Cariotipo com Banda G dos Pais e Perda Gestacional: Importância do Diagnóstico Genético na Reprodução

A perda gestacional recorrente representa um desafio clínico que afeta significativamente a saúde reprodutiva de muitos casais. Entre as diversas causas que podem levar ao aborto espontâneo repetido, as alterações cromossômicas parentais ocupam um lugar de destaque. Nesse contexto, o exame do cariótipo com banda G dos pais revela-se uma ferramenta indispensável para a detecção de anomalias estruturais que comprometem a viabilidade embrionária.

O cariótipo, por meio da técnica da banda G, possibilita a análise detalhada dos cromossomos, destacando padrões específicos que permitem identificar rearranjos como translocações, inversões, deleções e duplicações. Embora portadores de alterações equilibradas geralmente não apresentem manifestações clínicas, essas alterações podem influenciar a formação dos gametas e resultar em embriões geneticamente desequilibrados, levando à perda gestacional.

A investigação genética por meio do cariótipo é especialmente recomendada para casais com histórico de abortos espontâneos repetidos, infertilidade sem causa aparente ou filhos com malformações congênitas. A identificação de uma alteração cromossômica permite o encaminhamento para aconselhamento genético, fundamental para a compreensão dos riscos reprodutivos e para a orientação quanto às opções terapêuticas disponíveis.

No âmbito das intervenções reprodutivas, a presença de anomalias cromossômicas nos genitores pode justificar a indicação de técnicas como a fertilização in vitro acompanhada do diagnóstico genético pré-implantacional. Tal abordagem possibilita a seleção de embriões cromossomicamente normais, aumentando a probabilidade de sucesso na gestação e diminuindo o risco de abortos.

Ademais, o acompanhamento obstétrico cuidadoso é essencial para monitorar o desenvolvimento da gravidez e para a prevenção de possíveis complicações decorrentes dessas alterações genéticas.

Em síntese, o exame do cariótipo com banda G dos pais constitui um recurso diagnóstico fundamental na avaliação da perda gestacional recorrente. Sua utilização contribui para o esclarecimento das causas genéticas envolvidas, favorecendo um manejo clínico mais assertivo e personalizado, com vistas à promoção de gestações bem-sucedidas e à redução do impacto emocional e físico das perdas gestacionais.

Caio Graco Bruzaca

Author Caio Graco Bruzaca

Médico geneticista pela Unicamp e Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM). Atuo em genética de casais (perda gestacional recorrente, infertilidade, casais de primos), medicina fetal, oncogenética e doenças raras.

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