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Caio Graco Bruzaca

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Síndrome de Moebius: alteração facial

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A síndrome de Moebius é uma doença rara neurológica que afetam toda a musculatura da face. A musculatura da face está relacionada a expressão facial e movimentação do olhos. Ao nascimento, já é possível observar alterações faciais típicas, com a hipomimia facial.

As características mais comuns da síndrome de Moebius é a fraqueza ou paralisia dos músculos faciais. As pessoas com síndrome de moebius apresentam-se dificuldade em apresentar expressões faciais. Elas não conseguem sorrir, franzir a testa ou levantar a sobrancelha, muitas vezes apenas de um dos lados do rosto. A fraqueza muscular pode levar a dificuldade alimentar, com aparecimento no início da infância.

As pessoas com síndrome de Moebius podem apresentar micrognatia (queixo pequeno) e microstomia (boca pequena), com encurtamento da lingua ou de formado diferente do habitual. Podem apresentar ainda alterações palatinas, com fenda palatina. O conjunto de alterações orais podem levar a dificuldade na articulação da fala. Também é comum a presença de alterações nos dentes.

Os musculos que controlam os olhos também são afetados. Com isto é frequente presença de estrabismo, além de dificuldade de movimentação dos olhos. A pálpebra pode não fechar completamente, e por isto muitas pessoas com síndrome de Moebius podem apresentar olhos secos ou irritados. Podem ainda apresentar alterações em outros órgãos, como hipotonia, alterações em membros associada a síndrome de Poland.

Menos comum, algumas crianças com síndrome de Poland podem apresentar atraso do desenvolvimento, com demora em conseguir aprender a sentar e a andar. Assim como já foi descrita também associação com transtorno do espectro autista (TEA) e deficiência intelectual. Mas a maioria dos pacientes com síndrome de Moebius não apresentam nenhuma alteração intelectual ou autismo.

Quando eu era residente de genética médica, no XVII Congresso Brasileiro de Genética Médica que ocorreu em Ribeirão Preto (SP) no ano de 2015, apresentei um relato de caso com um paciente com síndrome de Moebius, na ocasião, apresentei uma revisão de literatura, com um caso típico desta condição, bem como com os possíveis manejos clínicos.

O ideal, sempre frente a um caso com síndrome de Moebius, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

A genética da cor dos cabelos

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Toda aula de biologia, algum professor teve que responder a seguinte pergunta: qual a influência da genética na cor dos cabelos? A quantidade do pigmento chamado melanina resulta na cor dos fios de cabelos, semelhante ao que ocorre com a cor dos olhos.

A melanina é divida em dois tipos, a eumelanina e a feomelanina. A quantidade de cada uma desses pigmentos faz com que o indivíduo tenha uma determinada cor de cabelo. A cor do cabelo varia, desde loiro, castanho a ruivo. Nesses últimos, a presença forte de feomelanina que torna o cabelo avermelhado.

A herança genética e os genes envolvidos na determinação da cor dos cabelos pouco se sabe, tendo um padrão complexo, ou seja, há interação entre a genética do indivíduo e o meio ambiente. Com o tempo, a cor dos cabelos pode variar.

A partir do envelhecimento da pessoa, a cor dos cabelos pode escurecer, como em muitas pessoas com descendência europeia. Apesar de terem cabelos loiros durante a infância, muitos adolescentes apresentam cabelos com pigmentação mais escuras.

Acredita-se que as proteínas relacionadas ao pigmento do cabelo poderiam ser ativadas com as alterações hormonais durante a puberdade. Assim como a questão dos cabelos grisalhos, que ocorrem a partir do envelhecimento do indivíduo.

Nos cabelos grisalhos, os fios de cabelos perdem sua capacidade de produção de melanina, e por isto, tornam-se esbranquiçados. Não se sabe exatamente como isto ocorre, mas varia de acordo com as origens étnicas.

De qualquer forma, apenas utilizando as características de um casal, não é possível prever quais seriam as possíveis cores de cabelo de um futuro filho do casal, assim como não há testes genéticos específicos para estes fins.

Créditos da imagem: Autorização de modelo arquivada com a Shutterstock, Inc.

Medicamentos órfãos: o tratamento das doenças raras

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Durante anos, no estudo da genética médica, pouco se fala em tratamento medicamentoso. Normalmente tratam-se sintomas, como: agitação e agressividade no transtorno do espectro autista; ou epilepsia em casos concomitantes com deficiência intelectual. Existem remédios específicos para algumas doenças raras.

Os medicamentos órfãos são remédios ou drogas únicas que tratam doenças raras específicas. Em geral, pela pouca quantidade de pessoas que poderiam se beneficiar com estes remédios, a indústria farmacêutica muitas vezes negligencia estes medicamentos.

Para se descobrir um remédio ou uma molécula até sua disponibilização para comercialização demora anos. Em média são dez anos entre ensaios clínicos, altíssimo custo e a incerteza em se o remédio tem alguma eficácia. Em geral, a indústria farmacêutica não consegue recuperar o investimento.

Pelo altíssimo custo, no Brasil, existem alguns medicamentos órfãos disponíveis comercialmente, mas normalmente o Sistema Único de Saúde (SUS) custeia por meio de ações judiciais. Vale ressaltar que cada remédio tem uma indicação específica, e nem sempre o remédio indicado para uma pessoa serve para outra, apesar de ambas terem a mesma doença rara.

O Orphanet é uma base de dados que contem informações sobre as principais medicamentos órfãos, bem como informações sobre doenças raras.

Antes do início de qualquer terapia para doenças raras, é imprescindível a consulta com médico geneticista, bem como o diagnóstico correto e a realização do aconselhamento genético.

Quais os tipos de prevenção na saúde pública: prevenção primária prevenção secundária prevenção terciaria prevenção quaternária prevenção de doenças

Quais os tipos de prevenção na saúde pública?

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Todos os dias, quando falamos em prevenção de doenças, vem aquela dúvida: como posso me prevenir. A prevenção de doenças é feita a partir de quatro tipos, cada uma em uma fase da história natural da doença. Todos os exemplos de prevenção serão feitas a partir da genética médica.

Prevenção primária

Ocorre quando a pessoa ainda não tem nenhuma doença. A prevenção primária seria medidas gerais para o não aparecimento da doença. O melhor exemplo é a mudança de hábitos de vida e uso de ácido fólico antes da gestação.

Pode não parecer, mas mudança de hábitos de vida, com mudança de alimentação e atividade física, assim como parar de fumar podem levar a melhores resultados em reprodução humana. Desde melhores desfechos de fertilização in vitro (FIV), de melhora na infertilidade masculina e na síndrome dos ovários policísticos.

O uso de ácido fólico antes de iniciar a gestação está intimamente ligado a menor chance de ocorrência de defeito de fechamento do tubo neural, como anencefalia e espinha bífida. A abstinência de álcool durante a gestação previne em todos os casos a síndrome fetal alcoólica.

Prevenção secundária

Ocorre quando o objetivo é identificar precocemente alguma doença. A prevenção secundária seria medidas de rastreamento. Os melhores exemplos são o auto-exame das mamas no câncer de mama, o teste genético pré-natal não invasivo (NIPT), a ultrassonografia obstétrica.

Apesar de falarmos muito de auto-exame das mamas, fazê-lo todos os dias não faz com que o câncer não apareça, e sim identificar precocemente o câncer. Assim como o NIPT, identifica precocemente, a partir da nona semana de gestação, se há risco de aneuploidia, em especial a síndrome de Down.

Prevenção terciária

Ocorre quando o objetivo é a reabilitação para que mais doenças ocorram. São medidas que visam melhorar a qualidade de vida de alguém que já tem a doença. O melhor exemplo é a estimulação com fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia na deficiência intelectual.

Prevenção quaternária

Pensando em não piorar o quadro clínico, são medidas que visam evitar iatrogenias. Entende-se iatrogenia como o ato médico que poderia causar algum dano ou mal ao indivíduo. Seria passar um remédio conhecidamente que causa mal ao bebê, por exemplo a talidomida ou a varfarina durante a gravidez.

Este no cuidado em saúde, é a principal prevenção quando se trata de indivíduos que estão sobre cuidados médicos. Vale lembrar os princípios da bioética: a não maleficência. Não podemos causar nenhum mal ao indivíduo. Todo teste genético tem suas limitações e seus riscos.

Estudo do material do aborto cariótipo de restos ovulares cariótipo produto do concepto cariótipo do material do aborto espontâneo perda gestacional precoce

Estudo do material do aborto: por que devo pesquisar o cariótipo dos restos ovulares?

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Quando falamos em perdas gestacionais precoces, em especial com menos de doze semanas e a gestação anembrionada, é frequente a pergunta: você fez algum estudo do material do aborto?

A maioria das causas de perdas gestacionais são idiopáticas, ou seja, não conseguimos estabelecer mesmo solicitando todos os exames. São solicitados exames complementares para avaliar alteração cromossômica dos pais, trombofilias adquiridas e hereditárias (proteína S, proteína C, protrombina e fator V de Leiden) e alterações de tireoide.

No momento da perda gestacional, ocorre a perda de sangue, semelhante a menstruação, só que com maior quantidade, muitas vezes associadas a dor física e luto. O material do concepto pode ser avaliado por diversas metodologias.

A mais comum é utilizando anatomopatológico. A biopsia apenas consegue dizer se é mola hidatiforme ou não. Dificilmente é conclusivo, e dá pistas da verdadeira causa da perda gestacional. É o exame mais solicitado do material do aborto. O estudo genético do material do aborto poderia auxiliar o diagnóstico da causa da perda gestacional.

Do ponto de vista genético, o exame mais comum, que inclusive possui cobertura na saúde suplementar é o cariótipo de restos ovulares. O cariótipo de restos ovulares é feito semelhante ao cariótipo de sangue, entretanto deve-se ter muitos cuidados no seu armazenamento e no transporte do laboratório.

A maior limitação do cariótipo de restos ovulares é inerente a própria técnica. Necessita de crescimento celular, e frequentemente possui o laudo “não houve crescimento”. Outra limitação é o resultado “feminino normal”, em que não tem como distinguir se há material fetal ou da mãe.

A utilização de biologia molecular para o estudo dos restos ovulares é a tecnologia mais bem indicada. Mesmo com o material do aborto colhido em casa, pode ser colocado num pote estéril com soro fisiológico e encaminhado ao laboratório. Entretanto, a maioria das mulheres não tem nenhuma orientação quanto a isto.

Como é extraído DNA do material encaminhado, não há o problema do não crescimento celular. Assim como se houver o laudo “feminino normal”, pode-se comparar os resultados com o DNA materno, e averiguar se o material estudado tem ou não material fetal. Mesmo assim, em cerca de 20% dos casos não há material fetal, mesmo com a realização da curetagem. Como qualquer teste genético, há suas limitações.

Dessa forma, antes da solicitação de quaisquer teste genético, bem como a sua interpretação, é necessário a avaliação com médico geneticista para que seja solicitado o exame correto a cada caso.

Quais os tipos de prevenção na saúde pública: prevenção primária prevenção secundária prevenção terciaria prevenção quaternária prevenção de doenças

Quais são os princípios da bioética?

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A bioética é tudo aquilo rege as regras éticas relativas a saúde. Quando realizo o aconselhamento genético, sempre obedeço aos quatro princípios da bioética. Bem como durante uma avaliação genético-clínica e a solicitação de testes genéticos, devo seguir estes princípios, visando uma boa prática médica e o bem estar dos meus pacientes.

Beneficência

O primeiro princípio da bioética é a beneficência. Ou seja, o ato que irá se suceder tem que fazer o bem. Por exemplo: quando eu solicito um teste genético, este deve fazer algum bem ao indivíduo. Quando se solicita, por exemplo, um painel de câncer hereditário para câncer de mama, por exemplo, o “bem” a ser proposto seria a prevenção antes do acontecimento do câncer. Assim como se inicia um tratamento para quem tem trombofilia na gestação visando prevenir uma trombose venosa.

Não Maleficência

O segundo princípio da bioética é a não maleficência. Ou seja, o ato que irá se suceder não pode causar um mal. O melhor exemplo são os testes preditivos em doenças neurológicas, como na doença de Huntington. Saber esta informação precocemente, sendo que não há nenhum meio de retardar o aparecimento de uma doença neurológica, pode fazer mal ao indivíduo, e inclusive levar ao suicídio. Aqui entra a prevenção quaternária e a prevenção de iatrogenia.

Autonomia do sujeito

O terceiro princípio da bioética é a autonomia do sujeito. Ou seja, a pessoa tem a sua autonomia sobre si ou sobre o ato que irá se suceder. A pessoa mais do que tudo tem que querer fazer um procedimento. Aqui está as questões delicadas de realização de testes invasivos na gravidez, a escolha de ter ou não filhos, a escolha se quer saber dos achados incidentais nos testes genéticos.

Justiça e Equidade

O quarto princípio da bioética é a justiça e equidade. Ou seja, deve ser justo nas decisões em saúde assim como ser imparcial em questões sociais e religiosas. Seria a obrigação ética em tratar o indivíduo de forma adequada e correta individualizando cada caso.

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Feto incompatível com a vida: um outro olhar sobre o cuidado

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Durante o pré-natal, o principal objetivo das ultrassonografias são monitorar o crescimento saudável do bebê, bem como observar se há alguma alteração na formação do bebê. Procurando malformações fetais, as ultrassonografias são realizadas com muito zelo e cuidado a fim de observar, por menores que sejam, as alterações.

Existe quadros sindrômicos que se observa com múltiplas malformações, incluindo-se: malformação cardíaca; parede abdominal em especial a onfalocele; malformação de sistema nervoso central, como a hidrocefalia. Como o próprio nome diz, síndrome significa coisa que vem junto, e algumas síndromes, dentre elas a trissomias, são muito observadas durante as ultrassonografias.

Infelizmente, existem muitas síndromes e doenças genéticas que são tidas com o feto incompatível com a vida. Ninguém quer ouvir que seu bebê, tão sonhado, apresenta uma condição incompatível com a vida. Quando observado ossos longos encurtados, e por exemplo, caixa torácica estreita, pode-se estar frente a displasia tanatofórica ou a forma letal da acondroplasia.

Existem condições, como a síndrome de Edwards e a síndrome de Patau em que, apesar de haverem casos vivos com 10-20 anos, há uma tendência a serem ditas como incompatíveis com a vida. Eu mesmo tenho dois casos de síndrome de Edwards e um com síndrome de Patau com três anos, dezoito anos e quatro anos respectivamente. O maior agravante para letalidade desses casos seria a cardiopatia congênita.  Assim como, há outras condições como a displasia renal na sequência de Potter; e outros quadros mal formativos muito graves.

Quanto a tomada de decisão sobre uma gestação, é sempre realizada respeitando-se a autonomia da paciente ou do casal. Observa-se a necessidade de ao nascimento da criança, uma maternidade com unidade de terapia intensiva neonatal (UTI-neo), além de todo o suporte e cuidado da equipe para com a mãe e com o bebê, com preferência por parto cesáreo. Estas orientações são feitas durante o pré-natal.

A principal dúvida quanto as melhores decisões a serem tomadas seria relativa a interrupção da gravidez. No Brasil, só há três opções de aborto legal: violência sexual, risco materno e anencefalia. Existem serviços públicos especializados. As malformações fetais abrem um leque para uma nova possibilidade, o aborto terapêutico. Em geral, com necessidade e de realização de ação judicial.

A ação judicial leva em consideração diversos fatores, em especial a gravidade e a letalidade da condição. Normalmente necessita-se, assim como a anencefalia, a avaliação dor dois médicos, bem como um relatório médico detalhado de um médico geneticista. Apesar do ponto de vista legal, já houve casos em que a interrupção foi negada, e a gestação ser levada até o final.

Sempre frente a um caso de malformação fetal grave, é necessário um acompanhamento multidisciplinar, na medicina fetal, médico geneticista e o suporte psicológico e da assistência social, visto a dimensão e as decisões de ter um filho com malformações afeta a vida dos futuros pais.

A genética da cor dos olhos

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Toda aula de biologia, algum professor teve que responder a seguinte pergunta: qual a influência da genética na cor dos olhos? A pigmentação da íris resulta na cor dos olhos de uma pessoa. A íris é a estrutura que circunda a pupila (a parte preta do olho).

A variação das cores da íris varia num espectro de azul bem claro a marrom bem escuro ou como chamamos popularmente o castanho escuro. Nesse espectro, a cor dos olhos pode ser azul, verde, avelã, transparente/avermelhado e castanho. A cor dos olhos castanhas são as mais comuns, em especial no Brasil. As cores azuis e verdes são mais comuns em pessoas com ascendência europeia.

A herança genética da cor dos olhos tem como fundo condições complexas, em que há uma interação entre a genética do indivíduo e o meio ambiente.  A pigmentação dos olhos está relacionada a quantidade de melanina. A melanina tem como função pigmentação dos olhos, pele e cabelos. Em pessoas com ascendência europeia há pouca quantidade de melanina, o que resulta na coloração mais clara dos olhos.

Durante muito tempo, pensava-se que a cor dos olhos possuía padrão de herança simples e seria determinada por um único gene. Entretanto, observou-se que casais de olhos claros poderiam ter filhos de olhos escuros. Fazendo com que a herança genética da cor dos olhos seja mais complexa do que se imaginaria.

De qualquer forma, apenas utilizando as características de um casal, não é possível prever quais seriam as possíveis cores dos olhos de um futuro filho do casal, assim como não há testes genéticos específicos para estes fins.

Créditos da imagem: Autorização de modelo arquivada com a Shutterstock, Inc.

o que é o câncer? Porque esta doença é tão devastadora? Porque aconteceu isso comigo? câncer espalhando metástase câncer é curável diagnóstico de câncer

O que é o câncer?

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Quando nos é falado sobre câncer, a primeira dúvida é o que é o câncer? Porque esta doença é tão devastadora? Porque aconteceu isso comigo? Antes de conseguir responder estas perguntas, devo sempre começar falando como o câncer se forma.

Apesar de chamarmos de câncer, há pelo menos mais de 100 doenças diferentes, que genericamente são chamados de câncer. Para o câncer se formar, inicialmente inicia-se a partir de uma mutação genética de uma célula. Esta célula a partir daí começa a se dividir e forma-se o tumor.

O tumor é muito “inteligente”, e cria um sistema de vasos sanguíneos para suprir de oxigênio e de glicose. A glicose é a principal fonte de energia da célula, e também a mais fácil de se quebrar, por isso, sua preferência, frente às proteínas e aos lipídeos.

Com a formação do tumor, este tem seu crescimento devagar e silencioso. É tão silencioso, que não causa sinais e sintomas no indivíduo. Uma vez que inicia-se os sintomas, o câncer já está avançado. Ele tem uma habilidade muito importante: conseguir se espalhar ou a metástase. Quando falamos em auto-exame das mamas no câncer de mama ou exame de próstata é tentando identificar precocemente e poder iniciar o tratamento o mais rápido possível.

Nos estágios iniciais do tumor, o tratamento é muito eficaz. O que há alguns anos ter o diagnóstico de câncer era praticamente sentença de morte, hoje o câncer é muito curável, ainda mais quando diagnosticada precocemente.

O ideal é sempre fazer o acompanhamento com seu médico, em especial com ginecologista e mastologista para mulheres e com urologista para homens. Frente a muitos casos de câncer na família, é indicado a consulta com médico geneticista.

Síndrome de Marfan: alteração nos olhos e no coração

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A síndrome de Marfan é uma doença genética associada a alteração no gene da fibrilina, FBN1, que afeta o tecido conjuntivo. A função do tecido conjuntivo é fazer a conexão entre os tecidos, fornecendo força e flexibilidade as estruturas: válvulas cardíacas, músculos, ossos. Assim como as outras doenças genéticas, a síndrome de Marfan apresentam uma variabilidade muito grande de sinais e sintomas.

A síndrome de Marfan apresenta duas principais características: alteração visual e cardíaca. Apresenta ainda alterações em outros órgãos, incluindo o indivíduo ser longilíneo e a presença de alterações ósseas como a escoliose, o peito carenado ou escavado.

A alteração visual característica é a ectopia lentis ou subluxação de cristalino. Na avaliação oftalmológica, é observado que o cristalino está fora da sua posição habitual.

A alteração cardíaca, observa-se a dilatação aórtica. A aorta de forma mais simples, pode ficar com a parece mais enfraquecida, e por isto, fica mais dilatada que o normal. Se não controlado, pode ocorrer um aneurisma ou até mesmo a dissecção da aorta. Ambas situações podem ser fatais.

Além dos problemas do coração mais graves, pode ocorrer ainda prolapso da válvula mitral e refluxo da válvula aórtica. Estas outras cardiopatias podem ocasionar falta de ar, arritmia e palpitações.

O diagnóstico da síndrome de Marfan normalmente ocorre durante a adolescência, mas podem aparecer em qualquer momento entre a infância e a idade adulta. Com o tratamento adequado, muitas pessoas com síndrome de Marfan podem apresentar vida muito próxima do normal.

O ideal, sempre frente a um caso com síndrome de síndrome de Marfan, é necessária a avaliação com médico geneticista para realização do aconselhamento genético, bem como definição do melhor manejo, estimativa de risco e poder oferecer possibilidades de tratamento aos pacientes.

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