A gestação é um momento delicado e exige um equilíbrio preciso de hormônios para o desenvolvimento saudável do bebê. Entre os hormônios fundamentais nesse processo, os produzidos pela glândula tireoide exercem um papel crucial desde as primeiras semanas. O hipotireoidismo, quando não diagnosticado ou tratado adequadamente, pode interferir diretamente na fertilidade e no sucesso gestacional. Estudos mostram que essa disfunção pode estar relacionada a perdas gestacionais recorrentes, principalmente nos estágios iniciais da gravidez.
O hipotireoidismo é uma condição caracterizada pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos (T3 e T4), responsáveis por regular o metabolismo e o funcionamento de diversos órgãos, incluindo o sistema reprodutivo. Nas mulheres em idade fértil, a deficiência desses hormônios pode causar irregularidades menstruais, dificuldade para engravidar e, uma vez gestantes, aumentar o risco de abortos espontâneos, desenvolvimento embrionário comprometido, descolamento placentário e parto prematuro.
Nos primeiros meses de gestação, o embrião depende inteiramente dos hormônios tireoidianos maternos. Quando a mulher apresenta hipotireoidismo não tratado, há risco de falhas no desenvolvimento do sistema nervoso central do feto, além de maior probabilidade de falhas na implantação do embrião e má formação placentária. Mesmo formas subclínicas da doença — quando os sintomas não são evidentes — podem ser suficientes para comprometer a evolução gestacional.
A principal causa de hipotireoidismo nas mulheres em idade reprodutiva é a tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que o próprio organismo ataca a tireoide. Essa condição pode ser silenciosa por anos, sendo frequentemente diagnosticada apenas após repetidas perdas gestacionais ou dificuldades para engravidar. Por isso, é fundamental que mulheres com histórico de aborto espontâneo, infertilidade inexplicada ou antecedentes familiares de doenças autoimunes realizem a dosagem de TSH (hormônio estimulador da tireoide) e anticorpos antitireoidianos como parte da investigação clínica.
O tratamento do hipotireoidismo durante a gestação é simples, eficaz e seguro. A reposição hormonal com levotiroxina deve ser iniciada assim que o diagnóstico é feito, com ajustes frequentes da dose conforme a evolução da gestação. O acompanhamento deve ser rigoroso, com monitoramento dos níveis de TSH e T4 livre ao longo do pré-natal, já que as necessidades hormonais da gestante podem variar.
Além do acompanhamento médico, a conscientização é fundamental. Muitas mulheres desconhecem que alterações hormonais silenciosas podem impactar profundamente sua capacidade reprodutiva. Por isso, exames de função tireoidiana devem ser incluídos na avaliação pré-concepcional e nas primeiras consultas do pré-natal.
Em conclusão, o hipotireoidismo é uma das causas hormonais mais subestimadas de perda gestacional, mas felizmente é de fácil diagnóstico e tratamento. A detecção precoce e o controle adequado dos níveis hormonais permitem que mulheres com hipotireoidismo tenham uma gestação segura e um bebê saudável. Se você já passou por perdas gestacionais, tem dificuldades para engravidar ou apresenta sintomas como cansaço excessivo, ganho de peso inexplicado ou irregularidade menstrual, converse com seu médico. Cuidar da saúde da tireoide é também cuidar do seu futuro reprodutivo.
Texto escrito pelo Dr. Caio Bruzaca, corrigido e revisado utilizando-se de ferramentas de inteligência artificial.