A trombofilia é uma condição que se caracteriza pela tendência do organismo a formar coágulos sanguíneos de maneira anormal. Embora muitas pessoas associem a trombofilia a causas genéticas, existe uma forma não hereditária conhecida como trombofilia adquirida, que pode surgir em qualquer fase da vida e estar relacionada a doenças autoimunes, infecções, cirurgias ou uso de determinados medicamentos. Identificar e tratar essa condição é essencial para prevenir complicações graves, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar e eventos obstétricos adversos.
A trombofilia adquirida mais conhecida e estudada é a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAF), uma doença autoimune em que o corpo produz anticorpos que interferem no processo normal de coagulação do sangue. Esses anticorpos aumentam o risco de formação de coágulos em veias e artérias e podem causar abortos espontâneos recorrentes, especialmente no primeiro trimestre da gestação.
Diferente das formas hereditárias, a trombofilia adquirida não está presente desde o nascimento e pode ser desencadeada por diversos fatores. Infecções virais, como HIV e hepatite C, doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico, o uso de anticoncepcionais hormonais ou terapia de reposição hormonal, cirurgias recentes e até longos períodos de imobilização são exemplos de gatilhos que podem desencadear a formação anormal de coágulos.
O diagnóstico da trombofilia adquirida é feito por meio de exames laboratoriais específicos que detectam a presença dos anticorpos antifosfolípides no sangue. Os testes mais comuns incluem o anticoagulante lúpico, anticardiolipina e anti-beta-2-glicoproteína I. Para confirmar o diagnóstico, os resultados devem ser positivos em duas coletas distintas com intervalo de, no mínimo, 12 semanas — isso ajuda a diferenciar uma condição persistente de uma alteração transitória.
O tratamento da trombofilia adquirida depende da gravidade da condição e do histórico clínico do paciente. Em casos de trombose já estabelecida, o uso de anticoagulantes orais, como varfarina ou rivaroxabana, pode ser necessário por tempo prolongado. Já em pacientes com SAF e histórico de abortos recorrentes, o tratamento durante a gestação pode incluir ácido acetilsalicílico em baixa dose e heparina de baixo peso molecular, medidas que ajudam a prevenir complicações obstétricas graves e aumentam significativamente as chances de uma gestação bem-sucedida.
A importância do diagnóstico precoce da trombofilia adquirida não pode ser subestimada. Muitas vezes, pessoas jovens e aparentemente saudáveis são surpreendidas por eventos trombóticos sem causa aparente. Nesses casos, a investigação adequada pode revelar uma condição adquirida que, se não tratada, representa risco para a vida e qualidade de vida do paciente.
Em resumo, a trombofilia adquirida é uma condição séria, porém tratável, desde que identificada corretamente. A conscientização sobre seus sintomas e fatores de risco é essencial para garantir o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado. Se você já teve episódios de trombose, sofre de doenças autoimunes ou passou por perdas gestacionais inexplicadas, procure orientação médica. A prevenção pode ser o passo mais importante para sua saúde a longo prazo.
Texto escrito pelo Dr. Caio Bruzaca, corrigido e revisado utilizando-se de ferramenta de inteligência artificial.