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Caio Graco Bruzaca

Fibrose cística a cinco passos de você gene CFTR

Fibrose cística: entenda a doença do filme a cinco passos de você

By | Doenças Raras | No Comments

Neste mês, está em cartaz o filme A cinco passos de você, baseado no livro homônimo de Rachel Lippincott. Neste filme trata-se de um casal com a condição genética fibrose cística. A fibrose cística é uma doença genética que é caracterizada pelo acúmulo de muco espesso e pegajoso que comprometer muitos dos órgãos do corpo.

A fibrose cística apresenta como sinais e sintomas mais comuns danos progressivos ao sistema respiratório e problemas crônicos do aparelho digestivo. As características do distúrbio e sua gravidade variam entre os indivíduos afetados.

O muco em que estamos falando é uma substância escorregadia que lubrifica e protege os revestimentos de: vias aéreas, sistema digestivo, sistema reprodutivo e outros órgãos e tecidos.

Em indivíduos com fibrose cística, o corpo produz muco anormalmente espesso e pegajoso. Este muco anormal pode a obstrução de vias aéreas, ocasionando graves problemas de respiração e infecções bacterianas nos pulmões.

Essas infecções freqüentes em pessoas com fibrose cística causam tosse crônica, chiado e inflamação. Com o tempo, o acúmulo de muco e as infecções resultam em dano pulmonar crônico e permanente, incluindo a formação de tecido cicatricial, ou seja, fibrose; além de cistos nos pulmões.

Devido a infecções recorrentes, pessoas com fibrose cística apresentam com colonização de bactérias causadoras de pneumonia, como a Pseudomonas aeruginosa; Staphilococcus aureus dentre outras.

O filme A cinco passos de você retrata bem a questão em que dois indivíduos com fibrose cística não podem conviver juntos, pois pode haver trocas de colonização de bactérias, o que leva a quadros ainda mais graves de pneumonia e resistência bacteriana

A maioria das pessoas com fibrose cística podem apresentar concomitantemente problemas digestivos. Alguns bebês afetados apresentam íleo meconial, um bloqueio do intestino que ocorre logo após o nascimento.

Outros problemas digestivos resultam de um acúmulo de muco espesso e pegajoso no pâncreas. O pâncreas além de produzir insulina, produzem enzimas para digerir alimentos. Com a produção anormal do muco, o pâncreas danifica-se, prejudicando sua capacidade de produzir insulina e enzimas digestivas.

Devido aos problemas digestivos causados pela fibrose cística, o indivíduo pode apresentar diarréia, desnutrição, baixo crescimento e perda de peso. Na adolescência ou na idade adulta, a falta de insulina decorrente do dano pancreático pode causar a diabetes mellitus relacionada à fibrose cística.

Há muitas décadas, a fibrose cística costumava ser considerada uma doença fatal da infância. Hoje, é uma das doenças do teste do pezinho, além de que com melhores tratamentos e melhores formas de lidar com a doença, muitas pessoas com fibrose cística agora vivem bem na idade adulta.

Adultos com fibrose cística apresentam problemas de saúde que afetam outros os sistemas  além do respiratório, digestivo e reprodutivo. Em homens com fibrose cística podem apresentar infertilidade masculina devido a agenesia bilateral congênita dos ductos deferentes, tema que será discutido em outro post.

Do ponto de vista genético é causado por mutação do gene CFTR, este gene é responsável pela passagem do Cloro pela membrana das células. O que dá outra característica ao indivíduo que é o suor ainda mais salgado, além do exame que diagnóstica é a pesquisa de cloro no suor.

Existem mais de 2000 mutações no gene do CFTR, e cabe ao médico geneticista, além de confirmar o diagnóstico a solicitação e interpretação do teste genético, fora estimar o risco de recorrência nos futuros filhos do casal, a partir do aconselhamento genético.

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A mutação da protrombina: a segunda trombofilia hereditária mais comum

By | Perdas gestacionais | No Comments

Dentre todas as trombofilias hereditárias, a mutação da protrombina G20210A é a segunda mais comum, só perda para a mutação do fator V de Leiden. Entende-se como trombofilia hereditária uma condição geneticamente determinada em que a ocorre na coagulação do sangue. Uma pessoa com trombofilia apresenta uma tendência maior para formar coágulos sanguíneos anormais nos vasos sanguíneos.

As pessoas que têm trombofilia, pela presença da mutação da protrombina G20210A apresentam risco aumentado para formação de coágulo de sangue, e pode levar à formação da trombose venosa profunda. Esta ocorre normalmente ocorre nas veias profundas das pernas.

As pessoas afetadas também apresentam um maior risco de desenvolver um tromboembolismo pulmonar. O coagulo de sangue formado nas veias calibrosas “passeia” pelo corpo até chegar na corrente sanguínea dos pulmões.

Apesar do risco aumentado de formar coágulos de sangue, a grande maioria das pessoas com mutação da protrombina nunca irá desenvolver coágulos sanguíneos anormais.

Existe associação entre a mutação da protrombina e o risco aumentado para perdas gestacionais a partir de 10 semanas. Antes desse período há pesquisas que contraindicam a investigação. Além disso, pode aumentar o risco de outras complicações durante a gravidez.

As complicações podem incluir a pressão alta gestacional (hipertensão ou pré-eclampsia), além de crescimento fetal lento e descolamento prematuro da placenta. Estas alterações estão associados a trombose placentária, semelhante ao que ocorre na síndrome do anticorpo-antifosfolípide.

Apesar do risco aumentado de complicações, é importante frisar, no entanto, que a maioria das mulheres com mutação da protrombina tem gestações normais, em que não ocorre absolutamente nada. Além de que muitos estudos comprovam que o uso de anticoagulantes não evita as complicações.

A mutação da protrombina é causada por uma alteração do gene F2. Outro termo comum para a protrombina é o fator II da coagulação, por isso gene F2. O gene F2 desempenha um papel crítico na formação de coágulos sanguíneos em resposta a lesões.

A proteína produzida a partir do gene F2, é o precursor da trombina. Esta inicia uma série de reações químicas para formar um coágulo sanguíneo. A mutação da protrombina resulta em um gene F2 hiperativo que faz com que seja produzida excesso da protrombina.

A cascata da coagulação depende de uma série de fatores, e com o excesso de protrombina, forma muito mais trombina, o que propicia a maior chance de formação de coágulos sanguíneos.

A probabilidade de ocorrer um coágulo anormal em um vaso sanguíneo depende se uma pessoa herda uma ou duas cópias da mutação do gene F2. Na população em geral, o risco de desenvolver um coágulo sanguíneo anormal é de cerca de 1 em cada 1.000 pessoas por ano.

Ao ter uma mutação da protrombina (heterozigoto) aumenta esse risco para 2 a 3 em 1.000. As pessoas que herdam duas cópias da mutação (homozigoto mutante), uma de cada pai, podem ter um risco de 20 em 1.000. Vale ressaltar que o homozigoto selvagem significa normalidade.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para realização do aconselhamento genético, e posterior decisão de quais os melhores testes genéticos a serem realizados. Em conjunto com o hematologista e o cirurgião vascular será programado o melhor tratamento.

Tema da palestra: diagnóstico genético pré-implantacional

III Seminário de Doenças Raras Carioca – Rio de Janeiro (RJ)

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Ontem, dia treze de março de 2019, participei do III Seminário de Doenças Raras Carioca, realizado no Rio de Janeiro (RJ). Fui convidado pela associação MOVELA para ministrar a palestra “Diagnóstico genético pré-implantacional na prevenção de doenças raras”.

Durante esta palestra apresentei um pouco sobre a vivencia na APAE-SP, além das novas tecnologias, os novos exames, e por fim apresentei a utilização da análise embrionária durante o tratamento de reprodução assistida.

Vale ressaltar que foi altamente proveitosa, apesar da baixa acessibilidade do local num evento focado nos raros. Troquei experiencias com associação de portadores e/ou pais: fibrose cística, da epidermólise bolhosa, da acondroplasia, da polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) e outras pessoas com esclerose lateral amiotrófica (ELA).

De qualquer forma, sempre é proveitoso participação em eventos como este, o meu papel como médico geneticista, além do consultório é a educação em saúde, ou seja, ensinar a população sobre condições, inovações e novas tecnologias para enfim poder promover saúde.

Medicina de precisão genética médica medicina do futuro individualização do tratamento

Medicina de precisão – o futuro da medicina

By | Genética Médica e Genômica | No Comments

Com a evolução da genética médica, tecnologias novas e novas terminologias vem sendo aplicada a prática médica. Uma das grandes evoluções é a medicina de precisão. A medicina de precisão é definida como uma abordagem emergente para tratamento e prevenção de doenças que levando a variabilidade individual de genes, ambiente e estilo de vida para cada pessoa. Esta definição foi elaborada pela Precision Medicine Initiative.

Com a nova abordagem, e o advento da medicina de precisão, permitirá que médicos e pesquisadores consigam com maior precisão, as previsões nas quais estratégias de tratamento e prevenção para uma determinada doença. Assim como será o funcionamento e em quais grupos populacionais. 

Difere-se do tratamento convencional, em que consideram que as principais estratégias de tratamento e prevenção da doença serão desenvolvidas para a pessoa média, com menos consideração pelas diferenças entre os indivíduos. A medicina como é feita atualmente, leva em consideração os erros e acertos, além de não levar em consideração as individualizações.

Apesar de a iniciativa da medicina de precisão é relativamente nova, o conceito de medicina centrada no indivíduo já era aplicado a medicina de diversas formas. O melhor exemplo de como se aplica a medicina de precisão no atual contexto de saúde pública é a própria transfusão sanguínea e os transplantes de órgãos. Prevendo reações adversas, sempre se compatibiliza os doadores e receptores. 

Infelizmente, apesar das inovações, a utilização da medicina de precisão ainda é limitado, e muitas vezes intangível em diversas situações em saúde. Na minha prática como médico geneticista, tento sempre inovar no que há de melhor e mais tecnológico no cuidar da saúde, e na prevenção de doenças genética. 

Saúde da mulher autoestima recuperar autoestima preventivo papanicolau

Cuidados com a mulher: a saúde e a autoestima

By | Reprodução Humana | No Comments

Em comemoração ao dia internacional da mulher, hoje, dia 08 de março, irei falar sobre os cuidados gerais que qualquer mulher deve ter consigo mesma. Inicialmente os cuidados com a pele, com uso de protetor solar, além dos cuidados específicos da mulher.

Anualmente, toda mulher deve realizar o exame preventivo, ou também conhecido Papanicolau. Neste exame é utilizado o espéculo, também conhecido como bico de pato, para poder se examinar toda a extensão da vagina. É colhido o material do colo uterino para avaliação de doenças sexualmente transmissíveis e a infecção pelo vírus papiloma humano (HPV).

O HPV é um vírus assintomático em homens, e é uma das principais DST’s. Pode levar ao câncer de colo uterino e ao câncer de pênis (em homens). Com o exame preventivo é possível diagnósticar precocemente e iniciar o quanto antes o tratamento do HPV.

Além do papanicolau, é importante a realização do exame das mamas. A principal prevenção do câncer de mama é o auto-exame das mamas. A consulta com o ginecologista também é importante. Nela é examinada também as mamas e posteriormente solicitado exames complementares.

Nos exames complementares, a partir dos 25 anos é realizada a ultrassonografia das mamas, e após os 40 anos a mamografia. Vale ressaltar que há muita confusão entre nódulos e tumor de mamas. Em geral nódulos são benignos, e não requerem tantos cuidados.

Além desses exames, é sempre bom deixar as sorologias em dia. No cuidado que toda mulher tem que ter, sempre se é avaliado presença de outras DST’s, como HIV, hepatites virais e sífilis. Em casos sintomáticos também é avaliado a clamídia e a gonorreia.

Estar bem com a saúde é sinónimo de qualidade de vida. E nesta também não podemos esquecer a questão da autoestima. Entende-se como autoestima o quanto a pessoa gosta de si mesma. Hoje com o culto a beleza, cada vez mais as mulheres vem perdendo sua autoestima.

A construção da autoestima é um desafio que você tem como aliado os profissionais de saúde. Eles estão trabalhando para lhe auxiliar. Deve-se ter em mente que saúde não é ausência de doença e sim um bem estar físico, mental e social.

Na minha prática médica, reforço sempre à questão da autoestima da mulher, principalmente falando-se em cuidados com as perdas gestacionais e infertilidade conjugal. Recuperar a autoestima da mulher é um dos principais focos para o cuidado.

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O que é um cromossomo?

By | Genética Médica e Genômica | No Comments

Na genética médica, um termo muito comum é o cromossomo. Na explicação sobre o cariótipo, sempre chega na informação do que seria um cromossomo. De forma muito simples, todo corpo é formado por células. Célula é como se fosse um tijolo, e as pessoas como um grande prédio. No núcleo da célula estão o nosso material genético, ou o nosso DNA. O DNA é uma fita, muito fina, que ao ser enrolada, se compacta em uma estrutura denominada cromossomo.

Dessa forma, no núcleo de cada célula humana, a molécula de DNA é guardada e empacotada em uma estrutura de um cromossomo. Cada cromossomo é composto de DNA que está milhares de vezes enrolado em si mesmo, em torno de uma outra estrutura, denominada histonas.

Os cromossomos só são vistos durante a divisão celular, mais especificamente na fase de metáfase. Quando a célula não está se dividindo, os cromossomos não são visíveis no núcleo da célula, mesmo utilizando microscópios óticos de última geração.

Durante a divisão celular, para proteger o nosso DNA, o nosso corpo faz com que este se enrole mais ainda. O DNA torna-se mais compactado durante a divisão celular, e a partir daí pode ser visto em um microscópio. O cariótipo com banda G, ou cariótipo convencional é observado durante uma pausa da divisão celular. Muito do que se sabe sobre os cromossomos é realizado a partir da visualização das metáfases na divisão celular.

Cada cromossomo é composto por diversas partes. O ponto central do cromossomo, como se fosse um cinto de constrição, é chamado centrômero. O centrômero divide o cromossomo em duas partes, ou “braços”. O braço curto do cromossomo é rotulado como “braço p”, do francês, petit ou pequeno.

Já o outro braço do cromossomo é denominado de como “braço q”, por ser a letra depois do “p”. A localização do centrômero em cada cromossomo dá ao cromossomo sua forma característica e pode ser usada para ajudar a descrever a localização de genes específicos. A espécie humana tem um total de 23 pares de cromossomos, sendo 22 cromossomos autossomos e um par de cromossomos sexuais.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para solicitação de exames de genética, bem como a realização do aconselhamento genético.

mutação do fator V de Leiden trombofilia hereditária

Mutação do fator V de Leiden: a trombofilia hereditária mais comum

By | Perdas gestacionais | No Comments

A mutação do fator V de Leiden, G1691A, é uma condição geneticamente determinada, considerada uma condição hereditário que altera a coagulação do sangue. A mutação do Fator V de Leiden (G1691A) é o nome de uma mutação genética específica que resulta em trombofilia. Nesta ocorre uma tendência maior que a população geral de formar coágulos sanguíneos anormais que podem bloquear os vasos sanguíneos.

A trombofilia é a predisposição a formar coágulos de sangue que podem entupir os vasos sanguíneos. As veias devem correr sangue, que é um liquido, como se fosse um cano de agua. As trombofilias são divididas entre trombofilias adquiridas (ver link) e hereditárias. Dentre as trombofilias hereditárias, a mutação G1691A do gene do fator V é uma das mais importantes.

Pessoas com a mutação G1691A do fator V apresentam um risco maior que a população de desenvolver um tipo de coágulo sanguíneo chamado trombose venosa profunda. A trombose venosa profunda ocorrem frequentemente nas pernas, embora também possam ocorrer em outras partes do corpo, incluindo o cérebro, os olhos, o fígado e os rins.

A presença da mutação do fator V de Leiden também aumenta o risco de que os coágulos (trombos) se soltem do local original e percorram a corrente sanguínea. Caso os coágulos se aloquem nos pulmões, são conhecidos como tromboembolismo pulmonar (TEP).

Embora a presença da mutação do fator V de Leiden aumente o risco de formação de coágulos sanguíneos, apenas cerca de 10% dos indivíduos com a mutação do fator V de Leiden desenvolvem coágulos anormais.

A presença da mutação do fator V de Leiden pode estar associada a um risco ligeiramente aumentado de perda gestacional (aborto espontâneo), em especial a perdas a partir de 10 semanas. Com a formação de trombose placentária, semelhante ao que ocorre na síndrome do anticorpo antifosfolípide.

A presença da mutação do fator V de Leiden é a forma mais comum de trombofilia hereditária. Cerca de 3 a 8% de pessoas com ancestralidade europeia são heterozigotas. Fazendo com que as pessoas com mutação do fator V de Leiden em forma homozigota seja relativamente frequente, e cerca de 1 em 5.000 pessoas. A mutação é menos comum em outras populações.

Outros fatores também contribuem para aumentar o risco de desenvolver coágulos sanguíneos em pessoas com mutação do fator V de Leiden. Fatores incluem: aumento da idade, obesidade, lesão, cirurgia de grande porte, tabagismo, gravidez e uso de contraceptivos orais  ou terapia de reposição hormonal.

Quanto a chance de ocorrência de uma trombose venosa profunda, considerando que cerca de 1 em cada 1.000 pessoas por ano na população apresentará um coágulo sanguíneo anormal. A presença de mutação do fator V de Leiden em heterozigose aumenta esse risco para 3 a 8 em 1.000, e ter a forma homozigota da mutação pode aumentar o risco chega a 80 em 1.000.

Vale ressaltar que a pesquisa da mutação do fator V de Leiden é um exame restrito, e deve seguir indicações bem estabelecidas além de ser solicitado por um médico geneticista para que seja realizada o aconselhamento genético.

Síndrome do X-frágil autismo em meninos atraso de linguagem pesquisa X-frágil por PCR X fragil

Síndrome do X-frágil: frequente causa de autismo em meninos

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A síndrome do X-frágil é uma condição genética que causa uma série de problemas de desenvolvimento, incluindo dificuldades de aprendizagem e comprometimento cognitivo. É a principal causa de deficiência intelectual e autismo em meninos. Faz parte de um grupo maior de condições denominadas de deficiência intelectual ligada ao cromossomo X.

Os meninos com síndrome do X-frágil apresentam atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, com predomínio de linguagem. Até os dois, três anos de idade já se observa a principal característica da síndrome do X-frágil em meninos.

Quando maiores, adolescentes e homens com síndrome do X-frágil apresentam deficiência intelectual moderada. Meninos com síndrome do X-frágil podem apresentar comportamento hiperativo, com presença de agitação psicomotora e ações impulsivas.

Além da deficiência intelectual, alguns meninos podem apresentar déficit de atenção e hiperatividade. Isto prejudica ainda mais a capacidade cognitiva visto que atrapalha a manutenção de manter e concentrar-se em uma determinada tarefa ou ação.

Além da deficiência intelectual, muitos indivíduos apresentam características do transtorno do espectro autista. Afetando ainda a comunicação e a interação social. Também podem estar presente as convulsões, que ocorrem em cerca de 1/6 dos meninos afetados.

Sempre gosto de mencionar que a palavra síndrome quer dizer “coisas que vem junto”. Na síndrome do X-frágil, a maioria dos homens apresentam características físicas típicas que se tornam mais evidentes com a idade.

Os chamados dismorfirmos característicos da síndrome do X-frágil são: um rosto longo e estreito, orelhas grandes, maxila e frontal (testa) proeminentes, dedos inusitadamente flexíveis, pés chatos. O aumento do tamanho dos testículos (macroorquidismo) após a puberdade é um sinal que sempre se observa.

A causa da síndrome do X-frágil é alteração no gene FMR1, localizado no cromossomo X. Vale ressaltar homem apresenta no seu cariótipo, um cromossomo X e um Y; enquanto uma mulher apresenta dois cromossomos X.

O exame genético a ser solicitado é Pesquisa de X-frágil por PCR (TUSS: 40.31.42.35) ou o Southern Blot do gene FMR1.

As alterações do gene FMR1 compreendem três condições:

  1. Síndrome do X-frágil; na ocasião da mutação completa do FMR1 em meninos;
  2. Falência ovariana precoce relacionada a pré-mutação do X-frágil; pré-mutação do gene FMR1 em mulheres;
  3. Síndrome do tremor e ataxia ligada ao FMR1; pré-mutação do gene FMR1 em homens

Vale ressaltar que o ideal é buscar um médico geneticista para realização deste diagnóstico, visto que o exame para identificar a síndrome do X-frágil é de uso restrito, e possui indicações sem estabelecidas.

Síndrome de Angelman Síndrome da marionete feliz alteração no gene UBE3A

Síndrome de Angelman: conheça a síndrome da marionete feliz

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A síndrome de Angelman ou síndrome da marionete feliz é uma condição genética complexa, que afeta o sistema nervoso central. Apresenta-se com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência intelectual, comprometimento grave da linguagem, alteração de movimento e equilíbrio (ataxia).

As crianças afetadas com síndrome de Angelman podem apresentar convulsões (epilepsia), microcefalia (tamanho diminuído da cabeça). As alterações de desenvolvimento são percebidas quando a criança demora para sentar, andar e principalmente andar.

As crianças com síndrome de Angelman apresentam-se com comportamento feliz e excitável. Apresentam-se com risos imotivados e batidas de mãos. Por isto somado a alteração do andar, a síndrome de Angelman também é conhecida como síndrome da marionete feliz.

Também é frequente hiperatividade e fascínio pela água. As crianças afetadas apresentam distúrbio do sono. A alteração do sono pode se apresentar com dificuldade para dormir ou até mesmo sono reduzido.

Com o passar dos anos, as pessoas com síndrome de Angelman apresentam-se com diminuição da excitabilidade e melhora dos quadros de alteração de sono. Na idade adulta, a deficiência intelectual é o maior comprometimento das atividades de vida diária, além dos quadros convulsivos. A escoliose pode ser vista a partir da adolescência.

A síndrome de Angelman é causada por alteração no gene UBE3A. Pessoas com síndrome de Angelman apresentam-se com alteração nesse gene, por mecanismos de alteração na leitura do gene, deleção ou até mesmo o que se chama de dissomia uniparental. A região do gene UBE3A é no cromossomo 15q11-13, mesma região também responsável pela síndrome de Prader-Willi.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como a indicação correta dos exames complementares, para assim poder chegar ao diagnóstico, bem como elucidação das dúvidas, possíveis tratamentos e o risco de recorrência no futuro filho do casal.

Créditos da imagem: Janson George; The Angelman Syndrome foundation Walk, San Diego, California, EUA (19/05/2019). Shutterstock.com

Baixa reserva ovariana é quando ocorre a diminuição de óvulos medidos por exames complementares, serve como preditor de tecnologia de reprodução assistida cio número de óvulos

Baixa reserva ovariana: quando cai o número de óvulos de uma mulher

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Quando se fala em reserva ovariana, ou melhor, o quanto de óvulos uma mulher tem, devemos ter em mente alguns conceitos. Inicialmente, diferentemente do que ocorre no homem, em que é produzido espermatozoides todos os dias. Os óvulos de uma mulher são os mesmos do dia que nasceu.

Normalmente uma mulher nasce com um número finito de óvulos, que a partir da primeira menstruação (menarca), todos os meses sai dos ovários um óvulo para este ser fecundado durante período fértil. O ciclo menstrual é composto de 28-30 dias, em média, e inicia-se no primeiro dia da última menstruação (DUM).

Para avaliação da reserva ovariana, sempre é solicitado três exames. O primeiro deles são os hormônios que normalmente se é solicitado por qualquer ginecologista. O ideal é ser coletado no terceiro ou quarto dia do ciclo, fase que é chamada fase folicular precoce, este melhor prediz como está ocorrendo o funcionamento dos ovários.

Além desse exame é importante solicitar o hormônio anti-mülleriano, um exame que entrou na rotina por meados de 2012, que de forma muito fidedigna consegue predizer a reserva ovariana. Não há data ideal para colher, é um exame simples de sangue, e que traz muitas respostas. Nas mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP), este valor pode estar muito aumentado.

Ainda durante a avaliação da reserva ovariana, é solicitado uma ultrassonografia transvaginal, a ser realizado por volta do 14-21 dia do ciclo, em que é realizada a contagem dos folículos antrais (CFA). Esta medida é mais um marcador para predizer a reserva ovariana. Infelizmente esta ultrassonografia transvaginal é realizada apenas em centros de reprodução assistida.

A reserva ovariana serve para melhor guiar na escolha dos medicamentos a serem utilizados na reprodução assistida. Quando ocorre a baixa reserva ovariana, deve-se realizar a investigação, incluindo a realização do exame do cariótipo. A idade da mulher é o principal fator para reserva ovariana. A reserva ovariana também auxilia durante o congelamento dos óvulos.

O ideal é sempre buscar um médico geneticista para realizar a investigação correta da baixa reserva ovariana, bem como verificar quais as melhores possibilidades para realizar o sonho de ser mãe.

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