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Palestra sobre genética e síndrome de Down no Curso de Especialização CEPEC-SP

By | Congresso e Palestra | No Comments

No sábado, dia 02 de fevereiro de 2019, fui convidado, representando a Chromosome Medicina Genômica, para dar palestra sobre genética no Curso de Especialização em Síndrome de Down, no Centro de Estudos e Pesquisa Clínica de São Paulo (CEPEC-SP). Este curso é coordenado pelo Dr. Zan Mustacchi.

O público alvo era pediatras nas diversas especialidades e a equipe multidisciplinar, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicopedagogos. O tema da palestra era sobre novos exames em genética, em especial na citogenética e sua aplicabilidade na síndrome de Down.

Apesar de este ser o tema central, sempre gosto de falar sobre a vivência do médico geneticista, tanto em consultório quanto na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-SP). Para um público bem diversificado, foi possível falar sobre o que é deficiência intelectual, sobre as causas, bem como como é a vida de um indivíduo com deficiência intelectual.

Ainda sobre isso, sempre falo sobre a diferença entre diagnóstico sindrômico, etiológico, tratamento e aconselhamento genético. Isto é fundamental em toda consulta com médico geneticista e por fim a rodada de discussões que foi muito produtiva.

Síndrome de Noonan o que é baixa estatura ptose baixa estatura inteligência normal

Síndrome de Noonan: o que é?

By | Doenças Raras | No Comments

A síndrome de Noonan é uma condição génetica que altera muitas características de um indivíduo. Antes de tudo, síndrome quer dizer “coisa que vem junto” que algum médico descreveu previamente.

A síndrome de noonan apresenta-se com características faciais levemente incomuns, baixa estatura, malformação cardíaca, e muitos outros sinais e sintomas.

Os indivíduos com síndrome de Noonan têm características faciais muito típicas. Podem apresentar olhos espaçados, olhos com ptose (pálpebra caída) e orelhas baixas que são giradas para trás. Menos comumente podem apresentar o que chamamos de palato ogival (grande arco no céu da boca), desalinhamento dentário e mandíbula pequena (micrognatia).

Muitos indivíduos com síndrome de Noonan podem apresentar um pescoço curto ou até mesmo ter excesso de pele no pescoço, também conhecido como pescoço alado. Esta característica de pescoço alado também está presente em outras síndromes.

Do ponto de vista esquelético, os indivíduos com síndrome de Noonan podem apresentar peito mais afundado, também conhecido como pectus excavatum ou um peito protuberante conhecido como pectus carinatum. Em uma minoria de casos podem apresentar escoliose, ou encurvamento da coluna.

Uma das características típicas de síndrome de Noonan é a baixa estatura. Cerca de 50 a 70% de todos os indivíduos apresentam com baixa estatura. Podem apresentar níves anormais de hormônio de crescimento (GH), entretanto não são todos os indivíduos com síndrome de Noonan que apresentam boa resposta e possuem indicação para uso do GH.

A maioria dos indivíduos com síndrome de Noonan tem alguma forma de cardiopatia congênita. A cardiopatia congênita mais comum é o estreitamento da válvula que controla o fluxo sanguíneo do coração para os pulmões, a chamada estenose da válvula pulmonar. Alguns podem apresentar a cardiomiopatia hipertrófica, que aumenta e enfraquece o músculo cardíaco.

Durante a passagem para a adolescentes, tanto meninos quanto meninas com síndrome de Noonan podem apresentar puberdade tardia. Eles passam pela puberdade a partir dos 13 ou 14 anos e apresentam crescimento puberal reduzido que resulta em estatura reduzida.

Quanto a fertilidade, em alguns homens podem apresentar infertilidade masculina por apresentarem testículos que não desceram, a chamada criptorquidia. Já em mulheres com síndrome de Noonan a maioria tem fertilidade normal.

A síndrome de Noonan pode causar uma variedade de outros sinais e sintomas. A maioria das crianças diagnosticadas com síndrome de Noonan tem inteligência normal e não apresentam atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.

A síndrome de Noonan é parte de um grupo de condições relacionadas, coletivamente conhecidas como RASopatias. Todas estas condições têm sinais e sintomas semelhantes e são causadas por alterações na mesma via de sinalização celular. O diagnóstico é realizado a partir da suspeite clínica e testes genéticos específicos.

O ideal frente a suspeita desta e de outras síndromes é sempre buscar um médico geneticista. Este irá realizar o aconselhamento genético além da investigação com a indicação dos exames genéticos corretos.

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Acondroplasia, a forma mais comum de nanismo.

By | Doenças Raras | No Comments

A acondroplasia é uma displasia esquelética e um dos tipos mais comuns de nanismo. Entende-se como nanismo o comprometimento da altura final, em que pode ou não afetar diretamente a vida de um indivíduo. O termo acondroplasia significa ausência de formação das cartilagens.

A cartilagem é um tecido flexível e resiste que compõe a formação inicial dos ossos. Na acondroplasia ocorre a dificuldade em conversão da cartilagem em ossos, especialmente em ossos longos de braços e pernas.

A baixa estatura é mandatário no nanismo, em especial na acondroplasia. Enquanto o indivíduo sem baixa estatura, em média, homens tem 1,70m e mulheres em torno de 1,60m, pessoas com nanismo, em especial a acondroplasia, possuem altura final em torno de 1,30m para homens e 1,20m para mulheres.

As características sempre frequentes na acondroplasia é o tronco de tamanho médio enquanto membros muito encurtados, com limitação do movimento das articulações. Ou seja, braços e coxas bem curtos com movimentação de cotovelos e joelhos diminuídos.

Ainda no período intra-útero, ou seja, durante o pré-natal, é possível se suspeitar de alterações esqueléticas, em especial da acondroplasia. É feita todas as medidas do feto. Ocorre então os ossos longos encurtados, o que pode sugerir esta condição.

Outra característica é o aumento do tamanho da cabeça, ou seja, a macrocrania. Há a impressão de desproporção entre a cabeça e o resto do corpo da pessoa com acondroplasia. Os dedos da mão também são encurtados e dão impressão de mão em tridente.

Apesar das alterações esqueléticas, não há comprometimento de inteligência ou mesmo relativo a cognição. A inteligência é normal, inclusive muitas pessoas com acondroplasia tem uma vida quase normal, inclusive tendo nível superior e vida ocupacional normal.

A única dificuldade encontrada para pessoas com acondroplasia é a dificuldade com os objetos, como altura de balcões, maçanetas, janelas, dentre outros. Para isto pode-se adaptar o ambiente de trabalho e em casa. O melhor tratamento da acondroplasia, bem como em muitos casos de nanismo é construção de autoestima.

A autoestima de pessoas com acondroplasia pode ser comprometida por conta de bullying em ambiente escolar, além do ser diferente. Pelo nanismo, em geral, muitas pessoas com acondroplasia casam com pessoas que também tem acondroplasia. Sempre falo a todos os meus pacientes com acondroplasia relativo a este problema.

A acondroplasia é uma condição geneticamente determinada, em que há alteração no gene FGR3. Esta alteração em geral é de novo, ou seja, aconteceu na criança, ou pode ser passada de geração em geração. Segue o padrão autossômico dominante, e por isto há risco de ocorrência de acondroplasia nos filhos dessas pessoas.

Quando um casal com acondroplasia se casa, existe a possibilidade de ocorrência da forma letal da acondroplasia. Esta forma pode ser prevenida a partir da realização de fertilização in vitro com análise embrionária.

O ideal é buscar um médico geneticista para realização do diagnóstico correto e a realização de exames complementares. Assim, é possível a realização do aconselhamento genético para indivíduos com acondroplasia

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O que causa deficiência intelectual?

By | Doenças Raras | No Comments

A deficiência intelectual é uma queixa frequente em ambulatórios de genética. A família fica apreensiva, gostaria muito de entender o que se passar com a criança. Esta está demorando em andar, para falar ou até mesmo apresentando dificuldade escolar. Para entender melhor o que é deficiência intelectual, ver link; para transtorno do espectro autista ou autismo, ver link.

Neste post irei falar sobre as causas genéticas de deficiência intelectual, e um pouco sobre os exames complementares solicitados. Frente a uma criança com suspeita de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e/ou deficiência intelectual, é realizado a avaliação genético-clínica.

A avaliação genético-clínica compõe de uma consulta médica bem detalhada, realização do heredograma (ou arvore genealógica), o exame físico e os exames complementares.

Sempre se divide em dois grupos: as síndromes clinicamente reconhecíveis, e as outras que necessitam de exames complementares.

Antes de tudo, síndrome quer dizer “coisa que vem junto”, ou seja, diversos sinais e sintomas que foram previamente descritas por algum médico.

Quanto é solicitado o cariótipo, visamos buscar uma alteração grande do material genético. Vide as trissomias, em especial a síndrome de Down. Nesse caso, com o cariótipo já se identifica algumas condições. Vale ressaltar que há outros exames também a serem solicitados.

A síndrome do X-frágil faz parte do que chamamos de deficiência intelectual ligada ao cromossomo X. É frequente em meninos com deficiência intelectual, ou até mesmo atraso de linguagem isolada e autismo. O exame a ser solicitado é a pesquisa de X-frágil por reação de polimerase em cadeia (PCR; TUSS: 40.31.42.35), vale ressaltar que este exame é de uso restrito, vide o post relativo à porque o convênio negou o exame de genética.

Existem outros exames a serem solicitados, o que varia de cada caso, como por exemplo a Síndrome de Williams-Beuren, em que se solicita o exame hibridização fluorescente in situ (FISH) específico para a condição. Ou a síndrome de Prader-Willi em que se solicita outro tipo de exame.

Muitos casos, mesmo com a utilização de exames complementares muito sofisticados, não é possível determinar a causa da deficiência intelectual. Por conta de muitos casos serem multifatoriais (meio ambiente e alguma predisposição genética), ou até mesmo ambientais como o caso do uso de álcool durante a gestação.

Vale ressaltar que a maioria dos casos, a definição do diagnóstico etiológico não muda o tratamento. Infelizmente deficiência intelectual não há cura, não há remédio ou tratamento específico.

O ideal é buscar um médico geneticista para melhor elucidar o diagnóstico e solicitar os exames complementares corretos, no tempo correto. A falta de um diagnóstico correto pode prejudicar realização do aconselhamento genético.

Luto pós-perda gestacional sentimento paterno homem sofrimento tristeza saudade

Luto pós-perda gestacional: o sentimento paterno esquecido

By | Perdas gestacionais | No Comments

O luto pós-perda gestacional é um sentimento que ocorre, assim como qualquer outra perda de um ente querido. Normalmente este sentimento pode atrapalhar a vida conjugal de um casal. A mulher muitas vezes sofre mais que o homem. Este texto irei falar sobre o lado paterno. Para o sofrimento de muitas mulheres relativos a perdas gestacionais, ver link.

O luto pós-perda paterna ocorre quando há uma interrupção abrupta do sentimento pai-filho. Acontece menos frequentemente em uma perda gestacional ou mais comumente por morte da criança precocemente, como o que ocorre com a criança com malformação congênita.

Frente a uma perda de um filho, o homem assume uma postura de apoio da mulher. Esta postura de apoio, o homem é cobrado inconscientemente por uma postura firme, viril e não pode ceder à tristeza. O auxílio da superação ao trauma da mulher faz com que muitos sofram “calados”.

O machismo da sociedade e a virilidade são postos em cheque durante a perda de um filho. O homem também sofre, como a mulher, e muitas vezes também necessitam de auxilio, seja na própria família, ou por um profissional.

A fragilidade da masculinidade é um grande problema. Muitos homens ocorre uma negação do sentimento de luto pós-perda, e inclusive cegam-se para fingir não esta acontecendo nada, ou seja, não está sofrendo.  Não ocorre o permitir-se a ter estes sentimentos. Muitas vezes ocultando, não permitindo que os sentimentos se tornem visíveis e audíveis.

Nas perdas gestacionais, este sentimento é ainda mais ocultado. É muito incomum os homens respeitarem e viverem o luto pós-perda gestacional. Como não houve um nascimento, não houve uma criança, não houve convivência e por consequência não houve luto, é como funciona a mente de muitos homens.

O luto paterno nas perdas gestacionais é ainda mais íntimo e silencioso. O homem tem a percepção de provedor e apoiador da mulher. Sentimentos como lembrança, saudade e tristeza são silenciados a fim de manter a imagem de homem viril que a sociedade cobra.

Infelizmente, diferente do que ocorre com as mulheres, não há grupos de apoio, não há redes sociais e profissionais com empatia para lidar com o luto paterno. Na minha prática como médico geneticista tento sempre auxiliar o casal sobre como lidar com a perda e com o luto que estão vivenciando.

Beta positivo atraso menstrual teste de gravidez Cuidados iniciais da gestação Beta-HCG

Beta positivo: atraso menstrual e o teste de gravidez positivo

By | Reprodução Humana | No Comments

O beta positivo é um termo que confirma a gravidez. Inicialmente a mulher tem um atraso menstrual de alguns dias, e após fazer o teste de farmácia dar positivo, é realizado o exame de sangue, chamado Beta-HCG.

O beta positivo abre um leque de possibilidades, a partir do beta positivo, a mulher começa o sentimento de maternidade, o ser mãe.

A partir do beta positivo, a mulher, agora mamãe, inicia um processo, um turbilhão de sentimentos passa pela sua cabeça. Chá revelação, chá de bebê, enxoval, quarto do bebê, nome, sexo da criança, são preocupações que muitas mulheres possuem.

O beta positivo é o sonho de muitas mulheres em tratamento de reprodução. Entretanto pode ser o início de um tormento para mulheres que passam pela perda gestacional e quando as gestações são indesejadas, como durante a adolescência.

Com o beta positivo, iniciam-se os cuidados iniciais da gravidez. Ao iniciar o pré-natal, deve realizar as consultas obstétricas, que no mínimo são seis, durante toda a gestação. Durante as consultas do pré-natal são solicitadas as sorologias (para avaliar: HIV, hepatites, sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus) além dos exames complementares para avaliar glicemia, tireóide, tipagem sanguínea, dentre outros.

A maior preocupação são as ultrassonografias. É feita a primeira ultrassonografia transvaginal para confirmar a gravidez, por volta de seis a nove semanas. Nela é visto se há ou não embrião, como na gravidez anembrionária.

Uma vez confirmado a gestação, e já iniciado o pré-natal, pode ser feito o teste pré-natal não invasivo, para tranquilizar a futura mamãe já nas primeiras semanas, para avaliação de risco de aneuploidia. O exame da translucência nucal  no primeiro morfológico é a segunda ultrassonografia a ser realizada.

Sempre frente a alguma alteração de quaisquer exames complementares, buscar um médico geneticista, que juntamente com um médico obstetra, irá auxiliar nas tomadas de decisões e sugerir as melhores soluções para cada problema.

Gravidez anembrionária ou gestação anembrionada: uma causa comum de perda gestacional.

By | Perdas gestacionais | No Comments

A gravidez anembrionária ou gestação anembrionada é um tipo comum de perda gestacional ou aborto espontâneo. Neste post irei falar apenas sobre gravidez anembrionária ou gestação anembrionada, para outras causas de perdas gestacionais ver links (alteração do cariótipo dos pais; trombofilia; alteração de tireóide; luto pós-perda gestacional).

Na sobre gravidez anembrionária ou gestação anembrionada ocorre uma perda gestacional muito precoce, durante o primeiro trimestre. O casal normalmente engravida em casa, sem uso de tecnologia de reprodução assistida. Assim que ocorre um atraso menstrual, a mulher realiza o exame de farmácia ou no laboratório, o beta-HCG, em que este dá positivo.

Uma vez que o beta-HCG dá positivo, é realizado a ultrassonografia transvaginal. Nesta ultrassonografia observa-se apenas o saco gestacional e nenhum embrião. O blastocisto (embrião) é formado a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, mas o feto nunca se desenvolve.

Do ponto de vista do estudo material do aborto, mesmo na gravidez anembrionária ou gestação anembrionada pode ser encontrado material fetal. Este, se possível, deve ser realizado o exame do cariótipo dos restos ovulares, indico o Afero, teste genético realizado pelo laboratório Chromosome Medicina Genômica.

A principal causa da gravidez anembrionária ou gestação anembrionada são as alterações cromossômicas do embrião: as aneuploidias, em especial as trissomias. Sempre relato que as três primeiras semanas do embrião são cruciais para ele. Existe uma espécie de padrão de qualidade ou “ISO9001” do corpo humano, que não permite o embrião se desenvolver.

Caso esta alteração cromossômica passe pelo padrão de qualidade do nosso corpo, pode ocorrer uma malformação congênita muito grave, como a trissomia do 18 ou síndrome de Edwards. A trissomia do cromossomo 16 é a principal causa cromossômica de perda gestacional e não causa nenhum quadro de malformação congênita. As aneuploidias, em especial as trissomias, tem relação com a idade materna.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para elucidação correta do diagnóstico, e posterior realização do aconselhamento genético, com a solicitação de exames complementares corretos na hora correta. Muitas vezes os obstetras não solicitam o estudo do material do aborto o que atrapalha na elucidação diagnóstica.

o que é deficiência intelectual

Deficiência intelectual o que é?

By | Doenças Raras | No Comments

A deficiência intelectual é caracterizada por limitações tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo. O indivíduo apresenta dificuldades nas habilidades sociais e atividades de vida diária. Para transtorno do espectro autista ou autismo, ver link.

O primeiro sinal da deficiência intelectual é o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Demorar para andar, demorar para falar, a demora nas aquisições básicas de qualquer indivíduo. A partir de seis anos de idade, o indivíduo inicia-se a alfabetização e aprender contas simples como somar e dividir, muitos casos apresentam-se como dificuldade escolar.

Na deficiência intelectual há diminuição no funcionamento intelectual, ou seja, alteração na capacidade mental do indivíduo. Há déficit de aprendizado, raciocínio, resolução de problemas.

Existe uma medida, o coeficiente de inteligência (QI) que objetifica e quantifica a inteligência. É importante ser realizado o teste psicométrico, ou WISC em todos os pacientes com suspeita de deficiência intelectual.

Outro prejuízo frequente na deficiência intelectual é alteração no comportamento adaptativo. Entende-se como comportamento adaptativo as habilidades conceituais, sociais e práticas que são aprendidas e desempenhada por pessoas na vida diária.

Sempre quando atendo um indivíduo com deficiência intelectual, falo para os pais, de forma simples, que essas habilidades são. Por exemplo, pagar o bilhete da condução e receber o troco, ou ir comprar pão na padaria, em que o indivíduo apresenta noção do caminho até a padaria, do dinheiro a ser gasto, a quantidade de pães e até o troco, bem como voltar para casa.

Estas atividades de vida diária que o comportamento adaptativo demonstra, simplesmente são feitas por indivíduos de inteligência normal. Para as pessoas com deficiência intelectual, há esse prejuízo.

O que difere um indivíduo com deficiência intelectual do outro é o quanto esta pessoa é estimulada. Ou seja, o quanto de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicopedagogia especializada, sala de recurso. Um indivíduo pode se superar, ou até mesmo ter uma “vida”.

Chamo de “vida” poder ter uma função, o ser útil. Tenho um paciente que aos 26 anos, apresentava deficiência intelectual, mal sabia ler e escrever e trabalhava em uma fabrica de baldes. Possuia carteira assinada, um salário, uma ocupação, neste trabalho carregava os baldes de um lado ao outro, utilizando força braçal.

Assim como há casos que se superaram, há diversos casos de deficiência intelectual que o indivíduo fica dependente dos familiares. Não há progressão. Infelizmente deficiência intelectual não há cura, não há remédio ou tratamento específico.

O ideal é buscar um médico geneticista para melhor elucidar o diagnóstico e solicitar os exames complementares corretos. Assim como realizar o aconselhamento genético.

Trissomia cariótipo banda g alterado down edwards patau síndrome

Trissomia: o que é esta alteração do cariótipo do bebê?

By | Medicina Fetal | No Comments

O corpo humano é formado por células, em que dentro delas há uma estrutura chamada núcleo. O material genético é como uma fita, e como fita é guardado enrolado, numa estrutura chamada cromossomo. O cariótipo é como os cromossomos são organizados, sobre o exame cariótipo com banda G e outros exames de citogenética (ver link).

Os seres humanos possuem 23 pares de cromossomos, sendo dois cromossomos sexuais (X e Y) que decidem o sexo; e 44 cromossomos autossomos que ditam outros fatores, como crescimento e função.

Uma alteração cromossômica é causada a partir de alguma alteração no número ou na estrutura de algum dos cromossomos. Para outras alterações, como aumento da heterocromatina, ou inversão pericêntrica, ver link.

Quando há um acréscimo de um cromossomo inteiro, denomina-se trissomia. Isto significa que uma pessoa afetada possui 47 cromossomos em vez de 46. A síndrome de Down (ver link), a síndrome de Edward e a síndrome de Patau são as formas mais comuns de trissomia, respectivamente dos cromossomos 21; 18 e 13. Estas alterações estão associadas a idade materna (ver link).

As crianças afetadas pela trissomia geralmente apresentam malformação congênita, incluindo atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual.

Muitas vezes, a trissomia de algum cromossomo pode ser evidenciado ainda durante a gravidez, visto que há sinais que sugerem durante o pré-natal, vide a translucencia nucal (ver link) e o. Alguns destes sinais podem incluir:

  • Translucência nucal aumentada;
  • Osso nasal hipoplásico;
  • Presença de muito líquido amniótico ao redor do bebê (polidrâmnio);
  • Artéria do cordão umbilical única;
  • Diminuição do tamanho da placenta;
  • Restrição de crescimento intrauterino (RCIU), ou melhor, o bebê é pequeno para a sua data gestacional;
  • Diminuição da movimentação fetal ou o bebê está menos ativo do que o esperado;
  • Malformação congênita (ver link), incluindo cardiopatia (ver link), fenda lábiopalatina, hidrocefalia.

O diagnóstico e a suspeição da trissomia é feita a partir de exames pré-natais auxilam a detectar estas cromossomopatias:

  • Ultrassonografias obstétricas incluindo a translucência nucal e a morfológica de segundo trimestre.
  • Rastreio do soro materno – um exame de sangue também conhecido como teste triplo (em desuso);
  • Ecocardiograma fetal – ultrassonografia específica para avaliação do coração.
  • Amniocentese – uma amostra do líquido amniótico é colhida diretamente da barriga da mãe e é realizado um cariótipo com banda G ou outro exame de citogenética
  • Biopsia vilosidades coriônicas – exame invasivo mais precoce que utiliza uma amostra de células do córion, o tecido que se tornará a placenta, é realizado o cariótipo com banda G ou outro exame de citogenética.
  • Teste pré-natal não invasivo (NIPT, ver link)

O ideal é buscar um médico geneticista durante o período pré-natal para avaliar os exames a serem realizados, além de realizar o aconselhamento genético. Este auxiliará o médico obstetra e o médico fetal nas melhores decisões a serem tomadas durante a gestação.

Endometriose dor dispaurenia dismenorreia infertilidade dificuldade para engravidar

Dificuldade para engravidar e dor: pode ser endometriose

By | Reprodução Humana | No Comments

A endometriose é uma das três principais causas de infertilidade feminina. O termo endometriose deriva seu nome da palavra endométrio. O endométrio é o revestimento do útero que corpo da mulher produz a cada mês esperando um embrião. Em outros posts há informações sobre infertilidade masculina (ver link), exames genéticos solicitados durante a investigação (ver link).

Se não houver a fecundação e a gravidez não ocorrer, irá ser eliminado o endométrio, o sangramento que ocorrerá no período menstrual.

Existem mulheres em que o tecido do endométrio percorre o final da tuba uterina e por fim entra no abdômen. Em algumas mulheres, o tecido do endométrio se ligará a outros órgãos, formando a endometriose.

Os hormônios produzidos durante o ciclo menstrual estimulam o tecido do endométrio, e as partes que estão fora do útero começa crescer e mais tarde a se desprender, assim como funciona o tecido de dentro do útero.

Entretanto, como o sangramento e a queda de tecido do endométrio não consegue sair do corpo, provocando inflamação e irritação do tecido local. Via de regra esta inflamação provoca a dor que os pacientes experimentam com a endometriose.

A endometriose possui diversos sintomas. Os sintomas mais comuns incluem dor antes e durante a menstruação (dismenorreia), relação sexual dolorosa (dispaurenia),  dificuldade para engravidar (infertilidade), dor ou outras alteração na micção ou evacuações e fadiga. Existem mulheres, em que a endometriose apresenta-se sem nenhum sintoma, em torno de 15 a 20% das mulheres com endometriose.

A endometriose também está associada a outros distúrbios imunológicos, incluindo asma, eczema e fibromialgia. A gravidade da endometriose não está associada a quantidade de dor ou o número de sintomas. A exemplo, têm mulheres com endometriose leve e sintomas graves, enquanto outras têm endometriose grave e assintomática.

A inflamação e irritação causadas pela endometriose podem gerar dificuldade para engravidar e até infertilidade. A inflamação crônica dificulta a retirada e o transporte do óvulo para a tuba uterina.

Em casos mais graves, a endometriose começa a causar aderência (fator tuboperitoneal de infertilidade), e os órgãos pélvicos ficam presos um ao outro, resultando em diminuição da função. A endometriose também pode bloquear a função as tubas uterinas.

O diagnóstico é realizado a partir de exames de imagem, como a ressonância nuclear magnética de pelve, a ultrassonografia transvaginal que pode mostrar o endometrioma e o uso de videolaparoscopia. Durante este procedimento, pode ser feito o diagnóstico e tratar a endometriose.

Sempre relato que a melhor forma de tratar a endometriose é a gestação. Visto que a gravidez realmente melhora a endometriose. Entretanto, quando a endometriose é tão grave, a tal ponto de impedir a concepção e gerar infertilidade, é necessária a realização de videolaparoscopia e até mesmo o uso de tecnologia de reprodução assistida (ver link).

Uma vez o nascimento da criança, a amamentação diminui o crescimento da endometriose, assim como a utilização de pílulas anticoncepcionais.

O ideal é buscar uma equipe multidisciplinar, com médico ginecologista e médico geneticista para que em conjunto realizem o diagnóstico correto e posteriormente indique o melhor tratamento a ser realizado.

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