A perda gestacional de repetição ou o abortamento habitual possui diversas causas, já previamente descritas (ver cariótipo e trombofilia). Dentre as condições de saúde materna, tanto psicológica (ver link) quanto outras não diagnosticadas ou mal controladas podem levar a perda gestacional.
A doença da tireoide não diagnosticada é um desses problemas associados ao aborto espontâneo em alguns estudos, incluindo o hipotireoidismo subclínico. Dado que os sintomas da doença da tireoide/hipotireoidismo são muitas vezes menos óbvios, e muitas vezes imperceptível, muitas mulheres com perda gestacional recorrente se perguntam se podem ter uma condição de tireóide não tratada.
A doença da tireoide é, na verdade, um conjunto de diferentes condições, em vez de uma única entidade. Há diversas informações quanto ao que pode ser um fator de risco em aborto espontâneo.
Diversos estudos em abortamento habitual associam o risco aumentado para perda gestacional em mulheres com altas concentrações séricas de anticorpos tireoidianos (tireoperoxidase ou tireoglobulina), incluindo aqueles que são eutireoidianos.
A autoimunidade tireoidiana também tem sido relacionada à infertilidade sem causa aparente e à falha na implantação em tratamentos de reprodução assistida (ver link).
Doença da tireoide mal controlada (hipo ou hipertiroidismo) está associada à infertilidade e à perda gestacional. Excesso de hormônio tireoidiano aumenta o risco de aborto independente da disfunção metabólica materna, vale ressaltar que valores do TSH (hormônio tireoestimulante) superiores a 2,5 uU/ml no primeiro trimestre aumenta a chance de perda gestacional.
Sempre falo durante o aconselhamento genético que não desejamos uma gravidez a qualquer custo e sim o mais saudável possível, e o controle da tireoide são indispensáveis. O ideal em caso de perda gestacional de repetição é sempre ser avaliado por médico geneticista para tentar explicar a causa e após verificar possibilidades terapêuticas.