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Caio Graco Bruzaca

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Síndrome de Asperger: conheça o autismo de alto funcionamento

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Dentro do transtorno do espectro autista (TEA), existe o autismo clássico e o autismo de alto funcionamento. Este compreende a síndrome de Asperger. A síndrome de Asperger faz parte do complexo que é denominado transtorno global do desenvolvimento.

A síndrome de Asperger é uma condição que afeta principalmente o desenvolvimento. Apresenta-se por alterações neurológicas caracterizadas por um maior ou menor grau de comprometimento nas habilidades sociais, de linguagem e comunicação. Podem apresentar padrões repetitivos ou restritivos de pensamento e comportamento.

Difere-se do autismo clássico, pois, indivíduos com síndrome de Asperger mantêm suas habilidades iniciais de linguagem, no autismo clássico manifesta-se inicialmente, antes dos três anos de idade, com ausência total de linguagem.

O sintoma mais característico da síndrome de Asperger é o interesse muito grande, quase obsessivo, em um único objeto ou temática, com a exclusão de qualquer outro. Por exemplo, pessoas com síndrome de Asperger querem saber tudo sobre um assunto de interesse. Muitas vezes as suas conversas são restritas a estes assuntos.

Considera-se a síndrome de Asperger como autismo de alto funcionamento. Dessa forma, o indivíduo apresenta-se perito em determinado assunto e o alto nível de vocabulário (termos utilizados) e padrões formais de fala fazem com que pareçam pequenos professores.

Apresentam-se também, como características da síndrome de Asperger: rotinas ou rituais repetitivos; peculiaridades na fala e linguagem; comportamento social e emocionalmente inadequado e a incapacidade de interagir com sucesso com os pares; problemas com comunicação não verbal; e movimentos motores desajeitados e descoordenados.

As pessoas com síndrome de Asperger são isoladas devido à sua inabilidade social e interesses limitados. Existem indivíduos que conseguem se aproximar de outras pessoas, mas não conseguem desenvolver conversação normal por meio de comportamento inadequado ou excêntrico, ou por querer apenas falar sobre seu interesse singular.

Quanto a abstração, tanto o autismo clássico quanto o autismo de alto funcionamento na síndrome de Asperger apresentam-se com sua ausência. Ou seja, as palavras são utilizadas ao pé da letra, por exemplo: pé da cadeira, chuva de canivete. Estas pessoas não conseguem verificar o sentido figurado da frase.

As pessoas com síndrome de Asperger podem apresentar atraso no desenvolvimento de habilidades motoras: pegar uma bola, escalar um equipamento de brincar ao ar livre ou pedalar uma bicicleta. Muitas vezes apresentam-se como pessoas desajeitadas e mal coordenadas.

Gosto sempre de colocar exemplos, para conhecer mais sobre a síndrome de Asperger: indico o filme ADAM (2009). Para o autismo clássico, indico o filme argentino: Farol das Orcas (2016). Em ambos os filmes é possível observar todo o comportamento do protagonista, bem caracterizado pelos atores. Apesar de noticiado, o jogador Messi nunca apresentou nenhum quadro que remeta a síndrome de Asperger ou transtorno do espectro autista (ver link)

O ideal, antes de qualquer suspeição desta condição, necessita-se de avaliação com equipe multiprofissional, incluindo o psiquiatra, neurologista, neuropsicólogo e médico geneticista. Vale ressaltar a importância do diagnóstico correto para que possa ser realizado o posterior aconselhamento genético.

Galactosemia aumento galactose teste do pezinho triagem neonatal

Galactosemia e o aumento da galactose no bebê

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Dentre os erros inatos do metabolismo tratáveis, que estão na triagem neonatal inclui-se a galactosemia. A galactosemia é uma condição que afeta como o corpo processa um açúcar simples chamado galactose, presente em pequena quantidade em muitos alimentos.

A lactose quando quebrada é dividida em glicose e galactose. É encontrada em leite e derivados e em muitas fórmulas infantis. A galactose, dentro da célula, é metabolizada, a partir de enzimas, em especial a galactose-1-fosfato-uridiltransferase. Difere da intolerância à lactose, pois nesta o corpo não consegue digerir no sistema digestivo a lactose da leite.

Quando há aumento da galactose, ou seja, os valores de galactose estão muito acima dos valores de referencia, pode ser sinal da galactosemia. Pessoas com galactosemia são incapazes de usar a galactose para produzir energia.

A galactosemia possui um padrão de herança autossômico recessivo. Ou seja, significa que ambas as cópias do gene (alelos) de um indivíduo têm mutações. Os pais são obrigatoriamente portadores de uma cópia do gene mutado, mas eles normalmente assintomáticos.

Existem vários subtipos de galactosemia. Esta é causada por mutações em um determinado gene, sendo o mais comum o gene GALT. Afetando diferentes enzimas envolvidas na quebra da galactose.

A galactosemia clássica (tipo I) é a forma mais comum e mais grave da doença. Se o indivíduo não iniciar o tratamento com uma dieta de baixa galactose, complicações com risco de vida aparecem dentro de alguns dias após o nascimento.

Os bebês com galactosemia apresentam dificuldades de alimentação, falta de energia (letargia), baixo ganho ponderoestatural, com dificuldade de ganho de peso. Pode aparecer amarelecimento da pele e da esclera dos olhos (icterícia), danos ao fígado e sangramento anormal.

Existem outras complicações ainda graves desta condição, que podem incluir infecções bacterianas (sepse). As crianças afetadas podem apresentar de atraso no desenvolvimento, dificuldades de fala e deficiência intelectual e turvação da lente do olho ou catarata.

As mulheres com galactosemia clássica podem desenvolver problemas reprodutivos causados ​​por uma perda precoce da função dos ovários (falência ovariana prematura).

Existe a galactosemia tipo II e o tipo III. Estas estão relacionadas com deficiência de outras duas enzimas a galactoquinase e a galactose epimerase, respectivamente.  Diferem entre si quanto a sinais e sintomas.

A galactosemia tipo II causa menos problemas médicos do que o tipo clássico. Os bebês afetados desenvolvem catarata, mas, por outro lado, apresentam poucas complicações além disso.

Já na galactosemia tipo III, pode-se manifestar desde leve a grave e podem incluir catarata, atraso no crescimento e desenvolvimento, deficiência intelectual, doença hepática e problemas renais.

Portanto, a qualquer sinal de suspeita de galactosemia no teste do pezinho, deve-se encaminhar ao médico geneticista. Este irá realizar o diagnóstico correto, bem como iniciar a terapêutica e o aconselhamento genético.

Neuromielite ótica doença autoimune

Neuromielite ótica: conheça esta doença rara autoimune

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A neuromielite ótica é uma condição rara, autoimune, que afeta os nervos dos olhos e o sistema nervoso central, que inclui o cérebro e a medula espinhal. Entende-se como condição autoimune, aquela em que o sistema imunológico apresenta funcionamento inadequado; e ataca os tecidos e órgãos do próprio corpo.

A neuromielite ótica ocorre o ataque do sistema imunológico ao sistema nervoso do próprio indivíduo. Com isto, ocorre a inflamação dos nervos, e o dano resultante leva aos sinais e sintomas da doença.

A neuromielite ótica caracteriza-se por neurite ótica. A neurite ótica é a inflamação do nervo ótico. Este é responsável por transportar informações do olho para o cérebro. A neurite óptica pode levar a dor ocular e perda de visão, que pode ocorrer em um ou ambos os olhos.

Na neuromielite ótica também pode apresentar mielite transversa. A mielite é a inflamação da medula espinhal. A inflamação decorrente ao ataque imunológico contra a medula espinhal causa uma lesão que frequentemente se estende ao comprimento de três ou mais vertebras da coluna.

Além disso, ocorre o dano a bainha de mielina. Esta reveste e protege os neurônios, promovendo a transmissão eficiente dos impulsos nervosos. A mielite transversa apresenta-se com sintomas relacionados a fraqueza, dormência e paralisia dos braços e pernas, levando o indivíduo a utilização de cadeira de rodas.

O dano da medula espinhal pode levar a alteração nas sensações (parestesias), perda do controle da bexiga e do intestino, soluços incontroláveis ​​e náusea. Além disso, com a presença de fraqueza muscular, pode tornar a respiração difícil (dispneia) e pode causar insuficiência respiratória.

Existem duas formas de neuromielite ótica: a forma recidivante ou recorrente; e a forma monofásica. A forma recorrente é mais comum.

A forma recidivante é intermitente, ou seja, apresenta-se por episódios recorrentes de neurite ótica e mielite transversa. Estes podem apresentar meses ou anos assintomático, e geralmente há recuperação parcial entre os episódios.

Na forma redicivante, os indivíduos mais afetados, eventualmente, apresentam fraqueza muscular permanente e comprometimento da visão que persistem mesmo no período assintomático. Esta forma acomete, aproximadamente, nove vezes mais mulheres do que homens.

A forma incomum é a monofásica. Apresenta-se com um único episódio de neuromielite ótica, em que apresenta-se por vários meses. Pessoas com esta forma da condição também podem ter fraqueza muscular ou paralisia de membros e perda de visão. Esta forma afeta homens e mulheres igualmente.

O aparecimento de qualquer forma de neuromielite ótica ocorre mais frequentemente por volta dos 40 anos de uma pessoa. Entretanto pode ocorrer a qualquer momento desde a infância até a idade adulta.

Em cerca de um quarto dos indivíduos com neuromielite ótica apresentam outros sinais ou sintomas de distúrbio autoimune. Isto inclui especialmente lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren e miastenia gravis.

Quanto a sua frequência, a neuromielite ótica afeta aproximadamente 1/100.000 pessoas em todo o mundo. As mulheres são afetadas por essa condição com mais frequência do que os homens, principalmente a forma recidivante.

A neuromielite ótica não é uma doença geneticamente determinada, e portanto não é herdada. Essa condição pode ser transmitida através de gerações em famílias, mas o padrão de herança é desconhecido. Nenhum gene associado à neuromielite ótica foi identificado, o que dificulta o seu diagnóstico, sendo basicamente clínico.

Entretanto, uma pequena porcentagem de pessoas com essa condição tem um ou mais membros da família que também é afetado. Tudo indica que pode haver uma ou mais alterações genéticas que aumentam a suscetibilidade. Ou seja, enquadra-se nas doenças complexas em que há muitos fatores ambientais e genéticos estejam envolvidos no desenvolvimento da doença.

O ideal é sempre ser avaliado em uma equipe multidisciplinar, em que há um neurologista e um médico geneticista para realização do diagnóstico correto. Vale ressaltar que a neuromielite ótica não tem um tratamento específico, e requer reabilitação multiprofissional, incluindo fisioterapia motora.

Deficiência da proteína C trombose venosa profunda TVP

Deficiência da proteína C e a trombose venosa profunda.

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Dentre as trombofilias hereditárias, existem a mutação do fator V de Leiden e a Protrombina. Estas são diagnosticadas a partir de teste genético específico. Entretanto há outras trombofilias hereditárias que são diagnosticada por dosagem sanguínea, é o caso da proteína C.

A deficiência da proteína C é uma condição geneticamente determinada, de padrão autossômica dominante, em que há um aumento do risco de desenvolver coágulos sanguíneos anormais, ou seja, trombose. Esta condição pode ser leve ou grave, vale ressaltar que a dosagem estar um pouco abaixo dos valores de referência não fecha o diagnóstico desta condição.

Os indivíduos com deficiência leve de proteína C apresentam risco aumentado de um tipo de coágulo sanguíneo: a trombose venosa profunda (TVP). Estes coágulos ocorrem nas veias profundas dos braços ou pernas, longe da superfície da pele. O trombo pode viajar pela corrente sanguínea e se alojar nos pulmões, causando uma interrupção do fluxo sanguíneo que ameaça a vida, conhecido como tromboembolismo pulmonar (TEP).

Assim como nas outras trombofilias hereditárias, a maioria das pessoas com deficiência de proteína C nunca venha a desenvolva coágulos sanguíneos anormais. Esta condição somado a hábitos de vida, como uso de anticoncepcional oral e viagens de longa duração, se somam e podem aumentar o risco do desenvolvimento da trombose.

Além destes, há outros fatores que influenciam no aparecimento de coágulos de sangue: aumento da idade, cirurgia, inatividade ou gravidez. Esta última, pode ocorrer a chamada trombose placentária, o que pode ocasionar perda gestacional a partir de 10 semanas, e merecem cuidados especiais durante a pré-natal.

Ter concomitantemente outro distúrbio hereditário da coagulação sanguínea, além da deficiência de proteína C, também pode influenciar o risco de coagulação sanguínea anormal.

Vale ressaltar que o exame dosagem sérica da proteína C é diferente da proteína C reativa. Sendo este ultimo exame muito solicitado na clínica médica, e serve para medir reação inflamatória, diferentemente da dosagem sérica da proteína C.

Dessa forma, o diagnóstico da deficiência da proteína C é realizado durante a avaliação multiprofissional, em equipe envolvendo o médico hematologista, o cirurgião vascular e o médico geneticista. Este último realiza o aconselhamento genético, bem como a solicitação dos exames complementares corretos.

Polineuropatia amiloidótica familiar: a amiloidose ou doença de Corino gene TTR

Polineuropatia amiloidótica familiar: a amiloidose ou doença de Corino

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A Amiloidose é uma condição geneticamente determinada, do grupo das doenças neurológicas de acometimento tardio. Este grupo engloba a área de atuação denominada neurogenética. Inclui-se também: as ataxias hereditárias, as paraparesias espásticas e a doença de Huntington.

A amiloidose é uma condição que afeta múltiplos sistemas. Ocorre progressivo e lento acúmulo de depósitos anormais de uma proteína chamada amiloide nos órgãos e tecidos do corpo, por isso o termo amiloidose.

O depósito da proteína amiloide ocorre mais frequentemente no sistema nervoso periférico. O sistema este formado por nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal a músculos e células sensoriais que detectam sensações como toque, dor, calor e som.

O acumulo de amiloide nesses nervos resultam em perda de sensibilidade nas extremidades, por isto a neuropatia periférica. A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) faz com que ocorra um descontrole do sistema nervoso autônomo. Este controla as funções involuntárias do corpo: pressão arterial, frequência cardíaca e digestão.

Em alguns casos, o próprio sistema nervoso central pode estar afetado. Como condição envolvendo diversos sistemas, a amiloidose pode afetar: coração, rins, olhos e trato gastrointestinal.

A amiloidose é causada por mutação do gene da transtirretina (TTR). A principal mutação é a Val30Met, em que na posição 30 da proteína da transtirretina ocorre uma mudança do aminoácido valina por uma metionina. Esta é uma das poucas doenças genéticas que possuem tratamento específico.

A amiloidose é uma doença de padrão de herança autossômica dominante, e pode ser passada de pai para filho. Também é conhecida como doença de Corino, o médico português que primeiro descreveu a amiloidose.

A amiloidose pode ser dividida em três formas. Estas apesarem de ser parte de uma mesma condição, são distintas pelos sinais e sintomas que apresentam, assim como os órgãos que afetam.

A neuropatia amiloidótica familiar (PAF) é caracterizada por afetar o sistema nervoso periférico e autônomo. Pelas alterações de sistema nervoso autônomo, pode ocorrer desde disfunção erétil, diarreia, constipação, incontinência urinária e hipotensão ortostática (queda de pressão ao levantar).

Na polineuropatia amiloidótica familiar, algumas pessoas também podem apresentar alteração no coração e nos rins. Os olhos também podem ser afetados, com opacidade vítrea, olhos secos, glaucoma (aumento da pressão ocular). Como polineuropatia, pode inclusive apresentar síndrome do túnel do carpo: dormência, formigamento e fraqueza nas mãos e dedos.

Existe também a forma que ocorre acumulo de amiloide nas meninges: a forma meningea. A meninge é o tecido que reveste o cérebro e a medula espinhal. O acumulo de amiloide pode ocasionar derrame e sangramento no cérebro, acúmulo de fluido no cérebro (hidrocefalia).

Já foi descrito nesta forma da amiloidose: dificuldade de coordenação dos movimentos (ataxia), rigidez e fraqueza muscular (paraparesia espástica), convulsões e perda da função intelectual (demência).

Assim como na forma da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), também podem ocorrer problemas oculares semelhantes aos da forma neuropática.

A forma cardíaca da amiloidose afeta o coração. As pessoas com amiloidose com alteração da função cardíaca podem apresentar desde arritmia (batimento cardíaco anormal), um coração aumentado (cardiomegalia) ou hipertensão ortostática.

O acúmulo progressivo de amiloide no coração pode levar à insuficiência cardíaca progressiva e à morte. Em alguns indivíduos que apresentam a forma cardíaca da amiloidose podem apresentar neuropatia periférica leve.

O ideal é sempre que suspeitar da amiloidose, este passar pela equipe multidisciplinar, incluindo neurologista, cardiologista, oftalmologista, além do médico geneticista.

O papel do médico geneticista no cuidado da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) é solicitar o teste genético específico, bem como a sua interpretação. Também tem como objetivo realizar o aconselhamento genético do indivíduo afetado e de todos os seus familiares.

 

Febre familiar do mediterrâneo febre hereditária genética

Febre familiar do mediterrâneo: a febre de origem genética

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Dentre as condições geneticamente determinadas, uma das mais frequentes é a febre familiar do mediterrâneo. A febre familiar do mediterrâneo é uma condição geneticamente determinada, de padrão autossômico recessivo, relacionada ao gene MEFV.

A febre familiar do mediterrâneo é caracterizada por: febre e episódios recorrentes de inflamação dolorosa no abdômen, tórax ou articulações. Estes episódios são frequentemente acompanhados por febre e por vezes erupção cutânea ou dor de cabeça.

Em alguns casos, a febre familiar do mediterrâneo pode ocasionar inflamação em outras partes do corpo. Já foi descrita inflamação no coração, nas meninges (membrana que envolve o cérebro) e na medula espinhal, em homens pode causar orquiepididimite (inflamação dos testículos).

Em mais da metade dos indivíduos afetados, os episódios dolorosos são precedidos por sinais e sintomas leves. Incluindo sensações levemente desconfortáveis ​​na área que mais tarde se tornarão inflamadas, ou mal estar geral.

Os primeiros sintomas da febre familiar do mediterrâneo ocorre na primeira e segunda década de vida. Esta condição manifesta-se inicialmente na infância e na adolescência. Poucos casos inicia-se na fase adulta.

Normalmente, os episódios duram de 12 a 72 horas e podem variar em gravidade. O intervalo entre os episódios também é variável e pode variar de dias a anos. Durante esses períodos, os indivíduos mantem-se assintomáticos.

A ausência de manejo clínico para auxiliar e para prevenir ataques podem levar a complicações, muitas vezes irreversíveis, como é o caso de perda da função  nos rins, levando à insuficiência renal.

O ideal é buscar um médico geneticista para realização do diagnóstico correto, bem como solicitação e interpretação de quaisquer teste genético confirmatório da febre familiar do mediterrâneo.

conceito de gene o que é um gene DNA conjunto de DNA livro de receitas do corpo humano

O que é um gene?

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O conceito original do gene é a todo material genético capaz de formar uma proteína. O gene é a unidade física e funcional da hereditariedade. Os genes são feitos de DNA e estão guardados dentro do cromossomo. O gene é um livro de receitas para formação de proteína. Existem genes que não são instruções de proteínas, mas são muito importantes para o indivíduo.

Os genes variam em tamanho de algumas centenas de bases de DNA para mais de milhão de bases. Chamamos de bases, as quatro bases nitrogenadas que formam o DNA, a timina, citosina, guanina e adenina. Durante o projeto Genoma Humano, na década de 2000, estimou que temos entre 20.000 e 25.000 genes.

Cada pessoa tem duas cópias de cada gene. Cada cópia foi herdada de um dos genitores. A maioria dos genes é a mesma em todas as pessoas. Apenas um número muito diminuto de genes, inferior a 1%, difere entre os indivíduos.

Cada cópia do gene é chamado de alelos. Estes são formas do mesmo gene com pequenas diferenças na sua sequência de bases de DNA. Essas pequenas diferenças contribuem para as características físicas únicas de cada pessoa.

Cada gene, tem nomes únicos, que normalmente se confunde com a proteína formada. Como os nomes dos genes podem ser longos, são abreviados, em uma junção de letras e números. Um exemplo é o gene do receptor do fator de crescimento dos fibroblastos 3, ou gene FGFR3, responsável pela acondroplasia, forma mais comum de nanismo.

Para cada condição geneticamente determinada, no caso das doenças gênicas, existe um gene ou grupo de genes específicos. Ao buscar um médico geneticista, será avaliado cada caso e a indicação dos melhores testes genéticos, para enfim ocorrer a realização do aconselhamento genético.

As doenças complexas ou doenças multifatoriais: efeito de múltiplos genes (poligênicos) em combinação com estilo de vida e fatores ambientais.

Doenças complexas ou doenças multifatoriais, o que são?

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Existem diversas formas de como uma doença genética é transmitida em uma família. Com o avançar da genética médica, os médicos geneticistas e os pesquisadores em genética médica estão aprendendo muito sobre as bases genéticas de uma condição. Observou-se que quase todas as condições e doenças possuem algum componente genético.

Existem que são causados por um único gene, como é o caso da acondroplasia, forma mais comum de nanismo; a osteogênese imperfeita; ou a doença da urina do xarope do bordo. Estas são as chamadas doenças geneticamente determinadas: as doenças monogênicas.

Entretanto, existem outras doenças, ou condições, em que as bases genéticas são muito mais complexas. A maioria dos problemas médicos comuns, como as doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e obesidade, não têm uma causa única e exclusivamente genética.

As doenças complexas ou doenças multifatoriais, estão, provavelmente, associados aos efeitos de múltiplos genes (poligênicos) em combinação com estilo de vida e fatores ambientais. Estas condições causadas por múltiplos fatores contribuintes são denominadas doenças complexas ou doenças multifatoriais.

Apesar de as doenças complexas ou condições multifatoriais apresentam alguma relação com agrupamentos nas famílias, eles não possuem um padrão claro de herança, como na herança mendeliana. Dificultando, assim, a determinação do risco de uma pessoa herdar ou transmitir as doenças complexas ou multifatoriais.

A maioria das doenças complexas ou multifatoriais são difíceis de serem estudados, visto que a maioria desses distúrbios ainda não foi possível identificar uma base genética. Muitos médicos geneticistas e pesquisadores continuam com a realização de novas pesquisas a procurar os principais genes, e auxiliado com os conceitos da medicina de precisão, poder auxiliar nas melhores tomadas de decisões em saúde.

Medicina personalizada tratamento individualizado

Medicina personalizada – Individualizando tratamentos

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Com o avanço da medicina, em especial os avanços na genética médica e genômica, muitos conceitos vem sendo construídos e muitos assuntos abordados, inclusive pela mídia. A medicina personalizada é a utilização da informação genética em prol das melhores decisões e tratamentos de um indivíduo.

Existe uma sobreposição e confusão de termos. A medicina de precisão e medicina personalizada são tidas como sinônimos. Mas, entretanto, possuem significados distintos. A ideia de individualização do tratamento é a mesma nas duas modalidades de tratamento.

De acordo com o Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, a medicina personalizada é uma terminologia mais antiga. O maior problema no uso deste termo é que  a palavra “personalizado” pudesse ser mal interpretada, inclusive sugerir que os tratamentos e as prevenções estão sendo desenvolvidos exclusivamente para cada indivíduo.

Diferentemente, na medicina de precisão, o objetivo é identificar quais as melhores abordagens e decisões serão eficazes, e quais seriam os pacientes com base em fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida seriam beneficiados.

Sabendo da possível confusão, o Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos preferiu o termo “medicina de precisão” a “medicina personalizada”. No entanto, algumas pessoas ainda usam os dois termos de forma sinônimas. Muitos laboratórios comerciais utilizam este ou aquele termo, o que muitas vezes podem confundir os pacientes.

Na minha prática clínica como médico geneticista, sempre na escolha de todos os testes genéticos a serem realizados, assim como os possíveis tratamentos, sempre utilizo de artifícios para individualizar as condutas e tomar as melhores identificações.Me

Síndrome dos ovários policísticos sop dificuldade para engravidar ciclos irregulares

Síndrome dos ovários policísticos (SOP): dificuldade para engravidar

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As causas de infertilidade feminina são divididas em três: fator tubário, endometriose e fator ovulatório. Dentro do fator ovulatório, a principal causa de alteração da ovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP).

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição que afeta mulheres em idade fértil e altera os níveis de múltiplos hormônios, resultando em problemas que afetam muitos sistemas do corpo e principalmente a ovulação.

A principal característica que afeta as mulheres com síndrome dos ovários policísticos é o excesso de hormônios sexuais masculinos (andrógenos), uma condição denominada hiperandrogenismo. Apresentar a desregulação hormonal acarreta ao crescimento excessivo de pelos no corpo, também conhecido como hirsutismo; acne; e até mesmo calvície.

A desregulação hormonal e o excesso de hormônios masculinos alteram a ovulação e o ciclo menstrual. Níveis anormais dos hormônios que regulam o ovário fazem com que não ocorra a liberação dos óvulos; além de longos períodos de menstruação, levando a ciclos irregulares e anovulatórios. Esta duas características podem levar a dificuldade para engravidar.

Para as mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) que atingem a gravidez natural, há um risco aumentado de complicações e de perda gestacional espontânea. Devido a menstruação irregular, períodos longos anovulatórios e as alterações hormonais, estas mulheres apresentam risco maior de desenvolver câncer de endométrio.

Na síndrome dos ovários policísticos (SOP), durante a realização da ultrassonografia transvaginal, é observado a imagem do ovário de aspecto micropolicístico, ou seja, apresentando múltiplos pequenos cistos em cada ovário. Estes cistos são pequenos folículos ovarianos imaturos.

Normalmente, os folículos ovarianos contêm precursores de óvulos, que são liberadas durante a ovulação. Na síndrome dos ovários policísticos (SOP), a presença da desregulação hormonais fazem com que não ocorra o crescimento dos folículos e posterior amadurecimento para liberar óvulos, levando a períodos longos anovulatórios.

Em contrapartida, por conta desta alteração hormonal, os folículos imaturos se acumulam nos ovários. As mulheres afetadas podem ter 12 ou mais desses folículos. O número desses folículos geralmente diminui com a idade.

Mais da metade das mulheres com síndrome dos ovários policísticos apresentam-se com sobrepeso ou obesidade e estão em risco aumentado de esteatose hepática. Além disso, muitas mulheres com síndrome do ovário policístico apresentam níveis elevados da insulina, hormônio responsável por controlar os níveis de açúcar no sangue.

Aos 40 anos, cerca de 10% das mulheres com excesso de peso com síndrome dos ovários policísticos desenvolvem diabetes tipo 2, e até 35% desenvolvem pré-diabetes. Obesidade e aumento dos níveis de insulina piora os níveis hormonais.

Cerca de 20% dos adultos afetados experimentam a apneia do sono, ou seja, pausas na respiração durante o sono. Mulheres com síndrome dos ovários policísticos são mais propensas a ter transtornos de humor, em especial a depressão, comparação com a população em geral.

Do ponto de vista reprodutivo, por conta dos longos períodos sem ovular, existe um leque de possibilidades de tratamento, utilizando reprodução assistida. Desde métodos mais simples até o mais complexo, compreendendo desde inseminação à fertilização in vitro.

Cada caso deve ser individualizado durante a escolha da tecnologia de reprodução assistida, visando não só o uso racional das tecnologias, bem como o custo-efetividade de cada técnica. O ideal é sempre buscar uma equipe multiprofissional, incluindo um médico geneticista para auxiliar no melhor tratamento e atingir o sonho de ser mãe.

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