipotonia.

Podem ainda apresentar cardiopatia complexa. É causa frequente de perda gestacional, além de óbito fetal e natimortos. Poucos casos sobrevivem, cerca de 5-10% dos casos, e estes apresentam atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual grave, dependentes de aparelhos e muitos com restrição ao leito.

O ideal é buscar sempre um médico geneticista, ainda no período pré-natal, que irá realizar o diagnóstico correto, bem como manejar o caso, solicitar os testes genéticos a serem realizados e, por fim, realizar o aconselhamento genético.

Anemia falciforme: hemoglobinopatia hereditária, anemia na infância, transfusão de sangue, triagem neonatal, análise de embrião, transplante de medula.

Anemia falciforme: hemoglobinopatia hereditária mais comum

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A anemia falciforme é uma das doenças do grupo das hemoglobinopatias. Estas condições afetam a hemoglobina. A hemoglobina é a molecular que está presente nos glóbulos vermelhos, ou hemácias. As pessoas com anemia falciforme apresentam a chamada hemoglobina S, estas podem alterar a estrutura da hemácia e torná-la em formato de foice.

Os sinais e sintomas da anemia falciforme geralmente começam na primeira infância, é uma das doenças detectadas no teste do pezinho. A principal característica desta condição é a anemia, ou seja, um número reduzido de glóbulos vermelhos. Além disso, apresenta-se com infecções de repetição e episódios de dor.

Apesar de a anemia falciforme ser causada por apenas uma mutação mais frequente, a gravidade da doença varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas têm sintomas leves, enquanto outras são frequentemente hospitalizadas por complicações mais graves.

O formato de foice das hemácias é o grande causador dos sinais e sintomas. Quando os glóbulos vermelhos apresentam-se em formato de foice, podem se decompor prematuramente, o que pode levar à anemia. A anemia pode causar ainda: falta de ar, fadiga e atraso no crescimento e desenvolvimento em crianças.

O excesso de hemoglobinas em formato de foice na anemia falciforme pode levar a icterícia, ou apresentando-se com pele e olhos amarelados. O principal sintoma da anemia falciforme são os episódios de dor, causados pelo congestionamento dos glóbulos vermelhos em formato de foice nos vasos sanguíneos finos.

Este engarrafamento de glóbulos vermelhos podem levar a privação de tecidos e órgãos de sangue rico em oxigênio. A falta de oxigênio  podem causar danos aos órgãos, especialmente nos pulmões, rins, baço e cérebro.

Hoje, o único tratamento curativo para anemia falciforme é o transplante de medula. Infelizmente é muito difícil encontrar doadores compatíveis. Já é possível a realização de análise embrionária com seleção de embriões compatíveis, vide artigo científico que auxiliei a escrever (texto em inglês; ver link).

O ideal, sempre frente a um caso com anemia falciforme, é a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento curativo aos pacientes.

Ataxia de Machado-Joseph, ataxia espinocerebelar tipo 3 (SCA3): autossômica dominante, alteração de coordenação e equilíbrio; pode levar a cadeira de rodas

Ataxia espinocerebelar tipo 3: ataxia de Machado-Joseph

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Dentre as doenças neurogenéticas, existe um grupo de condições que são caracterizadas pelas ataxias. Entende-se ataxia como problemas de coordenação do equilíbrio. Dependendo do padrão de herança, há as condições autossômicas recessivas e as dominantes.

A ataxia hereditária mais comum é a ataxia espinocerebelar tipo 3 (SCA3) ou ataxia de Machado-Joseph. A ataxia de Machado-Joseph é uma condição caracterizada por problemas progressivos com o movimento. Nesta condição, inicialmente, apresentam-se com problemas de coordenação e equilíbrio (ataxia).

Também está descrito outros sinais e sintomas precoces na ataxia de Machado-Joseph. Isto incluem: dificuldades de fala, alteração na tensão muscular (distonia), rigidez muscular (espasticidade), tremores, olhos esbugalhados e visão dupla.

Pessoas com ataxia de Machado-Joseph podem experimentar distúrbios do sono, como síndrome das pernas inquietas; esta caracterizada por dormência ou formigamento nas pernas, acompanhada de uma vontade de mover as pernas para interromper as sensações.

Alterações do sono são frequentes em pessoas com ataxia de Machado-Joseph,  com distúrbio comportamental do sono REM (Rapid Eye Moviment), na qual os músculos estão ativos durante o estágio REM do sono. Os indivíduos afetados tendem a se sentir mais cansados ​​durante o dia.

Com o tempo, os indivíduos com ataxia de Machado-Joseph podem desenvolver perda de sensibilidade e fraqueza nos membros (neuropatia periférica), cãibras musculares, espasmos musculares (fasciculações) e dificuldades de deglutição.

Do ponto de vista de cognição, é possível que pessoas com ataxia de Machado-Joseph podem ter problemas com memória, planejamento e resolução de problemas.

Os sinais e sintomas da ataxia de Machado-Joseph geralmente iniciam na idade adulta, mas podem aparecer a qualquer momento, desde a infância até o final da idade adulta. Esta condição evolui a necessidade de cadeira de rodas e necessita de adaptação do ambiente que o indivíduo mora.

É causada pela expansão de tripletos CAG no gene da ataxina 3, ATXN3. Foi inicialmente descrita nas famílias de Machado e Joseph, descendentes da ilha de Açores (Portugal), nos Estados Unidos. Possui sua incidência alta em regiões com colonizadas por esta população, em especial o sudeste e sul do Brasil.

O ideal é sempre que suspeitar de condições semelhantes a ataxia de Machado Joseph, buscar um médico geneticista e um neurologista que em conjunto irá solicitar os exames complementares corretos, bem como realizar o diagnóstico e o posterior aconselhamento genético.

síndrome de phelan-mcdermid del22q13.3 cromossomo 22 em anel deleção 22 distal deleção 22q13.3

Síndrome de Phelan-McDermid: deleção 22q13.3 distal

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A síndrome da deleção do braço longo do cromossomo 22 (22q) é um complexo de condições, incluindo a síndrome de DiGeorge e a síndrome de Phelan-McDermid. A perda de um pedaço distal do braço longo do cromossomo 22 pode ocorrer a síndrome de deleção 22q13.3, também conhecida como síndrome de Phelan-McDermid.

A síndrome de Phelan-McDermid é uma condição geneticamente determinada, pela causado pela perda de um pequeno pedaço do cromossomo 22. A perda da região distal denominada 22q13.3 leva a uma síndrome de deleção de genes contíguos nesta região. Também está descrito a presença de cromossomo 22 em anel em alguns casos.

A síndrome de Phelan-McDermid apresentam características envolvendo diversas regiões do corpo. A principal característica é o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, diminuição do tônus muscular (hipotonia) e a deficiência intelectual, sendo uma das causas relativamente mais comuns.

Além do comprometimento cognitivo, algumas pessoas com síndrome de Phelan-McDermid podem apresentar sintomas do transtorno do espectro autista (TEA). Com isto pode ocorrer diminuição do contato visual, estereotipias, comportamentos agressivo e sensibilidade a toque e ao barulho. Também podem apresentar convulsões.

Já foi relatado na síndrome de Phelan-McDermid diminuição da sensibilidade a dor. Alguns podem apresentar diminuição da sudorese, sendo necessário cuidado com superaquecimento e desidratação. Já foi relatado doença do refluxo gastroesofágico e alguns apresentam episódios de vômitos e náuseas (vômitos cíclicos).

Do ponto de vista de características, a síndrome de Phelan-McDermid apresenta dismorfismos característicos. Inclui-se fácies típica: face alongada e estreita, ptose (pálpebras caídas) com olhos profundos, orelhas proeminentes e queixo pontudo.

Também foram observadas outras características físicas incluindo mãos e pés grandes, uma fusão do segundo e terceiro dedos (sindactilia) e unhas dos pés pequenas ou anormais. Alguns indivíduos afetados podem apresentam crescimento rápido (acelerado).

O ideal para a solicitação dos exames corretos, a definição diagnóstica, bem como a realização do aconselhamento genético é a avaliação genético-clínica com um médico geneticista.

síndrome de asperger autismo de alto funcionamento transtorno do espectro autista TEA

Síndrome de Asperger: conheça o autismo de alto funcionamento

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Dentro do transtorno do espectro autista (TEA), existe o autismo clássico e o autismo de alto funcionamento. Este compreende a síndrome de Asperger. A síndrome de Asperger faz parte do complexo que é denominado transtorno global do desenvolvimento.

A síndrome de Asperger é uma condição que afeta principalmente o desenvolvimento. Apresenta-se por alterações neurológicas caracterizadas por um maior ou menor grau de comprometimento nas habilidades sociais, de linguagem e comunicação. Podem apresentar padrões repetitivos ou restritivos de pensamento e comportamento.

Difere-se do autismo clássico, pois, indivíduos com síndrome de Asperger mantêm suas habilidades iniciais de linguagem, no autismo clássico manifesta-se inicialmente, antes dos três anos de idade, com ausência total de linguagem.

O sintoma mais característico da síndrome de Asperger é o interesse muito grande, quase obsessivo, em um único objeto ou temática, com a exclusão de qualquer outro. Por exemplo, pessoas com síndrome de Asperger querem saber tudo sobre um assunto de interesse. Muitas vezes as suas conversas são restritas a estes assuntos.

Considera-se a síndrome de Asperger como autismo de alto funcionamento. Dessa forma, o indivíduo apresenta-se perito em determinado assunto e o alto nível de vocabulário (termos utilizados) e padrões formais de fala fazem com que pareçam pequenos professores.

Apresentam-se também, como características da síndrome de Asperger: rotinas ou rituais repetitivos; peculiaridades na fala e linguagem; comportamento social e emocionalmente inadequado e a incapacidade de interagir com sucesso com os pares; problemas com comunicação não verbal; e movimentos motores desajeitados e descoordenados.

As pessoas com síndrome de Asperger são isoladas devido à sua inabilidade social e interesses limitados. Existem indivíduos que conseguem se aproximar de outras pessoas, mas não conseguem desenvolver conversação normal por meio de comportamento inadequado ou excêntrico, ou por querer apenas falar sobre seu interesse singular.

Quanto a abstração, tanto o autismo clássico quanto o autismo de alto funcionamento na síndrome de Asperger apresentam-se com sua ausência. Ou seja, as palavras são utilizadas ao pé da letra, por exemplo: pé da cadeira, chuva de canivete. Estas pessoas não conseguem verificar o sentido figurado da frase.

As pessoas com síndrome de Asperger podem apresentar atraso no desenvolvimento de habilidades motoras: pegar uma bola, escalar um equipamento de brincar ao ar livre ou pedalar uma bicicleta. Muitas vezes apresentam-se como pessoas desajeitadas e mal coordenadas.

Gosto sempre de colocar exemplos, para conhecer mais sobre a síndrome de Asperger: indico o filme ADAM (2009). Para o autismo clássico, indico o filme argentino: Farol das Orcas (2016). Em ambos os filmes é possível observar todo o comportamento do protagonista, bem caracterizado pelos atores. Apesar de noticiado, o jogador Messi nunca apresentou nenhum quadro que remeta a síndrome de Asperger ou transtorno do espectro autista (ver link)

O ideal, antes de qualquer suspeição desta condição, necessita-se de avaliação com equipe multiprofissional, incluindo o psiquiatra, neurologista, neuropsicólogo e médico geneticista. Vale ressaltar a importância do diagnóstico correto para que possa ser realizado o posterior aconselhamento genético.

Galactosemia aumento galactose teste do pezinho triagem neonatal

Galactosemia e o aumento da galactose no bebê

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Dentre os erros inatos do metabolismo tratáveis, que estão na triagem neonatal inclui-se a galactosemia. A galactosemia é uma condição que afeta como o corpo processa um açúcar simples chamado galactose, presente em pequena quantidade em muitos alimentos.

A lactose quando quebrada é dividida em glicose e galactose. É encontrada em leite e derivados e em muitas fórmulas infantis. A galactose, dentro da célula, é metabolizada, a partir de enzimas, em especial a galactose-1-fosfato-uridiltransferase. Difere da intolerância à lactose, pois nesta o corpo não consegue digerir no sistema digestivo a lactose da leite.

Quando há aumento da galactose, ou seja, os valores de galactose estão muito acima dos valores de referencia, pode ser sinal da galactosemia. Pessoas com galactosemia são incapazes de usar a galactose para produzir energia.

A galactosemia possui um padrão de herança autossômico recessivo. Ou seja, significa que ambas as cópias do gene (alelos) de um indivíduo têm mutações. Os pais são obrigatoriamente portadores de uma cópia do gene mutado, mas eles normalmente assintomáticos.

Existem vários subtipos de galactosemia. Esta é causada por mutações em um determinado gene, sendo o mais comum o gene GALT. Afetando diferentes enzimas envolvidas na quebra da galactose.

A galactosemia clássica (tipo I) é a forma mais comum e mais grave da doença. Se o indivíduo não iniciar o tratamento com uma dieta de baixa galactose, complicações com risco de vida aparecem dentro de alguns dias após o nascimento.

Os bebês com galactosemia apresentam dificuldades de alimentação, falta de energia (letargia), baixo ganho ponderoestatural, com dificuldade de ganho de peso. Pode aparecer amarelecimento da pele e da esclera dos olhos (icterícia), danos ao fígado e sangramento anormal.

Existem outras complicações ainda graves desta condição, que podem incluir infecções bacterianas (sepse). As crianças afetadas podem apresentar de atraso no desenvolvimento, dificuldades de fala e deficiência intelectual e turvação da lente do olho ou catarata.

As mulheres com galactosemia clássica podem desenvolver problemas reprodutivos causados ​​por uma perda precoce da função dos ovários (falência ovariana prematura).

Existe a galactosemia tipo II e o tipo III. Estas estão relacionadas com deficiência de outras duas enzimas a galactoquinase e a galactose epimerase, respectivamente.  Diferem entre si quanto a sinais e sintomas.

A galactosemia tipo II causa menos problemas médicos do que o tipo clássico. Os bebês afetados desenvolvem catarata, mas, por outro lado, apresentam poucas complicações além disso.

Já na galactosemia tipo III, pode-se manifestar desde leve a grave e podem incluir catarata, atraso no crescimento e desenvolvimento, deficiência intelectual, doença hepática e problemas renais.

Portanto, a qualquer sinal de suspeita de galactosemia no teste do pezinho, deve-se encaminhar ao médico geneticista. Este irá realizar o diagnóstico correto, bem como iniciar a terapêutica e o aconselhamento genético.

Neuromielite ótica doença autoimune

Neuromielite ótica: conheça esta doença rara autoimune

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A neuromielite ótica é uma condição rara, autoimune, que afeta os nervos dos olhos e o sistema nervoso central, que inclui o cérebro e a medula espinhal. Entende-se como condição autoimune, aquela em que o sistema imunológico apresenta funcionamento inadequado; e ataca os tecidos e órgãos do próprio corpo.

A neuromielite ótica ocorre o ataque do sistema imunológico ao sistema nervoso do próprio indivíduo. Com isto, ocorre a inflamação dos nervos, e o dano resultante leva aos sinais e sintomas da doença.

A neuromielite ótica caracteriza-se por neurite ótica. A neurite ótica é a inflamação do nervo ótico. Este é responsável por transportar informações do olho para o cérebro. A neurite óptica pode levar a dor ocular e perda de visão, que pode ocorrer em um ou ambos os olhos.

Na neuromielite ótica também pode apresentar mielite transversa. A mielite é a inflamação da medula espinhal. A inflamação decorrente ao ataque imunológico contra a medula espinhal causa uma lesão que frequentemente se estende ao comprimento de três ou mais vertebras da coluna.

Além disso, ocorre o dano a bainha de mielina. Esta reveste e protege os neurônios, promovendo a transmissão eficiente dos impulsos nervosos. A mielite transversa apresenta-se com sintomas relacionados a fraqueza, dormência e paralisia dos braços e pernas, levando o indivíduo a utilização de cadeira de rodas.

O dano da medula espinhal pode levar a alteração nas sensações (parestesias), perda do controle da bexiga e do intestino, soluços incontroláveis ​​e náusea. Além disso, com a presença de fraqueza muscular, pode tornar a respiração difícil (dispneia) e pode causar insuficiência respiratória.

Existem duas formas de neuromielite ótica: a forma recidivante ou recorrente; e a forma monofásica. A forma recorrente é mais comum.

A forma recidivante é intermitente, ou seja, apresenta-se por episódios recorrentes de neurite ótica e mielite transversa. Estes podem apresentar meses ou anos assintomático, e geralmente há recuperação parcial entre os episódios.

Na forma redicivante, os indivíduos mais afetados, eventualmente, apresentam fraqueza muscular permanente e comprometimento da visão que persistem mesmo no período assintomático. Esta forma acomete, aproximadamente, nove vezes mais mulheres do que homens.

A forma incomum é a monofásica. Apresenta-se com um único episódio de neuromielite ótica, em que apresenta-se por vários meses. Pessoas com esta forma da condição também podem ter fraqueza muscular ou paralisia de membros e perda de visão. Esta forma afeta homens e mulheres igualmente.

O aparecimento de qualquer forma de neuromielite ótica ocorre mais frequentemente por volta dos 40 anos de uma pessoa. Entretanto pode ocorrer a qualquer momento desde a infância até a idade adulta.

Em cerca de um quarto dos indivíduos com neuromielite ótica apresentam outros sinais ou sintomas de distúrbio autoimune. Isto inclui especialmente lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren e miastenia gravis.

Quanto a sua frequência, a neuromielite ótica afeta aproximadamente 1/100.000 pessoas em todo o mundo. As mulheres são afetadas por essa condição com mais frequência do que os homens, principalmente a forma recidivante.

A neuromielite ótica não é uma doença geneticamente determinada, e portanto não é herdada. Essa condição pode ser transmitida através de gerações em famílias, mas o padrão de herança é desconhecido. Nenhum gene associado à neuromielite ótica foi identificado, o que dificulta o seu diagnóstico, sendo basicamente clínico.

Entretanto, uma pequena porcentagem de pessoas com essa condição tem um ou mais membros da família que também é afetado. Tudo indica que pode haver uma ou mais alterações genéticas que aumentam a suscetibilidade. Ou seja, enquadra-se nas doenças complexas em que há muitos fatores ambientais e genéticos estejam envolvidos no desenvolvimento da doença.

O ideal é sempre ser avaliado em uma equipe multidisciplinar, em que há um neurologista e um médico geneticista para realização do diagnóstico correto. Vale ressaltar que a neuromielite ótica não tem um tratamento específico, e requer reabilitação multiprofissional, incluindo fisioterapia motora.

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