O casamento entre parentes ou o casamento consanguíneo é uma queixa frequente na genética médica. Seja casamentos entre primos, ou até mesmo com grau de parentesco menor a consulta com médico geneticista é indispensável.
Uma vez que possuímos um ancestral em comum, seja avós, bisavós ou até mesmo de uma região, é possível que alelos raros de genes se encontrem. Fatores socioculturais e isolados geográficos contribuem consideravelmente para ocorrência de casamento entre parentes.
Do ponto de vista legal, na Lei do Brasil, não há impedimento a casamento entre parentes até primos em primeiro grau. Entende-se primo em primeiro grau quando o pai de um dos cônjuges é tio do outro cônjuge. Graus de parentescos maiores que primos é necessária a avaliação com médico geneticista para o casamento civil ter validade.
Do ponto de vista religioso, as religiões judaico-cristãs não proíbem casamentos entre primos. A própria igreja católica durante séculos fez vista grossa com casamento entre parentes. Religiões orientais como o islamismo não fazem nenhum contragosto, inclusive há muitas populações de povos árabes em que o grau de casamento entre parentes é alto.
No Brasil, há três regiões em que o casamento de primos possuem frequência alta, incluem-se o nordeste, o sul de Minas Gerais e o norte do Paraná. Por conta de questões socioculturais e por muitas vezes estarem localizados em isolados geográficos.
O maior exemplo de isolado geográfico em que ocorre o casar com primo é a Ilha de Lençóis no município de Cururupú, Maranhão. E com a alta taxa de casamento entre parentes, há a maior ocorrência de doenças raras, no caso o albinismo oculocutâneo.
Uma vez que um casal tem um ancestral em comum, ocorre maior probabilidade de ocorrência das doenças autossômicas recessivas, por exemplo a doença da urina de xarope do bordo e as doenças vistas no teste do pezinho.
Durante o aconselhamento genético, é realizado a arvore genealógica do casal, a fim de entender melhor o grau de parentesco. Além disso é avaliado se há outro casamento entre primos, além de avaliar se há casos de crianças que nasceram com algum problema.
A história familiar detalhada e a avaliação de doenças genéticas ou hereditárias são as principais ferramentas que um médico geneticista utiliza durante a avaliação de casais.
Sempre reforço a necessidade de qualquer casal de primos a realização do aconselhamento genético com um médico geneticista a fim da realização de exames complementares e por fim definir os riscos de ocorrência de doenças genéticas nos filhos do casal.