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Caio Graco Bruzaca

Teste genético pré-concepção: uma realidade ou ficção

By | Reprodução Humana | No Comments

Em busca  de garantias, cada vez mais casais vão em busca de aconselhamento genético por conta do medo de ter um filho com algum tipo de malformação congênita ou alguma síndrome. Durante o aconselhamento genético é realizado a avaliação da arvore genealógica do casal, a fim de avaliar o histórico de doenças na família, além de ocorrência de deficiência intelectual, autismo ou até mesmo câncer.

Realizando-se o aconselhamento genético pré-concepcional e avaliando-se a história de cada casal. É verificado se há ou não algum grau de parentesco, mesmo que remoto, para pessoas provenientes de uma mesma região. E a partir daí é sugerido uma série de exames, são o chamado teste genético pré-concepcional. Vale ressaltar que os testes genéticos estão cada vez mais avançados, e mais detalhados e específicos para cada caso, este teste é diferente do teste genético direto ao consumidor e ao teste de ancestralidade.

O teste genético pré-concepcional é solicitado apenas após a realização do aconselhamento genético pré-concepcional. O teste genético pré-concepcional pode ser compreendido de exames comuns, que não são nem genéticos, propriamente dito.

Na avaliação pré-concepcional ou até mesmo na avaliação pré-nupcial pode ser solicitado as sorologias, que avaliam desde doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), como HIV, hepatites B e C, sífilis, além de outras sorologias importantes como o citomegalovirus (CMV), toxoplasmose e rubéola. Estes exames são importantes visando tanto o casal como um todo, quanto a ocorrencia destas doenças no futuro bebê.

Visando doenças geneticamente determinadas, há a eletroforese de hemoglobina, que avalia o grupo de doenças denominadas hemoglobinopatias ou doenças de hemoglobina. Está presente a anemia falciforme e a talassemia. Este exame é simples, barato e até mesmo no sistema único de saúde (SUS) é realizado. Uma vez sabendo que os futuros pais são portadores da doença, é realizado o aconselhamento genético e sugerido até mesmo a realização de fertilização in vitro com análise genética de embriões.

Outro exame que considero imprensidível é a realização do cariótipo do casal. Este exame avalia os cromossomos dos futuros pais a fim de prevenir a ocorrência de alterações cromossômicas desbalanceadas, vide quando um dos pais possuem o cariótipo alterado.

Já os testes genéticos pré-concepcionais, ditos como “painel de compatibilidade de casal” são de uso restrito, não possuem cobertura na saúde suplementar e não beneficia todos os casais, apenas alguns casos específicos. É o caso de casamento entre parentes, ou em grupos étnicos específicos, como os judeus. Vale ressaltar que este exame normal não significa que um casal não tem risco de ter um filho malformado.

Comercialmente há diversos laboratórios com estes exames. A maioria segue listas de doenças genéticas comuns nos Estados Unidos e na Europa, e não refletem a realidade brasileira. Vale ressaltar sempre a importância do aconselhamento genético, realizado por um médico geneticista, antes da realização de quaisquer exame genético. Discutir os riscos e benefícios assim como as limitações de cada teste é imprescindível.

Displasia ectodérmica hipoidrótica Síndrome de Christ Siemens Touraine

Displasia ectodérmica hipoidrótica: conheça esta doença afeta a pele

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Displasia ectodérmica é um grupo de doença genética rara relativas as genodermatoses. As genodermatoses são condições geneticamente determinadas que afeta a pele. Outro exemplo de genodermatose é a neurofibromatose tipo 1.

O quadro clínico observa-se nos primeiros dias de vida, com desenvolvimento anormal dos chamados derivados ectodérmicos. Enquanto feto, os nossos tecidos são divididos em endoderme (dentro), mesoderme (entre) e ectoderme (fora).

Os derivados ectodérmicos são: pele, unhas, cabelo, dentes e glândulas sudoríparas (que produzem suor). Como grupo complexo e heterogêneo, já foram descritas mais de 100 tipos de displasias ectodérmicas. Neste post irei falar apenas relativa a displasia ectodérmica hipoidrótica ligada ao X ou síndrome de Christ-Siemens-Tourene.

A maioria das pessoas com displasia ectodérmica hipoidrótica tem uma capacidade reduzida ou nenhuma de suar. Estas pessoas possuem glândulas sudoríparas com função reduzidas ou simplesmente não funcionam adequadamente.

A sudorese ou o suar é uma forma que o corpo faz para controlar sua temperatura. Com a produção do suor, este evapora da pele e consequentemente esfria o corpo. A sudorese reduzida ou nula leva a uma temperatura corporal perigosamente alta (hipertermia), particularmente em clima quente. A hipertermia pode causar problemas de saúde potencialmente fatais.

As pessoas com displasia ectodérmica hipoidrótica tendem a ter couro cabeludo e pelos corporais finos e esparsos, sinal conhecido como hipotricose. O cabelo é frágil, de crescimento lento e de cor clara. A displasia ectodérmica hipoidrótica também é caracterizada por vários dentes ausentes, dentição atrasada ou dentes malformados.

Algumas pessoas com displasia ectodérmica hipoidrótica têm características faciais distintas. É uma condição clinicamente reconhecível, e qualquer médico geneticista ao olhar já identifica este diagnóstico. O crescimento e desenvolvimento é normal, e a inteligência é normal, não tendo nenhum tipo de prejuízo cognitivo.

Sempre falo a importância da construção da auto-estima para pessoas com qualquer tipo de condição geneticamente determinada. O ideal antes de qualquer diagnóstico é a realização da avaliação genético-clínica com médico geneticista para realização correta do diagnóstico e posterior aconselhamento genético.

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Casamento consanguíneo: quando parentes se casam

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O casamento entre parentes ou o casamento consanguíneo é uma queixa frequente na genética médica. Seja casamentos entre primos, ou até mesmo com grau de parentesco menor a consulta com médico geneticista é indispensável.

Uma vez que possuímos um ancestral em comum, seja avós, bisavós ou até mesmo de uma região, é possível que alelos raros de genes se encontrem. Fatores socioculturais e isolados geográficos contribuem consideravelmente para ocorrência de casamento entre parentes.

Do ponto de vista legal, na Lei do Brasil, não há impedimento a casamento entre parentes até primos em primeiro grau. Entende-se primo em primeiro grau quando o pai de um dos cônjuges é tio do outro cônjuge. Graus de parentescos maiores que primos é necessária a avaliação com médico geneticista para o casamento civil ter validade.

Do ponto de vista religioso, as religiões judaico-cristãs não proíbem casamentos entre primos. A própria igreja católica durante séculos fez vista grossa com casamento entre parentes. Religiões orientais como o islamismo não fazem nenhum contragosto, inclusive há muitas populações de povos árabes em que o grau de casamento entre parentes é alto.

No Brasil, há três regiões em que o casamento de primos possuem frequência alta, incluem-se o nordeste, o sul de Minas Gerais e o norte do Paraná. Por conta de questões socioculturais e por muitas vezes estarem localizados em isolados geográficos.

O maior exemplo de isolado geográfico em que ocorre o casar com primo é a Ilha de Lençóis no município de Cururupú, Maranhão. E com a alta taxa de casamento entre parentes, há a maior ocorrência de doenças raras, no caso o albinismo oculocutâneo.

Uma vez que um casal tem um ancestral em comum, ocorre maior probabilidade de ocorrência das doenças autossômicas recessivas, por exemplo a doença da urina de xarope do bordo e as doenças vistas no teste do pezinho.

Durante o aconselhamento genético, é realizado a arvore genealógica do casal, a fim de entender melhor o grau de parentesco. Além disso é avaliado se há outro casamento entre primos, além de avaliar se há casos de crianças que nasceram com algum problema.

A história familiar detalhada e a avaliação de doenças genéticas ou hereditárias são as principais ferramentas que um médico geneticista utiliza durante a avaliação de casais.

Sempre reforço a necessidade de qualquer casal de primos a realização do aconselhamento genético com um médico geneticista a fim da realização de exames complementares e por fim definir os riscos de ocorrência de doenças genéticas nos filhos do casal.

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Palestra sobre genética e síndrome de Down no Curso de Especialização CEPEC-SP

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No sábado, dia 02 de fevereiro de 2019, fui convidado, representando a Chromosome Medicina Genômica, para dar palestra sobre genética no Curso de Especialização em Síndrome de Down, no Centro de Estudos e Pesquisa Clínica de São Paulo (CEPEC-SP). Este curso é coordenado pelo Dr. Zan Mustacchi.

O público alvo era pediatras nas diversas especialidades e a equipe multidisciplinar, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicopedagogos. O tema da palestra era sobre novos exames em genética, em especial na citogenética e sua aplicabilidade na síndrome de Down.

Apesar de este ser o tema central, sempre gosto de falar sobre a vivência do médico geneticista, tanto em consultório quanto na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-SP). Para um público bem diversificado, foi possível falar sobre o que é deficiência intelectual, sobre as causas, bem como como é a vida de um indivíduo com deficiência intelectual.

Ainda sobre isso, sempre falo sobre a diferença entre diagnóstico sindrômico, etiológico, tratamento e aconselhamento genético. Isto é fundamental em toda consulta com médico geneticista e por fim a rodada de discussões que foi muito produtiva.

Síndrome de Noonan o que é baixa estatura ptose baixa estatura inteligência normal

Síndrome de Noonan: o que é?

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A síndrome de Noonan é uma condição génetica que altera muitas características de um indivíduo. Antes de tudo, síndrome quer dizer “coisa que vem junto” que algum médico descreveu previamente.

A síndrome de noonan apresenta-se com características faciais levemente incomuns, baixa estatura, malformação cardíaca, e muitos outros sinais e sintomas.

Os indivíduos com síndrome de Noonan têm características faciais muito típicas. Podem apresentar olhos espaçados, olhos com ptose (pálpebra caída) e orelhas baixas que são giradas para trás. Menos comumente podem apresentar o que chamamos de palato ogival (grande arco no céu da boca), desalinhamento dentário e mandíbula pequena (micrognatia).

Muitos indivíduos com síndrome de Noonan podem apresentar um pescoço curto ou até mesmo ter excesso de pele no pescoço, também conhecido como pescoço alado. Esta característica de pescoço alado também está presente em outras síndromes.

Do ponto de vista esquelético, os indivíduos com síndrome de Noonan podem apresentar peito mais afundado, também conhecido como pectus excavatum ou um peito protuberante conhecido como pectus carinatum. Em uma minoria de casos podem apresentar escoliose, ou encurvamento da coluna.

Uma das características típicas de síndrome de Noonan é a baixa estatura. Cerca de 50 a 70% de todos os indivíduos apresentam com baixa estatura. Podem apresentar níves anormais de hormônio de crescimento (GH), entretanto não são todos os indivíduos com síndrome de Noonan que apresentam boa resposta e possuem indicação para uso do GH.

A maioria dos indivíduos com síndrome de Noonan tem alguma forma de cardiopatia congênita. A cardiopatia congênita mais comum é o estreitamento da válvula que controla o fluxo sanguíneo do coração para os pulmões, a chamada estenose da válvula pulmonar. Alguns podem apresentar a cardiomiopatia hipertrófica, que aumenta e enfraquece o músculo cardíaco.

Durante a passagem para a adolescentes, tanto meninos quanto meninas com síndrome de Noonan podem apresentar puberdade tardia. Eles passam pela puberdade a partir dos 13 ou 14 anos e apresentam crescimento puberal reduzido que resulta em estatura reduzida.

Quanto a fertilidade, em alguns homens podem apresentar infertilidade masculina por apresentarem testículos que não desceram, a chamada criptorquidia. Já em mulheres com síndrome de Noonan a maioria tem fertilidade normal.

A síndrome de Noonan pode causar uma variedade de outros sinais e sintomas. A maioria das crianças diagnosticadas com síndrome de Noonan tem inteligência normal e não apresentam atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.

A síndrome de Noonan é parte de um grupo de condições relacionadas, coletivamente conhecidas como RASopatias. Todas estas condições têm sinais e sintomas semelhantes e são causadas por alterações na mesma via de sinalização celular. O diagnóstico é realizado a partir da suspeite clínica e testes genéticos específicos.

O ideal frente a suspeita desta e de outras síndromes é sempre buscar um médico geneticista. Este irá realizar o aconselhamento genético além da investigação com a indicação dos exames genéticos corretos.

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Acondroplasia, a forma mais comum de nanismo.

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A acondroplasia é uma displasia esquelética e um dos tipos mais comuns de nanismo. Entende-se como nanismo o comprometimento da altura final, em que pode ou não afetar diretamente a vida de um indivíduo. O termo acondroplasia significa ausência de formação das cartilagens.

A cartilagem é um tecido flexível e resiste que compõe a formação inicial dos ossos. Na acondroplasia ocorre a dificuldade em conversão da cartilagem em ossos, especialmente em ossos longos de braços e pernas.

A baixa estatura é mandatário no nanismo, em especial na acondroplasia. Enquanto o indivíduo sem baixa estatura, em média, homens tem 1,70m e mulheres em torno de 1,60m, pessoas com nanismo, em especial a acondroplasia, possuem altura final em torno de 1,30m para homens e 1,20m para mulheres.

As características sempre frequentes na acondroplasia é o tronco de tamanho médio enquanto membros muito encurtados, com limitação do movimento das articulações. Ou seja, braços e coxas bem curtos com movimentação de cotovelos e joelhos diminuídos.

Ainda no período intra-útero, ou seja, durante o pré-natal, é possível se suspeitar de alterações esqueléticas, em especial da acondroplasia. É feita todas as medidas do feto. Ocorre então os ossos longos encurtados, o que pode sugerir esta condição.

Outra característica é o aumento do tamanho da cabeça, ou seja, a macrocrania. Há a impressão de desproporção entre a cabeça e o resto do corpo da pessoa com acondroplasia. Os dedos da mão também são encurtados e dão impressão de mão em tridente.

Apesar das alterações esqueléticas, não há comprometimento de inteligência ou mesmo relativo a cognição. A inteligência é normal, inclusive muitas pessoas com acondroplasia tem uma vida quase normal, inclusive tendo nível superior e vida ocupacional normal.

A única dificuldade encontrada para pessoas com acondroplasia é a dificuldade com os objetos, como altura de balcões, maçanetas, janelas, dentre outros. Para isto pode-se adaptar o ambiente de trabalho e em casa. O melhor tratamento da acondroplasia, bem como em muitos casos de nanismo é construção de autoestima.

A autoestima de pessoas com acondroplasia pode ser comprometida por conta de bullying em ambiente escolar, além do ser diferente. Pelo nanismo, em geral, muitas pessoas com acondroplasia casam com pessoas que também tem acondroplasia. Sempre falo a todos os meus pacientes com acondroplasia relativo a este problema.

A acondroplasia é uma condição geneticamente determinada, em que há alteração no gene FGR3. Esta alteração em geral é de novo, ou seja, aconteceu na criança, ou pode ser passada de geração em geração. Segue o padrão autossômico dominante, e por isto há risco de ocorrência de acondroplasia nos filhos dessas pessoas.

Quando um casal com acondroplasia se casa, existe a possibilidade de ocorrência da forma letal da acondroplasia. Esta forma pode ser prevenida a partir da realização de fertilização in vitro com análise embrionária.

O ideal é buscar um médico geneticista para realização do diagnóstico correto e a realização de exames complementares. Assim, é possível a realização do aconselhamento genético para indivíduos com acondroplasia

Causa deficiência intelectual causas cariótipo x-frágil médico geneticista genética médica

O que causa deficiência intelectual?

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A deficiência intelectual é uma queixa frequente em ambulatórios de genética. A família fica apreensiva, gostaria muito de entender o que se passar com a criança. Esta está demorando em andar, para falar ou até mesmo apresentando dificuldade escolar. Para entender melhor o que é deficiência intelectual, ver link; para transtorno do espectro autista ou autismo, ver link.

Neste post irei falar sobre as causas genéticas de deficiência intelectual, e um pouco sobre os exames complementares solicitados. Frente a uma criança com suspeita de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e/ou deficiência intelectual, é realizado a avaliação genético-clínica.

A avaliação genético-clínica compõe de uma consulta médica bem detalhada, realização do heredograma (ou arvore genealógica), o exame físico e os exames complementares.

Sempre se divide em dois grupos: as síndromes clinicamente reconhecíveis, e as outras que necessitam de exames complementares.

Antes de tudo, síndrome quer dizer “coisa que vem junto”, ou seja, diversos sinais e sintomas que foram previamente descritas por algum médico.

Quanto é solicitado o cariótipo, visamos buscar uma alteração grande do material genético. Vide as trissomias, em especial a síndrome de Down. Nesse caso, com o cariótipo já se identifica algumas condições. Vale ressaltar que há outros exames também a serem solicitados.

A síndrome do X-frágil faz parte do que chamamos de deficiência intelectual ligada ao cromossomo X. É frequente em meninos com deficiência intelectual, ou até mesmo atraso de linguagem isolada e autismo. O exame a ser solicitado é a pesquisa de X-frágil por reação de polimerase em cadeia (PCR; TUSS: 40.31.42.35), vale ressaltar que este exame é de uso restrito, vide o post relativo à porque o convênio negou o exame de genética.

Existem outros exames a serem solicitados, o que varia de cada caso, como por exemplo a Síndrome de Williams-Beuren, em que se solicita o exame hibridização fluorescente in situ (FISH) específico para a condição. Ou a síndrome de Prader-Willi em que se solicita outro tipo de exame.

Muitos casos, mesmo com a utilização de exames complementares muito sofisticados, não é possível determinar a causa da deficiência intelectual. Por conta de muitos casos serem multifatoriais (meio ambiente e alguma predisposição genética), ou até mesmo ambientais como o caso do uso de álcool durante a gestação.

Vale ressaltar que a maioria dos casos, a definição do diagnóstico etiológico não muda o tratamento. Infelizmente deficiência intelectual não há cura, não há remédio ou tratamento específico.

O ideal é buscar um médico geneticista para melhor elucidar o diagnóstico e solicitar os exames complementares corretos, no tempo correto. A falta de um diagnóstico correto pode prejudicar realização do aconselhamento genético.

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Luto pós-perda gestacional: o sentimento paterno esquecido

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O luto pós-perda gestacional é um sentimento que ocorre, assim como qualquer outra perda de um ente querido. Normalmente este sentimento pode atrapalhar a vida conjugal de um casal. A mulher muitas vezes sofre mais que o homem. Este texto irei falar sobre o lado paterno. Para o sofrimento de muitas mulheres relativos a perdas gestacionais, ver link.

O luto pós-perda paterna ocorre quando há uma interrupção abrupta do sentimento pai-filho. Acontece menos frequentemente em uma perda gestacional ou mais comumente por morte da criança precocemente, como o que ocorre com a criança com malformação congênita.

Frente a uma perda de um filho, o homem assume uma postura de apoio da mulher. Esta postura de apoio, o homem é cobrado inconscientemente por uma postura firme, viril e não pode ceder à tristeza. O auxílio da superação ao trauma da mulher faz com que muitos sofram “calados”.

O machismo da sociedade e a virilidade são postos em cheque durante a perda de um filho. O homem também sofre, como a mulher, e muitas vezes também necessitam de auxilio, seja na própria família, ou por um profissional.

A fragilidade da masculinidade é um grande problema. Muitos homens ocorre uma negação do sentimento de luto pós-perda, e inclusive cegam-se para fingir não esta acontecendo nada, ou seja, não está sofrendo.  Não ocorre o permitir-se a ter estes sentimentos. Muitas vezes ocultando, não permitindo que os sentimentos se tornem visíveis e audíveis.

Nas perdas gestacionais, este sentimento é ainda mais ocultado. É muito incomum os homens respeitarem e viverem o luto pós-perda gestacional. Como não houve um nascimento, não houve uma criança, não houve convivência e por consequência não houve luto, é como funciona a mente de muitos homens.

O luto paterno nas perdas gestacionais é ainda mais íntimo e silencioso. O homem tem a percepção de provedor e apoiador da mulher. Sentimentos como lembrança, saudade e tristeza são silenciados a fim de manter a imagem de homem viril que a sociedade cobra.

Infelizmente, diferente do que ocorre com as mulheres, não há grupos de apoio, não há redes sociais e profissionais com empatia para lidar com o luto paterno. Na minha prática como médico geneticista tento sempre auxiliar o casal sobre como lidar com a perda e com o luto que estão vivenciando.

Beta positivo atraso menstrual teste de gravidez Cuidados iniciais da gestação Beta-HCG

Beta positivo: atraso menstrual e o teste de gravidez positivo

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O beta positivo é um termo que confirma a gravidez. Inicialmente a mulher tem um atraso menstrual de alguns dias, e após fazer o teste de farmácia dar positivo, é realizado o exame de sangue, chamado Beta-HCG.

O beta positivo abre um leque de possibilidades, a partir do beta positivo, a mulher começa o sentimento de maternidade, o ser mãe.

A partir do beta positivo, a mulher, agora mamãe, inicia um processo, um turbilhão de sentimentos passa pela sua cabeça. Chá revelação, chá de bebê, enxoval, quarto do bebê, nome, sexo da criança, são preocupações que muitas mulheres possuem.

O beta positivo é o sonho de muitas mulheres em tratamento de reprodução. Entretanto pode ser o início de um tormento para mulheres que passam pela perda gestacional e quando as gestações são indesejadas, como durante a adolescência.

Com o beta positivo, iniciam-se os cuidados iniciais da gravidez. Ao iniciar o pré-natal, deve realizar as consultas obstétricas, que no mínimo são seis, durante toda a gestação. Durante as consultas do pré-natal são solicitadas as sorologias (para avaliar: HIV, hepatites, sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus) além dos exames complementares para avaliar glicemia, tireóide, tipagem sanguínea, dentre outros.

A maior preocupação são as ultrassonografias. É feita a primeira ultrassonografia transvaginal para confirmar a gravidez, por volta de seis a nove semanas. Nela é visto se há ou não embrião, como na gravidez anembrionária.

Uma vez confirmado a gestação, e já iniciado o pré-natal, pode ser feito o teste pré-natal não invasivo, para tranquilizar a futura mamãe já nas primeiras semanas, para avaliação de risco de aneuploidia. O exame da translucência nucal  no primeiro morfológico é a segunda ultrassonografia a ser realizada.

Sempre frente a alguma alteração de quaisquer exames complementares, buscar um médico geneticista, que juntamente com um médico obstetra, irá auxiliar nas tomadas de decisões e sugerir as melhores soluções para cada problema.

Gravidez anembrionária ou gestação anembrionada: uma causa comum de perda gestacional.

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A gravidez anembrionária ou gestação anembrionada é um tipo comum de perda gestacional ou aborto espontâneo. Neste post irei falar apenas sobre gravidez anembrionária ou gestação anembrionada, para outras causas de perdas gestacionais ver links (alteração do cariótipo dos pais; trombofilia; alteração de tireóide; luto pós-perda gestacional).

Na sobre gravidez anembrionária ou gestação anembrionada ocorre uma perda gestacional muito precoce, durante o primeiro trimestre. O casal normalmente engravida em casa, sem uso de tecnologia de reprodução assistida. Assim que ocorre um atraso menstrual, a mulher realiza o exame de farmácia ou no laboratório, o beta-HCG, em que este dá positivo.

Uma vez que o beta-HCG dá positivo, é realizado a ultrassonografia transvaginal. Nesta ultrassonografia observa-se apenas o saco gestacional e nenhum embrião. O blastocisto (embrião) é formado a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, mas o feto nunca se desenvolve.

Do ponto de vista do estudo material do aborto, mesmo na gravidez anembrionária ou gestação anembrionada pode ser encontrado material fetal. Este, se possível, deve ser realizado o exame do cariótipo dos restos ovulares, indico o Afero, teste genético realizado pelo laboratório Chromosome Medicina Genômica.

A principal causa da gravidez anembrionária ou gestação anembrionada são as alterações cromossômicas do embrião: as aneuploidias, em especial as trissomias. Sempre relato que as três primeiras semanas do embrião são cruciais para ele. Existe uma espécie de padrão de qualidade ou “ISO9001” do corpo humano, que não permite o embrião se desenvolver.

Caso esta alteração cromossômica passe pelo padrão de qualidade do nosso corpo, pode ocorrer uma malformação congênita muito grave, como a trissomia do 18 ou síndrome de Edwards. A trissomia do cromossomo 16 é a principal causa cromossômica de perda gestacional e não causa nenhum quadro de malformação congênita. As aneuploidias, em especial as trissomias, tem relação com a idade materna.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para elucidação correta do diagnóstico, e posterior realização do aconselhamento genético, com a solicitação de exames complementares corretos na hora correta. Muitas vezes os obstetras não solicitam o estudo do material do aborto o que atrapalha na elucidação diagnóstica.

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