Síndrome Genética e Perda Gestacional: Entendendo a Relação e Seus Impactos na Gravidez

A perda gestacional é um problema que pode envolver múltiplas causas, entre as quais as síndromes genéticas ocupam um lugar de destaque. Essas condições, decorrentes de alterações no material genético do embrião ou do feto, são responsáveis por uma parcela significativa dos abortos espontâneos, especialmente nas fases iniciais da gestação.

Síndromes genéticas abrangem um conjunto variado de alterações cromossômicas e mutações genéticas que podem afetar o desenvolvimento embrionário, resultando em inviabilidade fetal. Entre as mais comuns estão as aneuploidias, como a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down), trissomia 13, 18, e as deleções ou duplicações cromossômicas que comprometem funções essenciais para o crescimento e a formação dos órgãos.

A presença dessas síndromes genéticas muitas vezes leva a uma interrupção espontânea da gravidez, principalmente no primeiro trimestre, quando o embrião ainda está em formação e as falhas genéticas dificultam seu desenvolvimento. Estudos indicam que alterações genéticas podem estar relacionadas a mais de 50% das perdas gestacionais precoces.

Além das alterações cromossômicas, mutações em genes específicos também podem desencadear síndromes genéticas que comprometem a gestação. Nestes casos, o diagnóstico pode ser mais complexo, exigindo testes genéticos detalhados e aconselhamento especializado.

O reconhecimento da relação entre síndromes genéticas e perda gestacional é fundamental para orientar o manejo clínico e o acompanhamento de casais que apresentam histórico de abortos recorrentes. O aconselhamento genético torna-se um recurso essencial para entender os riscos, realizar o diagnóstico precoce e planejar futuras gestações com maior segurança.

É importante destacar que nem todas as perdas gestacionais estão relacionadas a síndromes genéticas; contudo, quando há repetição de abortos espontâneos, a investigação genética deve ser priorizada para identificar possíveis causas e oferecer estratégias de prevenção.

Em suma, as síndromes genéticas representam uma causa relevante de perda gestacional, especialmente no primeiro trimestre, e demandam avaliação médica especializada para o diagnóstico e manejo adequado, promovendo o suporte necessário aos casais afetados.

Caio Graco Bruzaca

Author Caio Graco Bruzaca

Médico geneticista pela Unicamp e Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM). Atuo em genética de casais (perda gestacional recorrente, infertilidade, casais de primos), medicina fetal, oncogenética e doenças raras.

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