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Caio Graco Bruzaca

Histórico familiar e heredograma: registro completo, desenho ou tabela envolvendo informações de três gerações: filhos, irmãos, pais, tios, avós e primos

Histórico familiar e heredograma: por que preciso saber meu?

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Durante a realização do aconselhamento genético uma pergunta muito importante que o médico faz é: existe algum caso semelhante na sua família? Saber o histórico familiar bem como as informações de saúde de seus parentes próximos auxiliam no processo de diagnóstico de uma condição genética.

É realizado o heredograma durante esta fase da consulta. O heredograma é o registro completo, utilizando-se de um desenho ou de uma tabela (heredograma tabulado), e inclui, preferencialmente, informações de três gerações de parentes, incluindo filhos, irmãos e irmãs, pais, tias e tios, sobrinhas e sobrinhos, avós e primos.

Dentro de uma mesma família, observa-se muitos fatores em comum, incluindo seus genes, ambiente e estilo de vida. Estes dados, em conjunto, podem fornecer pistas e informações sobre quais tipos de agravos em saúde podem ocorrer em uma família. 

Utilizando-se de um olhar mais apurado, e como as condições genéticas se comportam entre parentes, o médico geneticista pode determinar se um indivíduo, outros membros da família ou as gerações futuras podem estar em maior risco de desenvolver esta condição.

O heredograma é uma ferramenta que pode fornecer informações sobre o risco de condições geneticamente determinadas, como aquelas causadas por gene único, como a neurofibromatose tipo I, ou tem influencia por exemplo da consanguinidade, como as doenças do teste do pezinho.

As chamadas doenças complexas são compostas pela combinação de fatores genéticos, condições ambientais e escolhas de estilo de vida. Saber o histórico familiar e o heredograma d pode identificar pessoas em risco de ocorrer doenças comuns, como doenças cardíacas, transtornos mentais e diabetes.  

Apesar de um histórico familiar fornecer informações que sugiram o risco de determinadas doenças, ter parentes com uma condição médica não significa que um indivíduo definitivamente desenvolverá essa condição.

Da mesma forma, apesar de não ter nenhum histórico familiar, um indivíduo pode desenvolver uma determinada condição, como exemplo são muitas meninas com câncer de mama aos 30 e poucos anos, caso único na família, com suspeita de síndrome de câncer de mama e ovário hereditário.

O jeito mais simples e fácil sobre como obter estas informações em uma família é conversando com parentes abertamente sobre saúde. Infelizmente muitas doenças, em especial o câncer, a deficiência intelectual e o autismo são velados ou escondidos na família. O uso de documentos oficiais, como relatórios médicos e certidões de óbito auxiliam no desvendar e na construção de um heredograma.

Durante a minha prática médica, sempre utilizo de artifícios e tecnologia para construção de um histórico familiar sólido e informativo, a fim de auxiliar no diagnóstico de um indivíduo, bem para realizar um aconselhamento genético de qualidade.

Síndrome Cornelia de Lange atraso do desenvolvimento baixa estatura sinofre monocelhas deficiência intelectual alteração de membros microcefalia

Síndrome Cornelia de Lange: conheça esta síndrome

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A síndrome de Cornelia de Lange é uma condição geneticamente determinada que afeta diversas partes do corpo. Assim como muitas síndromes, apresenta uma alta variabilidade, sendo que pessoas com o mesmo diagnóstico apresentam-se com diferentes características.

Espera-se que pessoas com síndrome Cornelia de Lange apresentam-se com crescimento lento, e podem apresentar baixa estatura. Além disso, apresentam-se com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e posteriormente deficiência intelectual. Existem crianças com síndrome Cornelia de Lange que apresentam com alteração de comportamento e até mesmo transtorno do espectro autista.

As características faciais de pessoas com síndrome de Cornelia de Lange são muito típicas, com sobrancelhas arqueadas, juntas (monocelhas ou sinofre), cílios longos, orelhas baixas, dentes pequenos e espaçados, nariz pequeno. Existem pessoas que apresentam ainda alterações esqueléticas, com anormalidade nos ossos do braço, antebraço, mãos e dedos.

As pessoas com síndrome de Cornelia de Lange poder apresentar sinais e sintomas adicionais: pelos corporais excessivos (hipertricose), microcefalia, perda auditiva e alterações de trato gastrointestinal. Menos frequentemente, podem apresentar fenda lábiopalatina, convulsões, defeito cardíaco e alterações oftalmológicas.

Créditos da foto: Health Prep

Teste genético; testes genéticos; triagem neonatal; teste genético para portadores; teste pré-natal; teste genético pré-implantacional; teste forense

Teste genético: quais são os tipos?

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Existem vários tipos de testes genéticos. Estes visam identificar e fornecer informações importantes a uma pessoa. Podem avaliar desde dosagens séricas (sanguíneas), avaliação dos cromossomos e até o genoma completo do indivíduo.

Os principais testes genéticos são:

Triagem neonatal ou teste do pezinho

A triagem neonatal ou teste do pezinho já foi muito explorada aqui no site (ver link). Ela é realizada logo nas primeiras 48 a 72 horas de vida do bebê. Testa rastrear doenças genéticas que possuem tratamento, e devem ser iniciados logo no início da vida. São doenças diagnosticada pelo exemplo: a deficiência de biotinidase, fibrose cística, anemia falciforme. Este é um exame obrigatório, tanto na saúde suplementar quanto no SUS.

Teste genético de diagnóstico específico

Os testes genéticos de diagnóstico são usado para identificar ou descartar uma condição genética ou cromossômica específica. Possui como principal indicação confirmar uma hipótese diagnóstica específica, como a teste de metilação para as síndromes de Prader-Willi e Angelman. Podem ser realizados em qualquer momento da vida, inclusive pré-natal. Os resultados deste tipo de teste genético podem influenciar o manejo bem como as tomadas de decisão quanto aos cuidados de saúde de um indivíduo.

Teste genético para portadores

O teste genético de portadores é utilizado para identificar pessoas que possuem uma mutação em heterozigose nas doenças autossômicas recessivas ou em mulheres nas doenças ligadas ao X recessivas. Avalia se a pessoa possui uma cópia de uma mutação genética que, quando presente em duas cópias, causa uma doença genético. O teste genético para portadores são indicados quanto há histórico familiar ou certos grupos étnicos. O melhor exemplo é o painel genético para casais de primos ou a pesquisa da síndrome do X-frágil em mulheres com filhos com esta síndrome. Se os pais forem testados, o teste genético poderá fornecer informações sobre o risco de um casal ter um filho com uma condição genética.

Teste pré-natal

O teste pré-natal é usado para detectar alterações nos genes ou cromossomos do feto antes do nascimento, ainda durante a gravidez. É solicitado este tipo de teste quando a gravidez se houver um risco aumentado de que o bebê tenha uma doença genética ou suspeita de cromossomopatia, como as trissomias. Em alguns casos, o teste pré-natal objetiva tranquilizar os futuros papais, ou auxiliar sobre tomada de decisões em uma gestação. É o exemplo do teste genético pré-natal não invasivo (NIPT), a amniocentese e a cordocentese. No entanto, como todo teste genético, possui algumas limitações e podem não identificar todas as doenças hereditárias.

Teste genético pré-implantacional (PGT)

O teste genético pré-implantacional (PGT), antigamente conhecido como diagnóstico genético pré-implantacional (PGD), é um teste genético que visa a seleção de embriões sem alterações, seja com uma doença genética específica de uma família ou alterações cromossômicas. Como o próprio nome diz, objetiva a garantir que um casal em tratamento de fertilização in vitro (FIV) não tenha um filho com uma condição genética, visto que só é transferido os embriões sem alterações. É o caso da análise de embriões na anemia falciforme e do rastreamento de cromossomopatias, como a síndrome de Down.

Teste genético preditivo e pré-sintomático

De todos os testes genéticos, os testes preditivos e pré-sintomáticos são os que mais envolvem questões bioéticas. São utilizados para detectar mutações previamente estabelecidas em uma família, de condições genéticas em indivíduos sãos, ou seja, sem doença nenhuma.  Os resultados podem fornecer informações sobre o risco de uma pessoa desenvolver uma doença e ajudar na tomada de decisões sobre cuidados médicos. Este tipo de teste pode ser útil nos casos de síndrome de câncer de mama e ovário hereditário, e outras síndromes de predisposição ao câncer. Entretanto, para doenças neurogenéticas, como a doença de Huntington e na ataxia de Machado-Joseph, realizar um teste preditivo não auxiliaria na história natural da doença.

Teste genético forense

O teste genético forense são testes genéticos “legais”, ou seja, para fins de identificação de um indivíduo para fins jurídicos, como os testes de paternidade e para elucidação de crimes. Ao contrário dos outros testes genéticos descritos neste texto, o teste forense não é um teste utilizado na prática clínica e não é utilizado para detectar mutações genéticas associadas à doença. A realização de testes forenses fora de uma ação judicial pode não ter nenhum efeito legal.

Frente a todos os testes descritos, é função do médico geneticista avaliar cada caso e verificar qual o melhor teste genético para cada caso e família, bem como realizar o aconselhamento genético pré e pós teste.

 

Síndrome de Patau: trissomia do cromossomo 13, translucência nucal aumentada, NIPT alterado, holoprosencefalia, cardiopatia, lábio leporino e fenda palatina

Síndrome de Patau: a trissomia do cromossomo 13

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A síndrome de Patau ou trissomia do cromossomo 13 é uma condição cromossômica associada a anormalidades em muitas partes do corpo. É uma das trissomias mais comuns, como a síndrome de Down (cromossomo 21) e a síndrome de Edwards (cromossomo 18).

As crianças com síndrome de Patau apresentam muitas características típicas, sendo que algumas podem ser observadas ainda no período pré-natal. No período pré-natal, é possível se suspeitar desta condição se o teste genético pré-natal não-invasivo (NIPT) e a translucência nucal estiverem alteradas. Também se observa alterações de sistema nervoso central, como holoprosencefalia.

A holoprosencefalia leva a outras características que podem ser observadas ao nascimento: incluindo olhos muito pequenos ou pouco desenvolvidos (microftalmia), e narina única (proboscide). Podem apresentar alteração em membros, incluindo a polidactilia ou presença de muitos dedos nas mãos e pés. Além disso, é frequente a presença de fenda labial (lábio leporino), com ou sem fenda palatina. Também é presença de tônus muscular diminuído, ou hipotonia.

Podem ainda apresentar cardiopatia complexa. É causa frequente de perda gestacional, além de óbito fetal e natimortos. Poucos casos sobrevivem, cerca de 5-10% dos casos, e estes apresentam atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e deficiência intelectual grave, dependentes de aparelhos e muitos com restrição ao leito.

O ideal é buscar sempre um médico geneticista, ainda no período pré-natal, que irá realizar o diagnóstico correto, bem como manejar o caso, solicitar os testes genéticos a serem realizados e, por fim, realizar o aconselhamento genético.

Anemia falciforme: hemoglobinopatia hereditária, anemia na infância, transfusão de sangue, triagem neonatal, análise de embrião, transplante de medula.

Anemia falciforme: hemoglobinopatia hereditária mais comum

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A anemia falciforme é uma das doenças do grupo das hemoglobinopatias. Estas condições afetam a hemoglobina. A hemoglobina é a molecular que está presente nos glóbulos vermelhos, ou hemácias. As pessoas com anemia falciforme apresentam a chamada hemoglobina S, estas podem alterar a estrutura da hemácia e torná-la em formato de foice.

Os sinais e sintomas da anemia falciforme geralmente começam na primeira infância, é uma das doenças detectadas no teste do pezinho. A principal característica desta condição é a anemia, ou seja, um número reduzido de glóbulos vermelhos. Além disso, apresenta-se com infecções de repetição e episódios de dor.

Apesar de a anemia falciforme ser causada por apenas uma mutação mais frequente, a gravidade da doença varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas têm sintomas leves, enquanto outras são frequentemente hospitalizadas por complicações mais graves.

O formato de foice das hemácias é o grande causador dos sinais e sintomas. Quando os glóbulos vermelhos apresentam-se em formato de foice, podem se decompor prematuramente, o que pode levar à anemia. A anemia pode causar ainda: falta de ar, fadiga e atraso no crescimento e desenvolvimento em crianças.

O excesso de hemoglobinas em formato de foice na anemia falciforme pode levar a icterícia, ou apresentando-se com pele e olhos amarelados. O principal sintoma da anemia falciforme são os episódios de dor, causados pelo congestionamento dos glóbulos vermelhos em formato de foice nos vasos sanguíneos finos.

Este engarrafamento de glóbulos vermelhos podem levar a privação de tecidos e órgãos de sangue rico em oxigênio. A falta de oxigênio  podem causar danos aos órgãos, especialmente nos pulmões, rins, baço e cérebro.

Hoje, o único tratamento curativo para anemia falciforme é o transplante de medula. Infelizmente é muito difícil encontrar doadores compatíveis. Já é possível a realização de análise embrionária com seleção de embriões compatíveis, vide artigo científico que auxiliei a escrever (texto em inglês; ver link).

O ideal, sempre frente a um caso com anemia falciforme, é a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento curativo aos pacientes.

Ataxia de Machado-Joseph, ataxia espinocerebelar tipo 3 (SCA3): autossômica dominante, alteração de coordenação e equilíbrio; pode levar a cadeira de rodas

Ataxia espinocerebelar tipo 3: ataxia de Machado-Joseph

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Dentre as doenças neurogenéticas, existe um grupo de condições que são caracterizadas pelas ataxias. Entende-se ataxia como problemas de coordenação do equilíbrio. Dependendo do padrão de herança, há as condições autossômicas recessivas e as dominantes.

A ataxia hereditária mais comum é a ataxia espinocerebelar tipo 3 (SCA3) ou ataxia de Machado-Joseph. A ataxia de Machado-Joseph é uma condição caracterizada por problemas progressivos com o movimento. Nesta condição, inicialmente, apresentam-se com problemas de coordenação e equilíbrio (ataxia).

Também está descrito outros sinais e sintomas precoces na ataxia de Machado-Joseph. Isto incluem: dificuldades de fala, alteração na tensão muscular (distonia), rigidez muscular (espasticidade), tremores, olhos esbugalhados e visão dupla.

Pessoas com ataxia de Machado-Joseph podem experimentar distúrbios do sono, como síndrome das pernas inquietas; esta caracterizada por dormência ou formigamento nas pernas, acompanhada de uma vontade de mover as pernas para interromper as sensações.

Alterações do sono são frequentes em pessoas com ataxia de Machado-Joseph,  com distúrbio comportamental do sono REM (Rapid Eye Moviment), na qual os músculos estão ativos durante o estágio REM do sono. Os indivíduos afetados tendem a se sentir mais cansados ​​durante o dia.

Com o tempo, os indivíduos com ataxia de Machado-Joseph podem desenvolver perda de sensibilidade e fraqueza nos membros (neuropatia periférica), cãibras musculares, espasmos musculares (fasciculações) e dificuldades de deglutição.

Do ponto de vista de cognição, é possível que pessoas com ataxia de Machado-Joseph podem ter problemas com memória, planejamento e resolução de problemas.

Os sinais e sintomas da ataxia de Machado-Joseph geralmente iniciam na idade adulta, mas podem aparecer a qualquer momento, desde a infância até o final da idade adulta. Esta condição evolui a necessidade de cadeira de rodas e necessita de adaptação do ambiente que o indivíduo mora.

É causada pela expansão de tripletos CAG no gene da ataxina 3, ATXN3. Foi inicialmente descrita nas famílias de Machado e Joseph, descendentes da ilha de Açores (Portugal), nos Estados Unidos. Possui sua incidência alta em regiões com colonizadas por esta população, em especial o sudeste e sul do Brasil.

O ideal é sempre que suspeitar de condições semelhantes a ataxia de Machado Joseph, buscar um médico geneticista e um neurologista que em conjunto irá solicitar os exames complementares corretos, bem como realizar o diagnóstico e o posterior aconselhamento genético.

Terapia gênica, tratamento para doenças genéticas ainda experimental, que visa utilizando um vetor (vírus), a mudança de um gene mutado por um gene saudável

Terapia gênica e o tratamento para doenças genéticas

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Infelizmente, muitas condições geneticamente determinadas não possuem um tratamento específico. Algumas condições requerem mudança de dieta, como a doença da urina da xarope do bordo ou terapia de reposição enzimática nos erros inatos do metabolismo.

A terapia gênica é uma técnica ainda experimental. A ideia deste tipo de terapia seria utilizar os genes para tratar ou prevenir doenças. Num futuro próximo, a terapia gênica pode permitir o tratamento de doenças geneticamente determinadas inserindo o gene normal nas células do paciente.

Existem várias abordagens para proporcionar terapia genética, incluindo:

  • Substituição um gene alterado que causa doença, por uma cópia saudável do gene;
  • Inativação do gene mutado que está funcionando incorretamente;
  • Introdução um novo gene no corpo para ajudar a combater uma doença.

Do ponto de vista teórico, a terapia genética é projetada para introduzir material genético nas células para compensar genes anormais ou para produzir uma proteína benéfica, diferentemente da técnica da Crisper Cas9.

A terapia gênica, a partir da introdução da cópia normal do gene, faz com que se restaure a função da proteína. Utilizando-se um transportador, chamado vetor geneticamente modificado, para entregar o gene normal.

Este vetor são certos vírus modificados, para que não cause doenças quando usados ​​em pessoas. O vetor pode ser injetado ou administrado por via intravenosa (IV) diretamente em um tecido específico do corpo, onde é absorvido por células individuais.

Se o tratamento for bem sucedido, o novo gene entregue pelo vetor fará uma proteína funcional. As pesquisas estão avançando e avaliando a segurança da terapia genética. Existem estudos que mostraram que essa abordagem pode ter riscos de saúde muito graves, como toxicidade, inflamação e câncer.

A terapia gênica é relativamente nova. Por isso, alguns dos riscos podem ser imprevisíveis; pesquisas tentam garantir que a utilização da terapia gênica seja o mais segura possível.

Apesar de promissora, a terapia gênica permanece arriscada e ainda está em fase de estudo para garantir que ela seja segura e eficaz. Como sempre falo, todo tratamento deve-se pesar risco e benefício, se o risco for maior que o benefício não deve ser realizado.

Antes de iniciar qualquer tratamento experimental, por mais promissor que seja, procure um médico geneticista para verificar se este tratamento é indicado para o seu caso, além de avaliação de risco-benefício.

síndrome de phelan-mcdermid del22q13.3 cromossomo 22 em anel deleção 22 distal deleção 22q13.3

Síndrome de Phelan-McDermid: deleção 22q13.3 distal

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A síndrome da deleção do braço longo do cromossomo 22 (22q) é um complexo de condições, incluindo a síndrome de DiGeorge e a síndrome de Phelan-McDermid. A perda de um pedaço distal do braço longo do cromossomo 22 pode ocorrer a síndrome de deleção 22q13.3, também conhecida como síndrome de Phelan-McDermid.

A síndrome de Phelan-McDermid é uma condição geneticamente determinada, pela causado pela perda de um pequeno pedaço do cromossomo 22. A perda da região distal denominada 22q13.3 leva a uma síndrome de deleção de genes contíguos nesta região. Também está descrito a presença de cromossomo 22 em anel em alguns casos.

A síndrome de Phelan-McDermid apresentam características envolvendo diversas regiões do corpo. A principal característica é o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, diminuição do tônus muscular (hipotonia) e a deficiência intelectual, sendo uma das causas relativamente mais comuns.

Além do comprometimento cognitivo, algumas pessoas com síndrome de Phelan-McDermid podem apresentar sintomas do transtorno do espectro autista (TEA). Com isto pode ocorrer diminuição do contato visual, estereotipias, comportamentos agressivo e sensibilidade a toque e ao barulho. Também podem apresentar convulsões.

Já foi relatado na síndrome de Phelan-McDermid diminuição da sensibilidade a dor. Alguns podem apresentar diminuição da sudorese, sendo necessário cuidado com superaquecimento e desidratação. Já foi relatado doença do refluxo gastroesofágico e alguns apresentam episódios de vômitos e náuseas (vômitos cíclicos).

Do ponto de vista de características, a síndrome de Phelan-McDermid apresenta dismorfismos característicos. Inclui-se fácies típica: face alongada e estreita, ptose (pálpebras caídas) com olhos profundos, orelhas proeminentes e queixo pontudo.

Também foram observadas outras características físicas incluindo mãos e pés grandes, uma fusão do segundo e terceiro dedos (sindactilia) e unhas dos pés pequenas ou anormais. Alguns indivíduos afetados podem apresentam crescimento rápido (acelerado).

O ideal para a solicitação dos exames corretos, a definição diagnóstica, bem como a realização do aconselhamento genético é a avaliação genético-clínica com um médico geneticista.

O câncer de ovário e câncer hereditário câncer de mama e ovário hereditário gene BRCA1 BRCA2

O câncer de ovário e câncer hereditário

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Quando se ouve falar em câncer hereditário, sempre se fala nas síndromes de predisposição ao câncer, em especial a síndrome de Li-Fraumenni, o câncer gástrico difuso hereditário e o câncer de mama e ovário hereditário.

No complexo do câncer de mama e ovário hereditário, muito se fala sobre o câncer de mama, inclusive há um mês (outubro-rosa) de conscientização para este câncer, entretanto pouco se fala sobre câncer de ovário.

O câncer de ovário é uma doença que afeta as mulheres. Neste, certas células do ovário se tornam anormais e se multiplicam incontrolavelmente para formar um tumor. Os ovários são os órgãos reprodutivos femininos em que as células do óvulo são produzidas. Em cerca de 90% dos casos, ocorre após os 40 anos, em especial após os 60 anos.

Nos critérios de pesquisa de câncer hereditário, um dele seria aparecimento de câncer raro, sendo o câncer de ovário uma de suas indicações. Enquanto o câncer de mama é o mais comum nas mulheres, menos de 1% das mulheres irão desenvolver este tipo de tumor.

Alguns tipos de câncer de ovário podem se manifestar em grupamentos dentro de uma mesma família. O câncer hereditário hereditários está associados a mutações genéticas, em especial aos genes BRCA1 e BRCA2. A idade de aparecimento do câncer de ovário na sua forma hereditária é em torno da terceira e quarta década de vida.

Em seus estágios iniciais, o câncer de ovário geralmente não causa sintomas perceptíveis. Infelizmente não há rastreamento eficaz para este tipo de câncer, a ultrassonografia transvaginal, quanto se suspeita da condição, já está em estado avançado.

À medida que o câncer avança, podem aparecer sinais e sintomas. Porem estes são inespecíficos, e muitas confundem-se com outras doenças mais comuns. Apresentar esses sintomas não significa que uma mulher tenha câncer de ovário.

Exemplos de sintomas associados: dor ou sensação de peso na parte inferior do abdômen, inchaço, sensação de saciedade ao comer, dor nas costas, sangramento vaginal entre períodos menstruais ou após a menopausa ou mudanças nos hábitos urinários ou intestinais.

O câncer de ovário pode ser difícil de tratar, visto que, muitas vezes, é diagnosticado tardiamente. O ideal é sempre realizar acompanhamento periódico com ginecologista, e em caso de muitos familiares com câncer, buscar um médico geneticista para realização do aconselhamento genético.

Epigenética o que é? Como funciona a epigenética?

O que é a epigenética? Como funciona a epigenética?

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Com a evolução da genética, ocorreu a ascendência de áreas da genética que estudam temas específicos. A atividade gênica pode ser afetada por modificações da estrutura do DNA que, entretanto, não alteram a sequência de DNA podem afetar a atividade gênica.

Estas alterações da estrutura do DNA podem ser compostos químicos que são adicionados a genes únicos podem regular sua atividade. O estudo dessas modificações da estrutura do DNA é conhecida como a epigenética, e estas alterações são denominadas alterações epigenéticas.

O epigenoma é o conjunto de todos os compostos químicos que foram adicionados à totalidade do DNA (genoma) como forma de regular a atividade (expressão) de todos os genes dentro do genoma. Compostos químicos do epigenoma estão ligados ao DNA e não fazem parte da sua sequência.

O meio externo ao indivíduo apresenta influências ambientais, como a dieta de uma pessoa e a exposição a agrotóxicos, poluentes. Estes fatores também podem afetar o epigenoma. Modificações epigenéticas permanecem enquanto as células se dividem e, em alguns casos, podem ser herdadas através das gerações.

As alterações epigenéticas podem ajudar a determinar se os genes são ativados ou desativados e podem influenciar a produção de proteínas em certas células.  Garantem, dessa forma, que apenas as proteínas necessárias sejam produzidas.

Padrões de modificação epigenética variam entre indivíduos, diferentes tecidos dentro de um mesmo indivíduo e até em células diferentes.

A metilação é a forma mais comum de modificação epigenética. A metilação envolve a ligação de pequenas moléculas chamadas grupos metil, cada qual consistindo de um átomo de carbono e três átomos de hidrogênio, para segmentos do DNA. Quando grupos metil são adicionados a um gene particular, esse gene é desligado ou silenciado, e nenhuma proteína é produzida a partir desse gene.

O principal exemplo de metilação é o que ocorre na síndrome de Prader-Willi e na síndrome de Angelman. Em que o gene é silenciado, SNRP1 e UBE3A respectivamente, a partir dos grupamentos metil.

Outras condições, incluindo cânceres, distúrbios metabólicos e distúrbios degenerativos já foram todas relacionadas a alterações epigenéticas desde a célula quanto ao individuo.

Apesar de citado, a epigenética não age com mudança de características físicas do indivíduo. Por exemplo, mães em que receberam doação de óvulo não passam suas variantes genéticas e consequentemente suas características físicas para seus filhos. Entretanto fazer parte de uma família ou de um grupo social molda a personalidade do indivíduo.

Vale ressaltar que os fenômenos epigenéticos é um desafio, e nem sempre é possível obter uma resposta clara quanto a sua ocorrência. Sempre falo a importância do aconselhamento genético para compreensão dos fenômenos de epigenética.

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